sexta-feira, 1 de abril de 2016

“QUE UM DIA ESSA TRISTEZA TENHA FIM”


“QUE UM DIA ESSA TRISTEZA TENHA FIM”

Jacob Fortes

Certa feita uma agremiação política fez tremular uma bandeira que continha slogan tão contagiante quanto o dístico, em latim, (Libertas Quæ Sera Tamen,) que a conjurada Bárbara Heliodora cunhou na lindíssima bandeira dos INCONFIDENTES. Refiro-me ao Partido dos Trabalhadores, PT, que idealizou e hasteou uma bandeira nas cores da ética para simbolizar a retidão, o sentimento de salvação nacional. Professando-se ético, o PT despontou no cenário político prometendo tudo: desde tratamento judicioso para todos ao rejuvenescimento da velhice. Foi dessa maneira, propalando farta messe que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder em 2002.  Todavia, ao apossar-se das rédeas do País esse partido político mudou de ideia quando se deparou com uma vacaria, pródiga em leite, estabulada no seio do governo.  A vacaria não lhe pertencia, mas era cordata; se deixava mungir. E assim, desenfadando-se nos apetites de uma ordenha que lhe era palatável, o PT acabou olvidando-se do ideário que lhe permitira chegar ao topo. 
Na sequência dos dias, e principalmente das noites, os escândalos se sucedem em níveis que já não cabem mais nos noticiários. À notícia de mais um escândalo o brasileiro, escorchado, se convence do significado embusteiro que é a ética petista. A Ética que fora hasteada no mastro da retórica (esta o vento dissipa) derruiu-se. Daquela ética contagiante que ecoou durante a reluzente aurora petista restou apenas decepção; retratada pelas multidões, às ruas, por verem o Brasil mover-se para trás. E quando reptado acerca das cifras bilionárias que foram furtadas o PT argui que os governos que lhe antecederam saquearam quantias ainda maiores. A justificação, insubsistente, em vez de remir, embaça ainda mais a estrela que encerrava tanta grandeza. Não se pode atear fogo nas cidades e nas creches por que Nero o fez, em Roma. Se o meu irmão furtou eu também o farei?  Ou seja, a conduta alheia é tomada por empréstimo para amparar o malfeito.
Ao evolarem-se os princípios éticos que faziam consistir o orgulho petista, sobrerrestou a lenda; opaca, sem fleuma. Pior: o PT — que inscreveu o seu nome no imenso rol daqueles que insistem em se distinguir envergando o uniforme da desonra — acabou por tornar-se uma página enlutada na história da política nacional. Mas ficou a lição de que as façanhas da mentira são menos duradouras que as glórias da verdade. (Não queira um aquilino fazer-se passar por colombino inocente; as diferenças são enormes).
Ao povo, vexado pelo governo, falta paz, sossego!!! “Não procuro um país, especificamente, procuro a paz” (Garotinho afegão, refugiado, que perdeu os pais na guerra, falando aos alemães). Enquanto os refugiados, cheios de aflição, vagueiam pelos continentes à procura de uma pátria que os adote, os brasileiros se hão legítimos possuidores de uma pátria diamantífera, porém de reputação lesada pela indecência na política. Por quantas vezes mais o povo irá às ruas pedir decência e paz?

Enquanto o governo do PT, — que embarga o desenvolvimento nacional com sua conduta trágica – se houver indigno do papel de fiel depositário dos anseios e do suor do contribuinte, o povo, lutuoso, viverá sem paz, em desassossego às ruas. “[...] que um dia essa tristeza tenha fim”.   

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