sábado, 26 de agosto de 2017

Saraiva e Alberto Silva, semelhanças empreendedoras


Saraiva e Alberto Silva, semelhanças empreendedoras

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
  
         Cid Castro Dias, engenheiro, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, pesquisador, projetista de barragens, irrigação e construções. Assessorou o governador Alberto Silva nas inumeráveis obras públicas. Cid, habitualmente, senta-se à minha mesa, noTeresina Shopping, às sextas. Adora plantar. Ensinou-me a cultivar Camu-Camu, frutinha amazônica, semelhante a guabirabas, teor altíssimo de vitamina C, mais que acerolas. Cid me fala da próxima edição do livro, ENGENHARIA PIAUIENSE, em que aborda as obras mais importantes da engenharia de todos os governadores do Piauí e e dos prefeitos de Teresina. Centenas de fotos históricas, einformações, dignas de estudos escolares. Dois governadores despertram-me atenção, pela semelhança de espírito empreendedorista, raça e desafios em prol do Piauí.

José Antônio Saraiva, baiano, advogado, 27 anos, presidente da Província do Piauí, por escolha e amizada de D.Pedro II, em 1850. Logo descobriu que a capital, Oeiras, instalada em pleno sertão, sem rios navegáveis nem fontes produtivas para alimentar e abastecê-la, no futuro, uma metrópole. Desde o século VIII, antecessores de Saraiva discutiam e aprovavam planos de transferência da antiga capital para a Vila do Poti, futura Teresina. Interesses políticos, porém, esbarravam em obstáculos. Ademais, Parnaíba, Piracuruca e Amarante disputavam a sede da capital. Saraiva e e antecessores conheciam a imensa flora e fauna entre os rios Parnaíba e Poti, ricas em madeira peixes e mananciais, solo agrículturável, além da navegação fluvial. Somente Saraiva convenceu adversários na instalação da nova capital, mais centralizadora do estado. Sem muitos recursos do império, tomou decisões, impensáveis na época, hoje tão comuns: privatizou a construção de prédios públicos, em troca da concessão de terrenos ou aluguéis dos prédios. Convenceu moradores da Vila do Poti a abandonarem a região, sujeita a enchentes dos rios e se estabelecerem no centro da capital, com direito à posse de terrenos e demais benesses. Para alimentar a vaidade da imperatriz Tereza Cristina, em troca de verbas, batizou a capital de Terezina (hoje, com S). Saraiva demorou só dois anos na Província. Governou outras: Alagoas, São Paulo e Pernambuco. Assumiu vários ministérios. Morreu em 1895, aos 72 anos.

Engenheiro e governador Alberto Silva, ex-prefeito e filho de Parnaíba. Como Saraiva, trouxe a experiência da gestão pública em outros estados. Alavancou a autoestima do Piauí, ao construir dezenas de obras, inimagináveis num estado apagado e ridicularizado, nacionalmente. Imagine Teresina, em 1972, asfalto apenas no aeroporto. Sem Maternidade Evangelina Rosa, importada da Inglaterra. Sem Universidade Federal do Piauí. Sem prédio da Cepisa e avenidas bem iluminadas. Sem o Instituto de Educação Antonino Freire. Sem a ponte, após o Balão da Tabuleta, sobre o Parnaíba. Sem Estádio Albertão e futebol de projeção nacional. Sem terminal de combustível. Sem metrô e túnel da Av. Frei Serafim. Sem Zoobotânico. Sem o Campus de 60 hectares na distante Ininga (loucura na época). Sem HDIC e terceiro pavimento do Hospital Getúlio Vargas. Sem o atual prédio do Fórum Judiciário. Sem reforma e jardins do Palácio do Karnak, Av. Frei Serafim, Teatro 4 de setembro e Hotel Piauí (Lúxor). Sem diques do Poti e Parnaíba contra inundações. Imagine o Piauí sem estradas asfaltadas, de norte a sul. Sem hotéis e atração turística no litoral. Sem Sete Cidades para turismo. Sem autoestima, envergonhando a origem.

Dupla semelhança, Saraiva e Alberto Silva, dois nomes justapostos, espécie rara de Camu-Camu, mil vezes vitaminada, sem administradores que só entendem de prato, em vez da pátria.        

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