Jacob Fortes
Certa feita
uma agremiação política fez tremular uma bandeira que continha slogan tão
contagiante quanto o dístico, em latim, (Libertas Quæ Sera Tamen,) que a
conjurada Bárbara Heliodora cunhou na lindíssima bandeira dos INCONFIDENTES.
Refiro-me ao Partido dos Trabalhadores, PT, que idealizou e hasteou uma
bandeira nas cores da ética para simbolizar a retidão, o sentimento de salvação
nacional. Professando-se ético, o PT despontou no cenário político prometendo
tudo: desde tratamento judicioso para todos ao rejuvenescimento da velhice. Foi
dessa maneira, propalando farta messe que o Partido dos Trabalhadores chegou ao
poder em 2002. Todavia, ao apossar-se
das rédeas do País esse partido político mudou de ideia quando se deparou com
uma vacaria, pródiga em leite, estabulada no seio do governo. A vacaria não lhe pertencia, mas era cordata;
se deixava mungir. E assim, desenfadando-se nos apetites de uma ordenha que lhe
era palatável, o PT acabou olvidando-se do ideário que lhe permitira chegar ao
topo.
Na sequência
dos dias, e principalmente das noites, os escândalos se sucedem em níveis que
já não cabem mais nos noticiários. À notícia de mais um escândalo o brasileiro,
escorchado, se convence do significado embusteiro que é a ética petista. A
Ética que fora hasteada no mastro da retórica (esta o vento dissipa)
derruiu-se. Daquela ética contagiante que ecoou durante a reluzente aurora
petista restou apenas decepção; retratada pelas multidões, às ruas, por verem o
Brasil mover-se para trás. E quando reptado acerca das cifras bilionárias que
foram furtadas o PT argui que os governos que lhe antecederam saquearam
quantias ainda maiores. A justificação, insubsistente, em vez de remir, embaça
ainda mais a estrela que encerrava tanta grandeza. Não se pode atear fogo nas
cidades e nas creches por que Nero o fez, em Roma. Se o meu irmão furtou eu
também o farei? Ou seja, a conduta
alheia é tomada por empréstimo para amparar o malfeito.
Ao evolarem-se
os princípios éticos que faziam consistir o orgulho petista, sobrerrestou a
lenda; opaca, sem fleuma. Pior: o PT — que inscreveu o seu nome no imenso rol
daqueles que insistem em se distinguir envergando o uniforme da desonra —
acabou por tornar-se uma página enlutada na história da política nacional. Mas
ficou a lição de que as façanhas da mentira são menos duradouras que as glórias
da verdade. (Não queira um aquilino fazer-se passar por colombino inocente; as
diferenças são enormes).
Ao povo,
vexado pelo governo, falta paz, sossego!!! “Não procuro um país,
especificamente, procuro a paz” (Garotinho afegão, refugiado, que perdeu os
pais na guerra, falando aos alemães). Enquanto os refugiados, cheios de
aflição, vagueiam pelos continentes à procura de uma pátria que os adote, os
brasileiros se hão legítimos possuidores de uma pátria diamantífera, porém de
reputação lesada pela indecência na política. Por quantas vezes mais o povo irá
às ruas pedir decência e paz?
Enquanto o
governo do PT, — que embarga o desenvolvimento nacional com sua conduta trágica
– se houver indigno do papel de fiel depositário dos anseios e do suor do
contribuinte, o povo, lutuoso, viverá sem paz, em desassossego às ruas. “[...]
que um dia essa tristeza tenha fim”.
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