BITOROCARA
Carlos
Said
O
fundador de Bitorocara, o coronel Bernardo de Carvalho e Aguiar (Vila
Pouca de Aguiar, Portugal, 1648 ? – São Bernardo, Maranhão,
1730), é o principal personagem do livrete histórico preparado e
publicado pelo extraordinário Elmar Carvalho (José Elmar de Mélo
Carvalho: Campo Maior, Piauí, 1956). Portanto, significativa
dissertação concernente à colonização do Piauí. Atrasada porque
só foi iniciada na segunda metade do século XVII (do interior para
o litoral). Compensada porque uma legião de destemidos fazendeiros
assentou as bases curraleiras na bacia hidrográfica parnaibana. E
entre os intrépidos desbravadores, Bernardo de Carvalho e Aguiar.
Na
tarefa pioneira do arrojado colonizador, justificamos sua bravura no
conscientizar de que ele desejava a paz entre os gentios. Ao mesmo
tempo, demonstrava o seu apego pelo trabalho honesto e honrado.
Virtudes acreditadas como merecedoras de aprovação pelo governo
português de Lisboa. Sem faltar as avaliações dos prepostos
sediados no Brasil colonial. Ao chefiar a fundação da cidade de São
Bernardo, interior do Maranhão, ganhou o respeito definitivo dos
acompanhantes na incrível jornada colonizadora.
Não
esqueçamos que Elmar Carvalho registrou o nome do importante
historiador padre Cláudio Melo (Campo Maior, Piauí, 1932 –
Teresina, Piauí, 1998) no afã de provar a existência do documento
de 2 de março de 1697, assinado pelo padre Miguel de Carvalho
(esteve no Piauí, em missão da Diocese de Pernambuco, ocasião em
que escreveu o notável livro: Descrição Geral da Capitania do
Piauí), considerando o português Bernardo de Carvalho e Aguiar, já
apelidado de o “Marechal de Campo”, dono de conduta irreparável
na conquista do território piauiense e de outros episódios que
culminaram com a construção da Fazenda Bitorocara (topônimo
interessante, resultante da variação: “Bito”, como leite de
vaca, ajustada à desinência “Rocara”: meter a cara, isto é,
entrar em algum lugar sem hesitação). Daí, acreditarmos em João
Gabriel Baptista (Teresina, Piauí, 1920 – 2010), cidadão probo
que não titubeou na afirmação sobre Bernardo de Carvalho e Aguiar:
“Homem simples, prático e pacífico, quase lendário no vale do
Parnaíba. (…) Cria e perde um império na zona Norte onde se situa
o vale do Longá. Edifica com determinação o feudo da fazenda
Bitorocara e perde quando sente a ingratidão dos poderosos.
Ingratidão que se junta ao fato de que se insurgiu contra a
brutalidade dos que faziam a “Casa da Torre” da Bahia, no trato
com os indígenas. Bernardo de Carvalho não agia dessa forma”.
Havendo
história, arte e fantasia em torno da Fazenda Bitorocara, retornamos
ao autor do livrete que ressalta a figura de Bernardo de Carvalho e
Aguiar. À procura da dolência cativante dos aboios, Elmar Carvalho
articulou marcantes versos que a poeira e o vento jamais conseguiram
apagar as pegadas e as marcas da colonização naquela paisagem do
outrora Santo Antônio do Surubim:
O
vaqueiro e o cavalo
se
fundem e se confundem na desabalada
alada
carreira
quase vôo
campeando
gado pelos campos
de
Campo Maior.
Mas
é na peroração do poeta que encontramos o instante da
protagonização dos “feitos” retumbantes de Bernardo de Carvalho
e Aguiar, também apelidado “O Pacificador”:
Seu
nome honrado
ainda
vibra no ar,
nas
cidades, nos currais
e
nas igrejas que semeou.
Os
dedos longos dos campanários ainda
apontam
as etéreas campinas celestiais.
Da
fazenda Bitorocara,
plantada
nas margens do Surubim,
rebentou
a cidade encantada
dos
planos campos maiores,
dos
carnaubais vastamente dilatados.
Valoroso
na guerra,
amante
e pacífico na paz,
seu
braço guerreiro
curava
e amparava
no
final dos combates.
Por
isto
sua
bondade e justiça
os
índios por justiça respeitavam.
Caro poeta e conterraneo Elmar Carvalho, estive passeando pelo seu blog, e tive a curiosidade de ler um chamado seu a respeito do seu livro " BERNARDO DE CARVALHO " e fui logo atraz do mesmo na Livraria Universitaria para comprar o mesmo, gostei muito principalmente porque fala da historia de nossa CAMPO MAIOR parabens pelo o escrito. Joao Antonio Aragao seu visinho na praça da bandeira.
ResponderExcluirCaro João Antônio,
ResponderExcluirFico satisfeito de que você tenha gostado do livrinho.
O mérito maior foi do padre Cláudio Melo, nosso conterrâneo, que fez suas pesquisas em Lisboa, tendo se embasado nos documentos que fundamentam seu livro.
Quis apenas resgatar a lembrança de um homem digno e ilustre, que estava injustamente esquecido.