Políticos suecos versus políticos brasileiros
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Imagine viver em um país, onde políticos ganham pouco, andam
de ônibus ou bicicleta, ocupam residência oficial de apenas 18 metros
quadrados, dormem em poltrona, que serve, também, de cama. Lavam e engomam a
roupa em lavanderia coletiva, cozinham a própria comida e são tratados de você.
Não se trata de utopia, mas do cotidiano da cultura sueca, vigilante e
cobradora. Os raros presos trabalham, estudam e não vivem entre grades. Filho
de magnata estuda com os do lixeiro em escolas públicas. Vereadores sem direito
a salário e secretária. Nenhuma autoridade, nem mesmo o rei, goza de regalias
que cidadãos comuns não recebem.
Suécia e toda a Escandinávia (Noruega, Finlândia,
extensivamente, Dinamarca e Islândia) formam o paradoxo da cultura brasileira,
acostumada a levar vantagem com dinheiro público, tripudiando cidadãos.
Como explicar tanto desenvolvimento, nações que enfrentaram
séculos de guerras e assassinatos, disputas religiosas, geográficas e políticas
no passado? A metamorfose começou, praticamente, há algumas décadas, depois da
conciliação entre católicos e luteranos. Adotaram paradigmas cristãos de
responsabilidade, honestidade, civismo, a partir da escola. Implantaram a
social democracia, em vez do capitalismo exacerbado. Severidade na aplicação e
administração dos recursos públicos. Punição implacável a corruptos. Pesada
tributação, que achata grandes fortunas, mas resulta em excelentes serviços
públicos de encantar a concorrência privada.
A Escandinávia, em décadas de educação moral e cívica,
desfruta da melhor qualidade de vida do mundo, graças, também, a missionários
alemães, especialmente evangélicos, em passado remoto.
Cláudia Wallin, jornalista brasileira radicada na Suécia,
registrou conversas com deputados e a população. Em seu livro, UM PAÍS SEM
EXCELÊNCIAS E MORDOMIAS, descreve a conduta franciscana dos políticos, que
desconhecem tratamento de EXCELÊNCIA, não aumentam o próprio salário e não
entram na política para enriquecer. O livro serve de tabefe nas caras de pau
que assaltam a nossa dignidade nacional.
Cidadãos precisam extrair lições da Escandinávia para eleger líderes patrióticos e éticos de
qualquer confissão religiosa ou partidária. O ensino obrigatório de moral e
civismo deve retornar às salas de aula. Falta muito nos libertarmos do jeitinho
brasileiro de levar na malandragem a coisa pública. Por enquanto, só aprendemos
a conviver com a Síndrome de Estocolmo:
exaltar e eleger nossos corruptos, com a paixão de bela sequestrada pelo
sequestrador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário