quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Mais um ano... Que tempo fugaz!


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          O que é mundano sofre com os efeitos do tempo. O que é espiritual perdura para a eternidade. Mais um ano se recolhe e se esvai em estúpida rapidez.
          O tempo da vida biológica é tão curto que, geralmente, só acordamos para a realidade, depois dos 50. Basta contar os anos perdidos com o repouso – quase metade da vida - com as torturas dos estudos e conquistas profissionais. A vida é efêmera porque é transitória. Gregório de Matos, poeta barroco, traduziu-a assim: “Goza, goza da flor da mocidade/Que o tempo traz a toda ligeireza... / Oh! Não aguardes que a madura idade/Te converta essa flor, essa beleza,/Em terra, em cinzas, em sombra, em nada.” Tempo terreno, inexoravelmente passageiro, transitório, efêmero como as flores. Só pessoas iluminadas sabem aproveitar o tempo de vida de que dispõem.
          A melhor maneira de se aproveitar tão curta vida, tão veloz ano, é viver cada dia como valor inestimável. Um presentão insubstituível do Senhor da vida. Que essa dádiva não se resume somente em corpo sarado, em carro de luxo, em bens materiais, em poder e vaidades. Tudo isto enferruja e não sacia o apetite indomável das ambições. Morre-se, e tudo fica por aqui, disputado pela ambição abutre de outros. A memória dos ricos é efêmera; a dos afortunados do bem eterniza-se. Meu tempo de seminário franciscano me forjou na simplicidade de vida como bem maior. Observo o mundo luxurioso e me dá pena assistir a tanta cegueira de valores mais sublimes.
          Na infância, o tempo passa e não percebemos o transitório. Na adolescência, descobrimos a velocidade do tempo, por volta dos 18 anos: responsabilidade com os estudos, horários, entretenimentos, regularização de documentos, passar em vestibular, profissionalizar-se, casar, constituir família, além da libertação financeira pelo talento, e não pela malandragem. Queremos que o tempo corra, as coisas aconteçam logo. Observamos as celebridades e amigos em ascensão social que nos despertam inveja e não consideramos seus escândalos, condutas torpes e desilusões, e que lhes falte algo mais.
          Só com a educação estruturada na consciência religiosa e convivência familiar sadia conseguimos filhos sem vícios e felizes. Empresários de sucesso amestram, cedo, os filhos no estudo, trabalho, usufruto racional da riqueza. Em Teresina, é notável a experiência de R. Damásio, João Claudino e família Pintos. Outros quebraram pela estupidez da exibição vaidosa e satisfazer os filhos de luxo.
          Fim de ano, novo ano, esperanças mil. Não podemos nos inebriar somente da volúpia efêmera e material. Uma força superior pede-nos que abramos os olhos para o eterno e transcendental. O mundo passa, mas o espiritual permanece. Acordemos enquanto é tempo.   

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