José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
O
que é mundano sofre com os efeitos do tempo. O que é espiritual
perdura para a eternidade. Mais um ano se recolhe e se esvai em
estúpida rapidez.
O
tempo da vida biológica é tão curto que, geralmente, só acordamos
para a realidade, depois dos 50. Basta contar os anos perdidos com o
repouso – quase metade da vida - com as torturas dos estudos e
conquistas profissionais. A vida é efêmera porque é transitória.
Gregório de Matos, poeta barroco, traduziu-a assim: “Goza, goza da
flor da mocidade/Que o tempo traz a toda ligeireza... / Oh! Não
aguardes que a madura idade/Te converta essa flor, essa beleza,/Em
terra, em cinzas, em sombra, em nada.” Tempo terreno,
inexoravelmente passageiro, transitório, efêmero como as flores. Só
pessoas iluminadas sabem aproveitar o tempo de vida de que dispõem.
A
melhor maneira de se aproveitar tão curta vida, tão veloz ano, é
viver cada dia como valor inestimável. Um presentão insubstituível
do Senhor da vida. Que essa dádiva não se resume somente em corpo
sarado, em carro de luxo, em bens materiais, em poder e vaidades.
Tudo isto enferruja e não sacia o apetite indomável das ambições.
Morre-se, e tudo fica por aqui, disputado pela ambição abutre de
outros. A memória dos ricos é efêmera; a dos afortunados do bem
eterniza-se. Meu tempo de seminário franciscano me forjou na
simplicidade de vida como bem maior. Observo o mundo luxurioso e me
dá pena assistir a tanta cegueira de valores mais sublimes.
Na
infância, o tempo passa e não percebemos o transitório. Na
adolescência, descobrimos a velocidade do tempo, por volta dos 18
anos: responsabilidade com os estudos, horários, entretenimentos,
regularização de documentos, passar em vestibular,
profissionalizar-se, casar, constituir família, além da libertação
financeira pelo talento, e não pela malandragem. Queremos que o
tempo corra, as coisas aconteçam logo. Observamos as celebridades e
amigos em ascensão social que nos despertam inveja e não
consideramos seus escândalos, condutas torpes e desilusões, e que
lhes falte algo mais.
Só
com a educação estruturada na consciência religiosa e convivência
familiar sadia conseguimos filhos sem vícios e felizes. Empresários
de sucesso amestram, cedo, os filhos no estudo, trabalho, usufruto
racional da riqueza. Em Teresina, é notável a experiência de R.
Damásio, João Claudino e família Pintos. Outros quebraram pela
estupidez da exibição vaidosa e satisfazer os filhos de luxo.
Fim
de ano, novo ano, esperanças mil. Não podemos nos inebriar somente
da volúpia efêmera e material. Uma força superior pede-nos que
abramos os olhos para o eterno e transcendental. O mundo passa, mas o
espiritual permanece. Acordemos enquanto é tempo.
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