quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pela fé, o ódio, morte e depredação


Pela fé, o ódio, morte e depredação

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

         Expressivo grupo de pessoas do Bairro de Fátima parte em peregrinação a Israel. Participei duas vezes da jornada, e, se o dólar não tripudiasse sobre o real, iria mais vezes. Israel me encanta pela fartura de memória bíblica. Uma reflexão, porém,  me conduz a outros parâmetros de culturas religiosas, cuja fé resvala para o ódio, destruição, morte e segregação.

         O solo por onde Jesus caminhava não é mais o mesmo. Fica a metros de profundida, escavado por arqueólogos e historiadores. O solo atual encontra-se compactado de material que restou das ruínas, ambições, guerras e paixões religiosas. A gruta de Belém encontra-se em subsolo.

         Depois de 40 anos pelo deserto, libertados da escravidão dos egípcios, os israelitas (hebreus) destruíram cidades pagãs e se apossaram da Terra Prometida (Israel). Mais espetacular a destruição e morte de  Jericó, 15 séculos antes de Cristo (Josué, cap. 5 e 6). Muralhas e residências foram abaixo.

O ímpeto dos exércitos romanos, ano 70, não deixou “pedra sobre pedra” do templo de Jerusalém, conforme predissera Jesus. A Cidade Santa e todas as outras, transformaram-se em monturos e destroços. Judeus perderam a posse da terra, obrigando-se à diáspora, mundo afora, perseguidos, inclusive pela Igreja, durante centenas de anos. No longo tempo da diáspora, árabes tomaram posse da Terra Santa. Somente em 1948, judeus recuperaram o país, pela ONU, e aceleraram o sionismo. Permanece o conflito entre palestinos, de cultura muçulmana (Alá)  e judeus (Javé).

         No ano cristão 135, o imperador romano, Adriano, mandou reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Imperador Constantino, a pedido de sua mãe Helena, recuperou lugares sagrados da vida de Cristo, construindo igrejas e monumentos. O império romano martirizou, em todas as colônias, milhares de cristãos, por não se subordinarem ao paganismo dos imperadores. Muçulmanos ocuparam a Palestina, botando por terra monumentos cristãos, impondo culto a Alá, estendendo-se pelo norte da África e Península Ibérica. O conceito de Jihad, luta pela expansão da cultura e fé, induz, até hoje, fanáticos a barbaridades. em nome de Alá. Mosteiros de freiras eram invadidos e destruídos.

 No início do segundo milênio, cruzadas cristãs, comandadas por papas e reis, invadiram a Palestina, massacraram muçulmanos e destruíram monumentos. Venceu Alá.

No período renascentista, pipocaram conflitos e massacres entre protestantes e católicos. Famosa a Noite de São Bartolomeu, na França, onde milhares de católicos e protestantes se mataram, por questões religiosas e políticas. A Inquisição transformou-se na maior vergonha da Igreja, inclusive de algumas seitas protestantes. As codenações envolviam fogueira, chibatadas e degolas.

Em nome da fé e do batismo, nobres cristãos sequestravam negros africanos, acorrentavam-nos e os expunham em leilões e escravidão, nas américas. Astecas, Maias e Incas sacrificavam crianças, extraíam o coração latejando nos altares das divindades. Os espanhóis dizimaram essas nações, em nome do domínio territorial e da fé cristã.

Nada de pensar em apocalipse do mundo atual, observando a violência urbana e as barbaridades de grupos muçulmanos. Todos somos produtos da cultura e destruição, inclusive do planeta. Uma peregrinação a Israel até que faz bem a gente refletir sobre nosso destino. Jesus ensina o amor.      

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