sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

AMOR AO TRABALHO OU JÁ NÃO SE FAZEM MAIS CAVALHEIROS COMO ANTIGAMENTE

Ilustração escolhida pelo próprio autor do texto abaixo

AMOR AO TRABALHO OU JÁ NÃO SE FAZEM MAIS CAVALHEIROS COMO ANTIGAMENTE

Antonio Gallas

            Ao ler “Gentileza e cavalheirismo não podem estar com os dias contados” de autoria do auditor fiscal Antonio Francisco Sousa, publicado no Blog do poeta Elmar Carvalho, em 10/01/2017, veio-me à mente, que hoje em dia, essas coisas do bem tratar, de se ser gentil, da boa educação, estão ficando démodé. E por duas razões: uma, por esse torvelinho da vida da gente no corre-corre pelos afazeres diários; outra, pelo medo da má interpretação do interlocutor, como foi o caso citado no diálogo que ilustra a crônica acima citada. O que seria uma gentileza da parte masculina, poderia ser interpretada como um assédio pela parte feminina. Todavia nem uma das duas razões justifica que não se possa ser gentil com outrem.

            Após ler a crônica supracitada quedei-me a refletir sobre um diálogo que tive com uma desconhecida que transitava nas proximidades da praça da graça em Parnaíba e que por sua beleza chamava a atenção de todos quantos com ela cruzavam, tamanha sua beleza e elegância. Eu, admirado por sua beleza fiquei a observá-lo por um bom tempo. Ao perceber que eu a estava observando-a, ela iniciou um diálogo, nada amistoso fazendo-me a seguinte indagação: - Você nunca viu uma mulher na sua vida? De pronto respondi: - muitas. Mas com a sua beleza são poucas. Então ela retrucou: - Você me respeite! Do mesmo modo respondi-lhe: - Não estou lhe faltando com respeito. Pelo contrário, estou lhe fazendo um elogio. Novamente ela retrucou: - Você é muito audacioso, seu insolente! Vou dizer pro meu marido. Eu não me fiz de rogado e respondi na mesma pisada, em cima das buchas: - Pode dizer, mas tenho certeza que ele vai concordar comigo.

            Esse diálogo que me inspirou a escrever uma crônica qual inclusive foi publicada no Blog do Poeta Elmar com o título de “Uma linda Mulher”, poderia ter me custado caro se ela entendesse que eu a estava assediando ou mesmo sendo debochado ou insolente  para com ela.

            Mas, como dizia meu pai, o comandante Moysés Pimentel, uma coisa puxa outra, lembrei-me também de que no serviço público, quer seja federal, estadual ou municipal, muitos funcionários não fazem um bom atendimento, não são gentis com as pessoas ou mesmo sequer se dedicam à função que exercem.  É claro que existem as exceções. Há funcionários dedicados, gentis, que desempenham suas tarefas  com amor e dedicação ao trabalho que fazem, enquanto que muitos comparecem à repartição onde são lotados, apenas para cumprir o horário e garantir o salário integral no contracheque ao final do mês.

            Essas observações vêm a propósito de algo que presenciei, ou melhor, vivenciei na companhia do poeta Elmar Carvalho, aqui mesmo nesta “parnaibinha” (não há pejorativo no termo, apenas a forma carinhosa de tratarmos a cidade) abençoada por Nossa Senhora da Graça.

            Poucos dias após o início deste ano, recebo telefonema do poeta e romancista Elmar Carvalho, que também é juiz aposentado, para que eu o acompanhasse a  bibliotecas da cidade onde ele iria fazer doações de livros de sua autoria, entre os quais o romance “Histórias de Évora”.

            Aproveitei a oportunidade para levar exemplares da última edição do Almanaque da Parnaíba- revista da Academia Parnaibana de Letras - e também de levar outros livros que  eu já havia prometido que iria doar.  E assim fizemos.

            Na Biblioteca Municipal fomos muito bem atendidos pela professora Christiane Lins, bibliotecária e chefe de uma equipe de funcionários bastante atenciosos. A professora Christiane fez questão de nos mostrar todas as dependências da nova biblioteca pública de Parnaíba e ficou a escutar nossas conversas por mais de uma hora  inclusive depois da  chegada do  professor  Carvalho, um bom proseador  que atualmente reside em São Luis capital do Maranhão.

            Após as despedidas de praxe, fui com o dr. Elmar a uma outra biblioteca. Desta feita de uma instituição pública de ensino.  A pessoa a quem ele havia prometido que levaria os livros não se encontrava no momento, entretanto a funcionária que lá estava  atendeu-nos de forma adversa ao atendimento que tivemos na Biblioteca Municipal  de Parnaíba, hoje denominada Biblioteca Municipal  Senador Alberto Silva.


            Diante dessas duas situações vem a reflexão: o tempo e as leis fazem com que se perpetue o refrão de que “já não  se fazem mais cavalheiros como antigamente”  e com relação ao  trabalho sabemos que a dedicação e o amor  o tornam mais produtivo, compensador  e nunca fatigante. E pelo que pude observar, o trabalho que está sendo desenvolvido na biblioteca municipal enquadra-se perfeitamente com o pensamento do célebre escritor e pensador libanês Khalil Gibran quando diz: “Todo saber é vão, exceto quando há trabalho. E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor. E quando trabalhais como amor, vós vos unis a vós próprios, e uns aos outros, e a Deus.” (Khalil Gibran)

Nenhum comentário:

Postar um comentário