sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Apresentação do livro "palavra SERtão"

Leandro, entre Josué Costa e Luíza Miranda, demonstrando que é um homem de sete instrumentos: além da medicina, desenha, pinta (até o sete), canta, e escreve ensaios históricos e poemas

 
Gilson Caland, Carvalho Neto, Graça Vilhena, Leandro Fernandes, Hermano Nino, Aurea Santos e Lucili

Wilson Seraine, Marleide Lins, Douglas Machado e Leandro Fernandes

APRESENTAÇÃO do livro "palavra SERtão"

Elmar Carvalho

Leandro Cardoso Fernandes é piauiense de Teresina. Médico pela Universidade de Pernambuco (UPE), cardiologista e ecocardiografista pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP).
Poeta, cordelista e pesquisador de cultura popular, com foco na temática “Cangaço”. Tem participação em documentários, capítulos de livro e artigos sobre este tema.
É coautor (em parceria com Antônio Amaury Correa de Araújo) do livro “Lampião: A Medicina e o Cangaço”.
É membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); ocupa a cadeira nº 5 da Academia de Medicina do Piauí, membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), da Sociedade Piauiense de História da Medicina e Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-PI), dentre outras. (Orelha do livro “palavra SERtão”)
Cineas Santos fez a apresentação da obra na solenidade de lançamento, ocorrida na noite do dia 10, no Auditório Prof. Paulo Nunes, na Oficina da Palavra.
   
Leandro Cardoso, que além do mais é um dos maiores e melhores escritores e pesquisadores do tema cangaço, não apenas do Piauí, mas do Brasil, com importantes trabalhos publicados, inclusive em livro, é um poeta de muitos e variados recursos na arte de versejar, pois é versátil e versado.

            Transita do poema de cordel ao poema moderno e erudito com singular facilidade, pelo menos facilidade aparente, pois certa fluidez e espontaneidade que quase sempre lhe percebemos pode ser fruto de estressante luta com as palavras, como no dizer drummondiano.

            Os temas que aborda são os mais diferentes possíveis, e vão das agruras sertanejas, com toda o seu cortejo de misérias e percalços, a temas líricos, amenos e, em alguns momentos, do cotidiano e circunstanciais. E nisto não vai nenhum reparo ou senão, uma vez que sou conhecedor de que o menestrel Manuel Bandeira foi um mestre de belos poemas ditos de circunstância, como muito bem pode ser aferido em Mafuá do Malungo. Nesses versos, Leandro louva o sorriso de uma filha, a saudade da mulher amada e o afeto paterno por toda a prole.

            O nosso bardo não cai nas armadilhas das aparentes facilidades da poesia contemporânea, e por isso, talvez para demonstrar que tem talento e técnica, comete primorosos poemas metrificados e rimados. Para isso, decerto, hauriu as lições dos grandes mestres da poesia, digamos erudita, e dos célebres cordelistas brasileiros, sem preconceitos e sem pruridos elitistas.

            Em alguns de seus poemas, se revela como um consumado artífice de descrições paisagísticas. Torna-se, então, um hábil pintor, e nos seus versos perpassam belas paisagens, mas também asperezas da paisagem nordestina. Por vezes podemos nos deparar com um belo pôr de sol, mas também sermos surpreendidos com uma esquálida e espinhenta caatinga nordestina. Também canta os rios, os mares, as serras e os belos carnaubais verdejantes, como se a natureza estivesse entranhada em sua alma.
            Nem só de cenários trata o seu versejar, mas ainda de cenas, que, se não são épicas nem homéricas, são também relevantes, mesmo quando falam do cotidiano nordestino, porque mostram as mazelas e tragicidade do nosso caboclo, que enfrenta a seca, a miséria e a fome, até culminar na epopeia cinzenta dos retirantes.

Portanto, é um poeta solidário com o sofrimento do bravo sertanejo, que nas palavras de Euclides da Cunha é antes de tudo um forte, a que acrescentarei o adjetivo espartano. Assim, não vive encastelado em etéreas torres ebúrneas, enevoadas, e distanciadas da realidade da terra e do homem que nela vive, sofre e moureja.

            Leandro Cardoso tem um verdadeiro arsenal poético, e, por conseguinte, utiliza os mais variados recursos estilísticos, e figuras e tropos. Não segue o modismo dos poeminhas pequenininhos, geralmente contendo apenas pretensos trocadilhos engraçadinhos. Seus poemas têm “sustância”, com conteúdo vertido em bela forma.

            Contudo, quando os perpetra, nota-se que eles contêm denso conteúdo, senso de humor, e não mero malabarismo rímico, como pode servir de exemplo o sintético poema Namoro, de sabor epigramático:

 – Com licença?
Posso entrar na sua vida?
                        – Desculpe...
Mas detesto despedida!


            É um poeta que veio para ficar e ficou... Ficou e ficará como um de nossos bons poetas.   

2 comentários:

  1. Estivemos presente no lançamento do livro do acadêmico e Vice presidente da Academia de Medicina do Piauí, na Oficina da Palavra, bonita apresentação do Professor Cineas Santos.
    Ontem inauguramos o "ESPAÇO MULTICULTURAL JOSÉ MARQUES DA COSTA - HOSPITAL ITACOR. Convidamos os membros da nossa Academia e Leandro fez um outro lançamento de sua primorosa obra. Muitos foram os Acadêmicos que se fizeram presentes: Dr Wildson Castro, Benjamin Pessoa, Gilvan Andrade, José Lira, José Itamar.
    O livro é uma pérola e encanta a todos os que têm oportunidade de lê-lo.
    Parabéns ao Acadêmico e escritor que é membro titular da ABRAMES(Academia Brasileira de Médicos Escritores - ABRAMES)
    José Itamar Abreu Costa
    Presidente da Academia de Medicina do Piauí

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  2. Caro Dr. Itamar,
    Parabéns pela realização de outro importante evento cultural.
    Infelizmente, motivos adversos me impediram de comparecer, como lhe havia dito.
    Abraço,
    Elmar

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