Recebi o
e-mail abaixo do poeta e escritor Alcenor Candeira Filho, meu amigo há várias
décadas, desde que fui morar em Parnaíba, em meados de 1975.
Logo após o
seu comentário, segue minha resposta, em que esclareço suas dúvidas e faço
outras observações.
Prezado amigo Elmar,
Venho
acompanhando com grande interesse a publicação semanal de cada capítulo de
HISTÓRIAS DE ÉVORA. Acabo de ler o de nº VI, através do qual começo a perceber
melhor o que constituirá verdadeiramente a essência do núcleo dramático central
dessa obra de ficção. Presumo que com a
continuação e a conclusão do livro, o leitor vai constatar que não se trata de
obra de ficção erótica como pode parecer até agora, mas de romance de caráter memorialístico
e autobiográfico onde o apelo sexual, tão presente nos capítulos iniciais e que
provavelmente reaparecerá em outros, não passa de detalhe no meio de vários
episódios "pitorescos, jocosos e escabrosos" (Cap. VI) que serão
ainda apresentados e que marcaram a mocidade de Marcos, personagem autobiográfico.
Não sei se
estou no rumo certo, mas com certeza a fictícia Évora é na verdade a cidade de
Parnaíba, onde o autor morou na juventude.
As alusões a POEMITOS DA PARNAÍBA (poemas de Elmar Carvalho e
ilustrações de Gervásio Castro), a MEMÓRIAS e a MEMÓRIAS INACABADAS (Humberto
de Campos), a TOMEI UM ITA NO NORTE (Renato Castelo Branco) e ao cabaré QG
(Quartel General) localizado "no centro histórico de Évora", isto é,
na rua Conde D'Eu,em Parnaíba, me induz
a essa convicção. E mais: a "Casa Britânica" de propriedade de
"James Cavalcante Taylor" (Cap. II) não será em verdade a tradicional
Casa Inglesa, sediada no centro histórico de Parnaíba e de propriedade de James
Frederick Clark?
Na expectativa
da leitura dos futuros capítulos, despeço-me do amigo com um grande abraço e
com os parabéns pela forma inteligente, artística e criativa com que vem
construindo o romance HISTÓRIAS DE ÉVORA.
Parnaíba,
20-05-2016.
Alcenor Candeira Filho
Caro amigo Alcenor,
Você é um
observador arguto, uma vez que é leitor compulsivo há longos anos, professor de
literatura há várias décadas, bem como profundo conhecedor de crítica e de
teoria literária.
De fato,
como você bem notou e anotou, o meu romance em construção não irá descambar
para o meramente erótico; mas não poderia deixar de ferir essa temática, uma
vez que o protagonista é um adolescente, no começo de suas descobertas sexuais.
Certamente é uma personagem em formação, mas chegará à juventude e maturidade.
Embora Marcos
não seja um meu alter ego, contudo alguns episódios desse romance terão algo de
autobiográfico, mas também registrarão “causos” e fatos acontecidos com
parentes, amigos e conhecidos, além de conter estórias e histórias que ouvi
contar ao longo de minha vida. Mas todos esses fatos e façanhas serão bastante
modificados, misturados com outros, exagerados ou mitigados, para que os
personagens verdadeiros não possam ser identificados e para que eu não venha a
sofrer eventual ação indenizatória. Muitas cenas e cenários serão pura ficção, claro.
Évora é uma
cidade fictícia, situada no Nordeste do Brasil, não sei se exatamente no Piauí.
Todavia, terá muita coisa de Parnaíba (como você muito bem identificou), de
Campo Maior e, em menor escala, de outras cidades piauienses. Foi um recurso de
que lancei mão para dificultar o reconhecimento de certos episódios romanescos
como sendo da chamada vida real.
Com relação
à Casa Britânica, devo esclarecer que muitas grandes firmas, com matrizes em
Parnaíba, tinham filiais em Campo Maior. Quanto ao QG, outros cabarés serão
evocados, com o próprio ou com nomes fictícios. De qualquer forma, como pano de
fundo, o romance terá uma contextualização sociológica, histórica, econômica e
antropológica, ainda que de forma superficial, pois para mim o mais importante
serão as histórias que irei narrar.
Conquanto eu
vá utilizar recursos da considerada vanguarda literária, como eventuais saltos cronológicos
para o passado ou para o futuro, fluxo de consciência, intercalações de outros
discursos, que não apenas o do narrador onisciente e onipresente, não pretendo
fazer um romance para romancistas e “entendidos”, mas que possa ser
compreendido e fruído por um leitor comum, sem hermetismos de nenhum forma. Por
conseguinte, pretendo contar estórias que possam despertar o prazer de quem
venha a lê-lo; ao menos é esta a minha intenção, que desejo conseguir.
Os autores
citados no capítulo VI (evidentemente com exceção deste neófito romancista) são
grandes memorialistas, da predileção de Marcos Azevedo, que eu quis homenagear.
Em resumo:
você desvendou o enigma, não totalmente na íntegra, mas acertou nas asas da “mosca”
e a deixou fora de combate.
Teresina, 21-05-2016.
Elmar Carvalho
Prezado amigo Elmar,
ResponderExcluirGostaria de parabenizá-lo pelo romance Histórias de Évora. Assim como tantos outros leitores, tenho acompanhado atentamente cada capítulo desta belíssima obra. Você, mais uma vez, brinda os amantes da literatura com um grandioso trabalho.
Abraços,
Ben-Hur Sampaio
Caro amigo Ben-Hur, muito obrigado por suas belas palavras de estímulo.
ResponderExcluirQue Deus me dê persistência e força de vontade para continuar construindo esse projetado romance.