Que é isso, Leonardo Boff?!
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Conhecido, estudado e discutido nos centros de cultura,
dentro e fora do Brasil, o ex-frade franciscano, Leonardo Boff, brilhante
professor universitário, escritor, expoente da Teologia da Libertação, célebre
pelos temas polêmicos da missão humana na Terra.
Para Boff, “os pobres gritam porque são oprimidos. A teologia
da libertação nasceu tentando fazer justiça ao grito deles. Mas não apenas os
pobres e oprimidos gritam. Gritam as florestas, as águas, os animais, grita a
natureza e geme a Terra. Todos estão submetidos a um processo sistemático de
opressão e devastação. Não apenas os pobres, mas todos, reféns de um paradigma
que propôs explorar de forma ilimitada todos os recursos e serviços da Terra. É
o paradigma da vontade de poder como dominação. Daí sermos todos oprimidos e
necessitados de libertação”.
Leonardo Boff, afeiçoado ao PT, não perdoa a presidenciável
Marina Silva, filiada ao PSB e segue outros paradigmas que não os do antigo
partido. Logo ele, fervoroso ambientalista, especialmente da floresta
amazônica. Aliás, petista detesta ex-petista; prefere abraçar a escória imunda,
condenada no passado, a acatar críticas de ex-membro do PT.
Em 2010, Boff sonhava com uma representante dos povos da
floresta, dos caboclos, dos ribeirinhos, dos indígenas, dos peões vivendo em
situação análoga à escravidão, chegar a presidente do Brasil. Hoje. Em
entrevista ao site Viomundo, Boff classifica a ex-petista, ex-católica, agora
membro da igreja Assembleia de Deus, de fundamentalista, piegas, retrógrada em
pleno século XXI: “O que Marina pratica é o fundamentalismo. Este é uma
patologia de muitas religiões, inclusive de grupos católicos. O fundamentalismo
não é uma doutrina. É uma maneira de entender a doutrina: única verdadeira e as
demais estão erradas e como tais não têm
direito nenhum.”
Marina Silva, 56 anos, magérrima, analfabeta até aos 16,
semblante debilitado, resultado de cinco malárias, professora, psicopedagoga,
ambientalista, foi vereadora mais votada em Rio Branco, também como deputada
estadual; senadora, depois reeleita, ministra do Meio Ambiente nos dois
mandatos de Lula, afastando-se do cargo e do PT, por discordar dos rumos
negativos do partido. Premiada na ONU e Suécia por sua defesa da floresta
amazônica. Conduta ética ilibada, mas bombardeada pelos adversários, devido à
aura de uma mulher capaz de dar nova cara e esperança à nação envolta pelo
crime organizado, tráfico de drogas, violência e lideranças corruptas.
Líderes do bem, quase sempre frágeis, ressurgem das cinzas da
pobreza, do campo hostil e anonimato, arrebentam a História. Ghândi,
esquelético e mal vestido, líder pacifista, resgatou a Índia do imperialismo
britânico; Madre Teresa de Calcutá, franzina e alquebrada, tesouro de gratidão
às comunidades excluídas; Papa João XXIII, modesto camponês e pouco letrado,
empurrou a Igreja para mudanças radicais, a partir do Concílio Vaticano II,
convocado pelo mesmo pontífice; Papa Francisco, abnegado jesuíta, ideais
franciscanos, avesso a luxo e privilégios do cargo; Francisco de Assis fundou
uma ordem dentro de velha pocilga. Na Bíblia, Moisés, educado na nobreza
faraônica, resgatou seu povo hebreu da escravidão para a Terra Prometida; Davi,
pastor de ovelhas, último dos irmãos, ungiu-se rei, venceu batalhas,
institucionalizou a nação de Israel; Jesus Cristo, criado na miserável Nazaré:
“De Nazaré pode surgir tamanho profeta?!” zombavam adversários. É que as coisas
do alto escandalizam a sociedade, quando se avaliam líderes pela pose e pelas
posses, especialmente as imundas. Leonardo Boff esqueceu-se de que Deus pode
"transformar pedras em filhos de Abraão” – proclamava João Batista, nas
estepes e margens do Jordão.
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