domingo, 5 de julho de 2015

Dílson Lages eleito para a Academia Piauiense de Letras

Em pé, da esquerda para a direita: Homero Castelo Branco, Humberto Guimarães, Fonseca Neto, Reginaldo Miranda, Oton Lustosa, Francisco Miguel de Moura, Paulo Nunes, Dílson Lages, Magno Pires, Nildomar da Silveira Soares e Elmar Carvalho.
Agachados: Herculano Moraes e Nelson Nery Costa

Dílson Lages Monteiro cultiva gêneros literários diversos e publicou doze livros, passeando entre a prosa e a poesia, além de produzir livros didáticos. Para o professor de Teoria Literária da Universidade de Brasília, Ricardo Araújo, “A poesia de Dílson Lages tenta recuperar através do sentidos “O sabor das imagens”, propondo novas associações de imagens e ampliando o horizonte de possibilidades metafóricas". Ainda, segundo Araújo, "Lages cria novas metáforas buscando ilações inusitadas e auscultando os diversos sons provenientes destes seres peculiares que integram a personalidade humana de cada um de nós".

O processo de criação de imagens na poesia de Dílson é também destacado pelo escritor Francisco Miguel de Moura. Na mais recente edição de Literatura Piauiense, editado em junho de 2015, Moura enfatiza que esse é o traço estilístico que personifica a poética de Dílson. “Sua dicção poética tem matriz na imagem com sobreposição de metáforas, no uso da metonímia e outros tropos”, diz, enfatizando que o poeta “vai reinventando recursos além da retórica tradicional, ao lado de criações linguísticas da modernidade”.

Rogel Samuel, romancista, críticos literário e professor aposentado da Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu que a poesia de Dílson, principalmente no livro Os olhos de silêncio, é uma poesia “Zen”. Diz o escritor que “ é a poesia mínima, reduzida ao mínimo, no minimalismo característico do pós-moderno”.

A atuação de Dílson Lages  na literatura vem se estabelecendo nos últimos anos pela exploração da prosa de ficção  em narrativas curtas e longas.  O morro da casa-grande (1997, duas edições), novela, e O rato da roupa de ouro (2014), conto infantil, foram recebidos com louvor por leitores e críticos literários. Adotados em escolas no Piauí e fora dele, esses livros consolidaram um novo escritor em formação. Naquele, o prosador uniu memória, ficção e poesia, para contar a destruição do patrimônio cultural de sua cidade-berço; neste, resignificando elementos do conto infantil clássico,  aproveitou para, por meio do lúdico, envolver as crianças em virtudes universais como a bondade e o altruísmo.

Conforme o crítico literário  Manoel Hygino do Santos, da Academia Mineira de Letras, em artigo publicado no jornal Hoje em Dia (Belo Horizonte-MG), “O morro da casa-grande trata-se de um trabalho interessante, a que não faltam vocábulos praticamente não usados no Sudeste e no Sul, expressões bem próprias do interior piauiense. Mas um texto agradável, com uma narrativa que faz sentido e tem propósitos claros, entre os quais o de proteger tanto quanto possível o legado das velhas gerações”.

Analisando a linguagem empregada por Dílson Lages na novela "O morro da casa-grande", o escritor e crítico literário Cunha e Silva Filho, Pós-doutor em Literatura pela UFRJ, ressalta que a "ideia propiciada pela leitura da sua narrativa teria aquela mesma sensação da leitura de um texto poético". O crítico acrescenta que, "Há um dado que muito conta a favor desse escritor: é que, ao lado da linguagem que, por vezes, tangencia a poetização do seu tecido literário, ao mesmo tempo existe um cuidado especial com a linguagem, com a sintaxe do discurso narrativo, e isso é bem visível no espaço do enunciado, no qual as imagens poéticas e o lirismo potencialmente forte se casam perfeitamente, numa harmonia de um discurso que traz um sabor - diria - clássico".

Dissecando temática e estruturalmente a novela, Cunha e Silva Filho esclarece que “o leitmotif da narrativa não deixa de ser a derrubada da igreja na sua imbricação com a imagem fantasmagórica do morro da Casa-Grande. Dessas duas circunstâncias podemos depreender toda a motivação  do núcleo  do relato. A Igreja da Matriz  de Barras reforça esse elemento temático-nuclear com  a chancela histórica de ilustrações inseridas no corpo do texto , assim como de outras ilustrações e paisagens alusivas ao meio rural, a um antepassado histórico, ao rio Marataoã, a ruas de Barras, a outros logradouros da cidade e, finalmente,  a ilustrações representativas daquela igreja. Esses dados da realidade no campo e  na cidade, por assim  dizer, quebram a chamada ilusão ficcional, predispondo o leitor a uma volta ao mundo empírico e a ver a ficção como  uma mera construção imaginativa, mas não desligada dos seus liames histórico-culturais.”

Para a escritora e doutora em Estudos Literários pela UFG, Rosidelma Fraga, “O projeto de escritura histórica é seco, medido e racional, mas a forma como a narrativa é contada, sem dúvida, é de um lirismo derramado”. Ela salienta que ‘a ênfase do narrador para a antiga cidade de Barras do Marataoã é tão delineada que o rio de mesmo nome parece adquirir vida humana em forma de lirismo puro: “O Marataoã parece que saiu do lugar – repetia a balconista, com o leque nas mãos. O leque dançando, dançando, ao som seco e abafado do vento. O leque atritando o ar em coreografias” (MONTEIRO, 2012, p.13).’

Entre os que escreveram sobre o conto infantil O rato da roupa de ouro, ricamente ilustrado por Ângela Rêgo, está o crítico literário de O Globo José Castello. Em extensa resenha, Castello desnuda os mecanismos de criação empregados por Dílson Lages,  para levar o tema da política e do poder aos pequenos. Para o crítico, “A história de Dílson Lages Monteiro conduz seus pequenos leitores a uma confrontação precoce (e divertida) com a fragilidade dos valores humanos. Mostra-lhes que eles são móveis, que eles são instáveis, que eles são transitórios — que eles são, enfim, o que define o próprio humano”.

O Portal Entretextos, que agrega colaboradores e entusiastas da literatura, é criação de Dílson Lages. Fundado em 2002, o Portal é referência em literatura. Em artigo intitulado “O uso de blogs e chats no ensino de literatura”, publicado na revista Letras Hoje, da PUC-RS, o professor da universidade Estadual de Maringá (UEL), Dr. Marciano Lopes e Silva, recomenda Entretextos como uma das páginas literárias em Língua Portuguesa com conteúdo relevante para utilização em aulas de literatura (http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/7528/5398).

Textos do Portal Entretextos são utilizados atualmente em atividades do projeto didático A didatiteca virtual de ensino em português, elaborado pelo Departamento de Português do Centro de Ensino de Línguas Estrangeiras da Universidade do México (CELE – UNAM)



OBRAS PUBLICADAS:

a)Mais Hum (poemas – 1995);

b)Cabeceiras: a marcha das mudanças (estudo historiográfico – 1995) – coautoria;

c)Colmeia de concreto (poemas – 1997);

d)Os olhos do silêncio (poemas – 1999);

e)A metáfora em textos  argumentativos (ensaio – 2001)- duas edições

f)O sabor dos sentidos (poemas – 2001);

g)Entretextos (artigos e entrevistas – 2007);

h)Texto argumentativo – teoria e prática (didático – 2007) – adotado em diversas escolas como livro-base para alunos de terceiro ano do Ensino Médio;

i)Adiante dos olhos suspensos (poemas – 2009);

j) O morro da casa-grande  (romance – 2011) – duas edições. Obra adotada como leitura obrigatória  em várias escolas, inclusive fora do Piauí.

l)O rato da roupa de ouro (infantil – 2012) – livro adotado por diversas escolas do Piauí e fora do Estado.

m)Ares e lares de amores tantos (poemas – 2014).



OBRAS INÉDITAS:

Infantis –  Meus olhinhos de brinquedo  (no prelo) , A formiguinha espiã, A ovelha que voava,  O gato da pele de gente e Bem-ti-vi, bem tem vê;

Infanto-juvenil – O menino da alma de pássaro (em fase de reescrituras);

           Novela – Capoeira de Espinhos     

Fonte: Portal Entretextos

5 comentários:

  1. Caro Elmar Carvalho:

    Na página de destaque do site Entretexto dando notícia da eleição do escritor Dílson Lages para a Academia Piauiense de Letras, não foi feliz o editorialista ao citar trechos de minha análise da obra" O morro da Casa Grande." Os trechos citados, a meu ver, deveriam se fundamentar na minha versão definitiva publicada no excelente encarte da fortuna crítica contendo duas análises sobre aquele livro, a minha e a do escritor mineiro, Manoel Hygino dos Santos sob o título "Coronéis e camaleões".
    Os trechos citados no editorial do site do Dílson, ainda que tenham sido escritos por mim, não representam o meu pensamento crítico formulado no meu ensaio "A estreia de Dílson Lages Monteiro na ficção."
    Como está no editorial, me parece truncado e ambíguo.É esta versão publicada no encarte que recomendo ao leitor.
    Um abraço do
    Cunha e Silva Filho


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  2. A Alval, prossegue no seu firme propósito de alimentar a CasaMater(Academia Piauiense de Letras) com seus membros efetivos:
    Herculano Moraes, Elmar Carvalho, Homero Castelo Branco, Wilson Carvalho Gonçalves e agora o Professor Dilson Lages Monteiro . Inúmeros são os Patronos da Alval que compõem o quadro de Patronos e ocupantes de cadeiras na APL. Por exemplo Clidenor de Freitas Santos, A.Tito Filho.

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  3. A Alval, prossegue no seu firme propósito de alimentar a CasaMater(Academia Piauiense de Letras) com seus membros efetivos:
    Herculano Moraes, Elmar Carvalho, Homero Castelo Branco, Wilson Carvalho Gonçalves e agora o Professor Dilson Lages Monteiro . Inúmeros são os Patronos da Alval que compõem o quadro de Patronos e ocupantes de cadeiras na APL. Por exemplo Clidenor de Freitas Santos, A.Tito Filho.

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  4. Caro Cunha,
    O Dílson Lages entrou em contato comigo, apontando a solução para o erro que você apontou em seu comentário, de modo que o problema já foi solucionado no portal dele e neste blog.
    Abraço,
    Elmar

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  5. Complementando: o Acadêmico Magno Pires, honrosamente é membro efetivo da ALVAL e da APL

    Itamar Costa
    Membro efetivo da Alval

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