Clodoaldo Freitas |
Memória
Judiciária do Piauí
Valério
Chaves (*)
Muitas
personalidades piauienses, embora tenham se projetado no cenário
nacional, pelo seu valor intelectual e destacada atuação nas
diversas áreas do saber, permanecem na obscuridade, sem oportunidade
de serem conhecidas pelas gerações modernas.
Os mais jovens,
principalmente, desconhecem o que muitas dessas personalidades
realizaram no cenário cultural, na magistratura, na política, nas
letras jurídicas e outros ramos do conhecimento, as vezes lembradas
pelo nome de uma rua ou de uma avenida de Teresina, ou de cidades do
interior do Estado.
Dentre essas figuras algumas honraram os
quadros da magistratura estadual através de sua atuação firme
proferindo decisões que muito dignificaram a vida do Judiciário
Piauiense.
Nós sabemos que a vida dos homens constrói-se
mostrando o tempo e a sua oferenda, tecendo o fio invisível de cada
instante, assentando-se na rotina do trabalho em torno do qual se
edifica o cenário grandioso da vida.
O saudoso desembargador
Cristino Castelo Branco escrevendo sobre homens que iluminam,
significou que na história de cada homem de fé e de talento há um
rastro de luz a lhe aclarar os caminhos. Eles brilham por si mesmos
como estrelas.
Recentemente a Academia de Letras Jurídicas
Piauienses empossou o desembargador Ricardo Gentil Eulálio como seu
mais novo membro. Por isso, nada mais oportuno para evocarmos a
memória e o trabalho de figuras das letras e da magistratura
piauienses que tanto honraram a inteligência do Piauí e
contribuíram para a grandeza do Tribunal de Justiça, legando as
gerações que lhes sucederam exemplos de abnegada vocação para
distribuição da Justiça, exercitando a inteligência mais
detidamente na arte de aplicação do Direito.
A atitude de
reconhecer, lembrar e homenagear é, portanto, uma atitude de
desprendimento e profunda demonstração de consideração e
afeto.
Poderíamos destacar, por exemplo, os primeiros
desembargadores que compuseram o Tribunal de Justiça do Piauí, em
1891, e outros que o Poder Judiciário do Piauí muito se orgulha
pela cultura, competência, retidão de caráter e grandeza de
qualidades espirituais.
Helvídio Clementino de Aguiar foi o
primeiro presidente do TJ, tendo sido juiz de direito das comarcas de
União, Campo Maior e Teresina; Os demais membros foram Polidoro
César Burlamaqui, Álvaro de Assis Osório Mendes, João Gabriel
Baptista, João Gabriel Ferreira e Augusto Collin da Silva
Rios.
Resumidamente, poderíamos citar muitos outros nomes que
brilharam o resplandeceram na magistratura piauiense e nas letras
jurídicas, tais como: Clodoaldo Conrado de Freitas, Álvaro de Assis
Osório Mendes, Cristino Couto Castelo Branco, Edgard Nogueira,
Anísio Auto de Abreu, Cromwell Barbosa de Carvalho, Esmaragdo de
Freitas e Sousa, Fenelon Ferreira Castelo Branco, Fernando Lopes e
Silva Sobrinho, Gabriel Luís Ferreira, Higino Cícero da Cunha,
Vicente Ribeiro Gonçalves, José de Arimathéa Tito, José Coriolano
de Sousa Lima, José Vidal de Freitas, Robert Wall de Carvalho,
Simplício Coelho Resende, Simplício de Sousa Mendes, Luís de
Morais Correia, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, e tantos
outros.
Não andassem as palavras tão vulgarizadas, e não se
triviasse tanto no seu uso vicioso, a só menção desses nomes
bastaria para definir a individualidade e a indicar o que há de mais
expressivo na nobreza de suas biografias, cada qual nos processos
intelectuais e nas atividades com que firmaram suas
personalidades.
Poderíamos citar ainda nomes como João
Crisóstomo da Rocha Cabral – uma das maiores autoridades em
direito eleitoral do país, autor do Código Eleitoral brasileiro
instituído pelo Governo Provisório de Getúlio Vargas em 1930;
poeta e jurista, modelo de estudioso e intérprete, e que hoje, com
merecida justiça, empresta seu nome ao prédio-sede do Tribunal
Regional Eleitoral do Piauí.
Vale lembrar também nomes como
Elias de Oliveira e Silva que em 1919, após bacharelar-se em direito
em Fortaleza, exerceu a Promotoria Pública em Teresina onde lecionou
Psicologia e História da Filosofia, no Liceu Piauiense, na Escola
Normal e na Faculdade de Direito.
Além de magistrado, foi
juiz Distrital em Batalha e de Direito em Piracuruca, exercendo
depois a advocacia e o jornalismo.
Pertenceu à Academia
Piauiense de Letras, da qual foi sócio fundador em 1917, ocupando a
cadeira nº 28 que teve como patrona a poetisa piracuruquense Luiza
Amélia de Queiroz Brandão.
É autor da arrojada tese
“Criminologia das Multidões”, com prefácio do ministro Bento de
Farias e que mereceu justificados elogios da crítica literária
nacional e estrangeira.
Como se pode ver, as personalidades
aqui destacadas, durante sua existência de dedicação ao trabalho
souberam dignificar, como juízes, a magistratura, e como escritores,
as letras piauienses, além de terem legado, como chefes de família,
admiráveis exemplos de honradez e honestidade.
(*) Desembargador aposentado, escritor e jornalista.
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