sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Encontro sobre a relva do Parque


Encontro sobre a relva do Parque

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

         Neste verão de temperaturas elevadas, recebi convite para comemorar aniversário de sobrinho sobre a relva do Parque Ambiental da Cidadania, recentemente inaugurado.

         Festa de aniversário sobre a relva? Sim, por que não? Os parques ambientais lembram paisagens bucólicas e aconchegantes, pintadas e plasmadas por artistas do século 18. Eles fugiam aos clássicos palácios de figurões principescos, de retóricas tortuosas e filosofias greco-romanas, para ambientes naturais. Era o começo da decadência dos reinos, e a aurora das democracias. O Arcadismo do século 18 abria caminhos para o Romantismo: a valorização das paisagens naturais, dos personagens rústicos e populares, mais dados à contemplação paradisíaca do que ao racionalismo pagão.

         Às 8 da noite, entrei no Parque . Logo senti a leve e úmida brisa emanada dos imensos espaços cobertos de gramíneas e das árvores. Era diferente das estúpidas e infernais ondas de calor ardendo no asfalto e calçadões.

         Longa toalha estendida sobre a relva. Familiares sentados ou deitados na vegetação. No centro, o bolo de aniversário, presentes, chocolate, sucos e salgadinhos. Adoro quibe. A criançada pedalava sobre rodas. Enfim, um encontro sem bebedeira e exibicionismo pagânicos. Eu tinha razões para remoer a mais romântica e prazerosa experiência do amor e a curtição da família.

         O Parque oferece mais segurança do que as praças, hoje dominadas por duvidosos desocupados, traficantes e viciados. Circulando pela imensa área, descobrem-se grupos de estudantes deitados, exercitando terapia espiritual, estudando, debatendo, pintando em telas, expressando arte teatral. No Parque, ainda se diverte e se respira outro ar, o da civilidade. E tem de ser assim, se os vigilantes continuarem nos portões de entrada ou circulando.

         Que tal cultivarem-se peixes e patos nos lagos do Parque? Os peixes devoram insetos e larvas; os patos movimentam a água, oxigenando-a. Cadê a ração para atrair pássaros? Plantem-se árvores que produzam frutas silvestres (tuturubá, por exemplo). Em geral, a administração pública não se interessa pela cultivo de árvores, devido aos depredadores bípedes. Deixem-nos se servirem, para aprender que a natureza serve de melhor laboratório de saúde do que foco de queimadas.

         A obra custou quase 10 milhões de reais e revela quanto uma administração séria e de mãos limpas é capaz de operar milagre. O dinheiro veio do Ministério do Turismo. Há outras fontes de recursos para a diversificação dos atrativos turísticos da capital piauiense. Já se vão cento e poucos milhões, uma merreca, com a qual se construíram diversos parque, se comparada à montanha de verbas para obras faraônicas, inacabadas de administrações corruptas.

         A Cidade Verde tem atrativos que merecem ser lembrados e visitados pela população, em especial as crianças, que precisam de atividades saudáveis.


Somos abençoados com dois mananciais que se abraçam, rios Parnaíba e Poti. Parques ambientais foram desenvolvidos às suas margens, mas falta muito, muito mais, considerando-se as dezenas de esgotamentos sanitários, quase invisíveis e ocultos no subsolo das avenidas, todavia servindo de agonia mortal à mesopotâmica dádiva divina. A amargura sobe-me ao paladar, só de ver que ainda falta bastante vergonha na cara para envergar o caro projeto de desvio de tanta imundície. Eu me consolo, cuidando do meu quintal, plantando, atraindo dezenas de pássaros, diariamente, com xerém de milho. Eles festejam comigo a vida, como um esbaldar-se na grama do Parque, em festa infantil.

Resposta ao comentário do escritor e cardiologista Itamar Abreu Costa:

Caro amigo Dr. Itamar,

Como você é sabedor e testemunha, por escrito e em diferentes eventos, com relação a Campo Maior, já apresentei as seguintes sugestões:

1) Despoluição do Açude Grande e criação de jardins e fontes luminosas no seu entorno.

2) Transformação da floresta da barragem do Surubim em Jardim Botânico e área de preservação ambiental, com criação de restaurante, piscinas e bicas para lazer dos campomaiorenses.

3) Transformação da Serra Azul, Serra de Santo Antônio ou Serra Grande de Campo Maior em área de preservação ambiental, com a instalação de teleférico, tirolesas e a construção de restaurante, pousada, cabanas, piscinas, bicas, etc., além do estímulo à prática de esportes como rapel, arborismo, arvorismo, trilhas e outros.

4) Transformação do Cemitério Velho de Campo Maior em museu e memorial a céu aberto, com a criação de alamedas, caramanchões, estátuas alegóricas, espaço cultural (talvez sobre pilotis), com a preservação e restauração de tudo o que nele atualmente existe.
Abraço,
Elmar Carvalho

12 comentários:

  1. Muito importante as informações do amigo e professor José Maria sobre as belezas do Parque da Cidadania. Estes parques e espaços culturais devem ser cobrados pela população aos dirigentes. Em campo Maior ha tempos que o Escritor,juiz e acadêmico Elmar Carvalho, vem cobrando dopoder públiuco as seguintes obras: Transformações do Cemitério central e um espaço cultural semelhante À RICOLETA em Buenos Aires, tranformar o açude grande em parque Aquático e principalmente transformar a Serra Azul de Santo Antonio em Complexo Turístico Hotel Fazenda, trilhas etc. Vamos manter a cobrança. Campo Maior tem filhos como OLAVO (Ecologista, Naturalista e principalmente defensor das boas causas, principalmente conservação e preservação do patrimônio cultural das cidades.

    ResponderExcluir
  2. Peço desculpas aos leitores. Esqueci de escrever o meu nome , quando fiz o comentário anterior:

    José Itamar Abreu Costa
    residente da Allche(Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia
    e Cidadão Honorário de Campo Maior

    ResponderExcluir
  3. Caro amigo Dr. Itamar,
    Como você é sabedor e testemunha, por escrito e em diferentes eventos, com relação a Campo Maior, já apresentei as seguintes sugestões:
    1) Despoluição do Açude Grande e criação de jardins e fontes luminosas no seu entorno.
    2) Transformação da floresta da barragem do Surubim em Jardim Botânico e área de preservação ambiental, com criação de restaurante, piscinas e bicas para lazer dos campomaiorenses.
    3) Transformação da Serra Azul, Serra de Santo Antônio ou Serra Grande de Campo Maior em área de preservação ambiental, com a instalação de teleférico, tirolesas e a construção de restaurante, pousada, cabanas, piscinas, bicas, etc., além do estímulo à prática de esportes como rapel, arborismo, arvorismo, trilhas e outros.
    4) Transformação do Cemitério Velho de Campo Maior em museu e memorial a céu aberto, com a criação de alamedas, caramanchões, estátuas alegóricas, espaço cultural (talvez sobre pilotis), com a preservação e restauração de tudo o que nele atualmente existe.
    Abraço,
    Elmar Carvalho

    ResponderExcluir
  4. Gostosa crônica dominical do professor José Maria. Foi realmente uma grande sacada a realização de um aniversário em pleno parque, tal qual se faziam com os piqueniques de então. Somente a leitura do texto já me trouxe refrescante brisa neste domingo calorento da nossa outrora verdecap. A criação desses parques em pleno centro da cidade traduz a inteligência e o amor do administrador da capital pela sua terra. Queremos mais. Queremos tantos quantos os curitibanos têm na sua bela a aconchegante cidade. Que tal começarmos um trabalho no outro lado do Poti, na avenida Cajuína, próximo à ponte Wall Ferraz? Lá tem espaço de sobra, inclusive um belo lago que precisa ser saneado. Quando às ideias para CM, mestre Elmar, são próprias de alguém preparadíssimo para assumir a Secretaria de Meio Ambiente ou Turismo. Ou a própria prefeitura, quem sabe!

    ResponderExcluir
  5. Caro José Pedro Araújo,
    Pensei que fôssemos amigos, mas você desejar que eu entre na política é uma ursada ou coisa de "amigo da onça" ou ainda de aminimigo.
    Na verdade, a política deveria ser um verdadeiro sacerdócio, em que se entraria para servir o outro, porém, tal como é feita atualmente, entram nela para se servir e nela se cevar.
    Abraço,
    Elmar Carvalho

    ResponderExcluir
  6. Por que desejo ver mudanças nesse campo tão necessário, e do qual não podemos escapar, é que acho o amigo talhado para o cargo. Garanto que os recursos deverão sobrar e os serviços públicos vão chegar até aos mais necessitados. experiência, competência, vontade, honestidade, compromisso, não lhe faltam, tenha certeza.Assim, Elmar Carvalho 2020!

    ResponderExcluir
  7. Caro JP,
    Obrigado por suas palavras que só me honram, mas essa atividade, nos dias nebulosos de hoje, é muito desgastante e até mesmo penosa para um homem de bem.

    ResponderExcluir
  8. José Pedro, deixemos a política para os políticos.Concordo que o Elmar possa ser um grande representante do povo, tanto na câmara municipal, Assembleia legislativa, Câmara de deputados e Senado da República,acho que ele já maduro e experiente o suficiente para suportar tantos entraves que sempre ocorreu, ocorre e continuará a ocorrer nestas casa ditas do "POVO", ninguém governa sozinho, ninguém legisla sozinho, ou seja o Dr Elmar com seus livros, sua manifestações públicas em discursos nas diversas Academias, na sua consagrada e conceituada página na internet, consegue transmitir bem os seus conhecimentos, seus milhares de leitores o tem como um ícone e sabem o quanto ele é capaz de influenciar outras pessoas e até mesmo autoridades (Municipais, estaduais, federais)a realizarem projetos estruturantes para os municípios, estados e federação.
    Se não seguem os conselhos do homem e do juiz inteligente é porque faltam-lhes inteligências para perceberem as intenções do Elmar, que tão somente o desenvolvimento da sua BITOROCARA!!!!!

    Um abraço
    José Itamar Abreu Costa
    Um dos três mosqueteiros. O primeiro é o Elmar Carvalho, o segundo o Olavo Pereira da Silva

    ResponderExcluir
  9. Caro Dr. Itamar,
    Obrigado por suas belas, porém imerecidas palavras.
    Peço que coloque o bravo José Pedro Araújo como um dos três mosqueiros, e me coloque como o quarto, que sequer era mosqueiro.

    ResponderExcluir
  10. Assim também não! O Nosso homem do coração, também possui bom coração! Só assim posso interpretar o bem articulado texto que postou. Deste modo, e por me faltar argumentos para rebater tão poderosa defesa, como Pilatos, lavo as minhas mãos e deixo que CM fique à mercer dos maus candidatos que por lá pululam. Brincadeira, grande amigo. Nunca desejei, realmente, que você fosse lançado a cova dos leões. Antes, desejo-te paz de espírito e tempo para laborar nessa seara de fazendeiro de nuvens, como tão bem intitulou o poeta Carlos Drummond de Andrade; tempo e inspiração para nos brindar todas as terças feiras com a saga do grande Marcão! Quando ao fato de me nomeares um dos Mosqueteiros, afirmo-te ser muita bondade sua para um pobre nordestino que nem empunhar uma peixeira sabe,quanto mais uma espada ou uma pena, como creio que seja a arma manejada pelos Mosqueteiros citados.

    ResponderExcluir
  11. Mas, na citação das suas qualidades, não removo uma só vírgula! Tenho dito!
    JPA

    ResponderExcluir
  12. Obrigado, grande Mestre Araújo, José Pedro.
    A esgrima seria à base de caneta, se esta não tivesse sido superada pelo computador e a necessária digitação, que no seu caso bem poderia ser chamada de prestidigitação, já que você é um verdadeiro mago da arte da escrita, senão mesmo um demiurgo.
    Elmar

    ResponderExcluir