Excelente e antiga fotomontagem de João de Deus Netto, formidável artista plástico de Campo Maior |
Histórias de Histórias de Évora
Elmar Carvalho
Na sexta-feira passada, cumprindo um
antigo desejo meu, resolvi ir à APPM – Associação Piauiense de Municípios, para
entregar meu livro Confissões de um juiz a seu presidente, o médico Gil Carlos,
prefeito de São João do Piauí. É que nesse livro memorialístico faço referência
a ele, em virtude de ter sido o cirurgião que me operou de meu primeiro CA,
quinze anos atrás. Como ele estivesse em Brasília, tratando de interesses da
entidade, dediquei-lhe um exemplar desse livro confessional e de meu romance
Histórias de Évora, e os deixei com a sua secretária.
Em seguida, dirigi-me ao TCE-PI, que
fica perto. Pretendia cumprir promessa feita ao Olavo Rebelo, atual presidente
desse Tribunal de Contas, quando me encontrei com ele num dos shoppings locais,
no sentido de lhe entregar, bem como ao Paulo Machado, seu assessor há mais de
duas décadas, e ao Conselheiro Kennedy Barros, que também já o presidiu, um volume
de Histórias de Évora.
Conheci Olavo em Parnaíba, ainda na
década de 1970, quando éramos colaboradores do jornal Inovação e cursávamos
Administração de Empresas, no Campus Ministro Reis Velloso da Universidade
Federal do Piauí, sendo ele um ou dois anos mais adiantado do que eu. Ambos
presidimos o Diretório Acadêmico “3 de Março” desse campus universitário.
Também nessa época conheci o poeta e
escritor Paulo Henrique Couto Machado, primo do amigo e colega Paulo de Athayde
Couto, também beletrista. Sempre admirei a poesia e a prosa de Paulo Machado,
exemplar servidor público, e correto e honesto intelectual, que sempre reconheceu
os méritos de quem os tem, desprovido que o é de inveja e mesquinhez. É ainda
um notável historiador, sobretudo da saga indígena no Piauí, e talvez seja o
mais importante literato de nossa geração.
Em seguida, me dirigi ao plenário,
para cumprimentar o conselheiro Kennedy Barros. Não pude fazê-lo, pois ele
presidia a sessão, e, cioso de suas obrigações, se mantinha atento aos
processos em pauta e em discussão. Entretanto, vi na assistência o promotor de
Justiça aposentado José Gomes de Moura, que me acenou.
Fui cumprimentá-lo, uma vez que
desfruto de sua amizade há algumas décadas, logo que ele veio assumir seu cargo
no Ministério Público do Estado do Piauí, em que teve brilhante e profícua
atuação. Sendo ele escritor e romancista, não me pude escusar a lhe oferecer
minha obra romanesca, após a dedicatória de praxe. De praxe não deveria dizer,
porquanto o seu autógrafo foi especial, em virtude de nossa amizade e respeito
mútuo.
Retirei-me logo em seguida, para
resolver uns assuntos particulares no Riverside. Mal estacionei meu carro nesse
shopping, avistei o escritor e professor universitário Fernando Dib Tajra.
Cumprimentei-o e parei para uma rápida conversa. Logo notei o seu olhar
interessado para um exemplar de meu romance, que eu conduzia. Expliquei-lhe em
palavras breves de que se tratava, tendo ele me indagado sobre onde poderia
adquiri-lo.
Sempre tenho dito que prefiro dar um
livro de minha autoria a quem de fato vai lê-lo, do que tê-lo comprado por quem
sequer vai folheá-lo. Assim, não hesitei. Saquei da caneta e lhe desferi um
autógrafo à queima-roupa, sem lhe dar a menor chance de defesa. E dei o meu dia
como muito bem ganho.
Porém, ao chegar a minha residência, e
abrir minha página no facebook, vi alguns comentários, entre os quais um do
helênico Helano Lopes, o Poeta da Estação, em que este vate conterrâneo me
cognominava “poeta mor de Campo Maior”. Apesar de imerecida, não posso dizer
que não gostei da homenagem do confrade; por isso mesmo, incontinenti, lhe
enviei a seguinte resposta: “Embora não o mereça, gostei do título e da rima: ‘poeta
mor de Campo Maior’, apenas devendo ser trocado o mor por menor”. A seguir, em
outro comentário, acrescentei: “De qualquer modo, caro Helano, estaremos em mui
boa companhia, pois Manuel Bandeira, que era Manuel Bandeira, disse em verso: "Sou
poeta menor, perdoai!"
Mas como se tudo isso não fosse o
bastante, ao cair da tarde de sábado o meu telefone fixo tocou. Sim, eu ainda
sou do tempo em que não existiam celulares. Atendi. Era o meu amigo Francisco
Costa, freitense de quatro costados e auditor-fiscal do estado, amante da boa
música (da Jovem Guarda em especial) e da boa literatura, que me telefonava
para dizer que havia terminado de ler, naquele exato instante, ao cair da tarde
daquele sábado, o meu romance.
Disse, após vários comentários
argutos e pertinentes, que, ao recebê-lo de minhas mãos, pressentia que iria
gostar de sua leitura. Apenas não sabia, acrescentou, para gáudio meu, que iria
gostar tanto. E como fecho glorioso do telefonema, leu as frases finais, evocativas
e melancólicas de Histórias de Évora.
Elmar, boa noite, tive o privilégio de ouvir esses desejos realizados duas vezes, uma na Raul Lopes, pessoalmente,pelo colega de caminhada e agora em prosa pelo poeta neste Blog, que pela primeira vez interajo com você. Deve ser muito prazeroso e motivador encontrar com os leitores e saber que alguém leu nossa obra. Parabéns e continue escrevendo, mande brasa!
ResponderExcluirEverardo Oliveira
BREVES COMENTÁRIOS DE UM LEITOR
ResponderExcluirI - CONFISSÕES DE UM JUIZ
[...] Silenciosa e anonimamente, bem no final do expediente, sem nada confidenciar a quem quer que fosse, me dirigi ao protocolo.
"Eram quase duas horas da tarde, e havia no setor apenas um velho servidor, que me atendeu com presteza, mas sem perguntas e comentários". Aqui pela primeira vez, li sua primeira obra, que vi que não estava ali o juiz, mas o poeta, pela sutileza e sensibilidade literária.
Essa expressão, p.24, que você fala: "quando se fecha uma porta, Deus abre outra ou mesmo outras", me chamou atenção e fez ter esperança sempre na vida e na energia de Deus para seus filhos.
Quando da sua decisão em pedir aposentadoria, p. 30, "por essas e outras razões, senti que Deus me sinalizava no sentido de desacelerar, de levar uma vida mais light e menos estressante. Por conseguinte, requeri minha aposentadora no dia 10 de outubro [...]". Vejo que você seguiu a intuição Divina, que Deus sempre está a nos intuir nas decisões mais sensíveis de nossas vidas.
Everardo Oliveira
Caro Everardo,
ExcluirNos momentos difíceis de minha carreira de juiz, como digo no livro, recorri a Deus, e senti a sua força e amparo e tudo terminava dando certo, da melhor maneira possível.
Você escolheu bem, no meu entendimento, as passagens que desejou transcrever de meu livro Confissões de um juiz.
Você também percorreu uma bela caminhada, e coroou o seu final como Coronel de nossa briosa PM-PI.
Sucesso e saúde sempre.
Abraço,
Elmar
continuação:BREVES COMENTÁRIOS DA CONFISSÕES DE UM JUIZ;
ResponderExcluir"[...].p.25. Na terça-feira, fui anestesiado pela médica Narja Castro, então esposa do cirurgião Gil Carlos, que "convardemente" me esfaqueou com o seu mágico bisturi. [...]Aqui você esbanjou a sua gratidão com o médico que se tornou seu amigo, a prova disso que na última crônica deste blog você o entregou um exemplar do romance da encantadora Évora.
A natureza nos dá sinais da existência de Deus, vi isso na p.51, na manhã de domingo em Socorro do Piauí: "Certo dia de domingo, de manhã cedo, ao caminhar melancolicamente por uma rua quase deserta da pequenina urbe, presenciei uma inesperada revoada de borboletas, que reverberavam à luz do sol. Segui em frente, já alegre e encantado, com as borboletas bailando em torno de mim, como se eu estivesse no reino do surreal, ou tivesse adentrado o realismo mágico e/ou fantástico de Cem Anos de Solidão e outros feitiços."
Como se pode ver, as bênçãos estavam apenas começando em seu glorioso labor, com os sinais das lindas e encantadoras borboletas amarelas.
bom dia, Elmar
Caro Coronel Everardo,
ExcluirVocê terminou me fazendo reler páginas de minhas confissões, cujos fatos na época em que aconteceram me emocionaram e me fizeram sentir com maior intensidade a presença de Deus.
Abraço,
Elmar