CADA QUAL COM SUA NATUREZA
Jacob Fortes
A fábula dizia mais ou menos
assim: certo professor oriental costumava ministrar aulas aos seus alunos
durante caminhadas matinais pelos campos; respiravam oxigênio puro e se
exercitavam. Certa feita percebeu o professor que um escorpião descia o curso da
água de um regato. Mais que prontamente o professor o retirou da água, mas ao
fazê-lo o aracnídeo cravou-lhe à mão o aguçado esporão que carrega ao rabo
recurvo. Sobressaltado, o professor, subitamente, deixou o artrópode cair na
correnteza outra vez, porém não desertou do propósito de salvá-lo, o que o fez
logo adiante. Perplexos, os alunos quiseram saber o porquê da insistência de
salvar um espécime tão mal agradecido, ao que lhes respondeu o professor:
“esporar é apenas da natureza do escorpião”.
O então Senador José Roberto
Arruda ao traquinar no painel de votação do Senado negou inicialmente a autoria
da traquinice, mas, ante as provas incontornáveis admitiu haver adulterado o
painel de votação. À tribuna, cheio de comoção e humildado, pediu perdão aos seus
pares, que o relevaram. Posteriormente,
antes de lançar sua candidatura ao cargo eletivo de Governador do Distrito
Federal, Arruda, igualmente humildado e transbordando em comoção, pediu ao povo
de Brasília um voto de confiança. Resultado: elegeu-se a governador do Distrito
Federal. Durante o mandato de governador, (posto que não se houvesse curado do
esquisito hábito de traquinar), fora flagrado recebendo, à sorrelfa, alguns
fardos de dinheiro, circunstância que o levou ao cárcere e a perda do mandato.
Profundo conhecedor da alma humana, (sabe como ninguém amolgar os corações dos
eleitores), Arruda, por certo, apresentará nas próximas eleições um terceiro
pedido de perdão; a julgar pelas estatísticas há de sagrar-se vitorioso.
Diferentemente, a Presidente
Dilma cometeu muitos erros, mas jamais pediu desculpas, sequer os admitiu. Cada qual com sua natureza, “cada qual
acredita salvar-se na lei que segue”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário