Tribos de jovens cristãos por mundo melhor
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
“Nós somos jovens, jovens, jovens, / somos exército / exército do surf”. Adianto logo, não sou mais jovem. Apenas me lembrei da adolescência, pirado nas canções, roupas, trejeitos e clichês da Jovem Guarda. A cantora Vanderleia encantava-me.
Olhe só onde essa música me veio à lembrança! Dentro da igreja São João Batista, Bairro São João, sempre lotada de jovens e adolescentes nas noites de domingo. Um hábito comum em outras paróquia e templos evangélicos.
Recordar a música de Vanderleia era comparar aquela multidão de jovens com a minha geração de sonhadores, românticos, rebeldes a padrões antigos, apaixonados por guitarras, Beatles, Roberto Carlos. Os mais intelectualizados, curtiam Chico Buarque ou “engajados, dentro do contexto” de protesto. Em outro canto, os alienados sem consciência política, hippies de primitiva cultura tribal, consumindo maconha “numa boa, paz e amor”, roupas rústicas, dóceis, semelhantes a moradores de rua, hoje. Aqueles jovens da igreja pareciam mais próximos de Deus do que a minha geração. O alienante “exército surf” da Vanderleia nada tinha a ver com o batalhão de jovens que se dedica à experiência de Deus, em vez da alucinante indústria de consumo, erotismo e badalações do mundo moderno. Expressiva parcela da geração atual pertence a movimentos carismáticos, que exercitam carismas do Espírito Santo, nas paróquias católicas e evangélicas, uma espécie de pentecostalismo vivo. O espírito renovador do Concílio Vaticano II despertou, no passado, forte consciência social e estrutural da Igreja Católica. Se o mundo já podia pisar na Lua, por que não subir a montanha da transfiguração do espírito?
Dos anos 60 para cá, multiplicaram-se as tribos e exércitos de jovens cristãos, com diferentes denominações: ENCONTRO DE JOVENS COM CRISTO, RENOVAÇÃO CARISMÁTICA, RENASCER, SHALOM, AVIVAMENTO e tantas outras no mundo. Os movimentos carismáticos seguem, em geral, uma programação de gosto jovem: bandas de cantos, testemunhos, orações, palestras, concentrações em sítios e salões, brincadeiras, durante finais de semana, dia todo. A cada dia cresce o movimento de jovens cristãos. Em Fortaleza, o Carnaval com Cristo da comunidade Shalom bateu, em público, o carnaval das bandas, preocupando entidades turísticas, que tentam mudar o evento jovem para outra data.
As comunidades de jovens com Cristo não vivem só de retiros e orações: desenvolvem assistência social aos mais carentes. Parte do clero de esquerda torce o nariz, ao tecer críticas e ofensas aos jovens com Cristo, por não misturar fé com política.
Em Teresina, o jesuíta Padre Luciano, diretor do Colégio Diocesano, nos anos 70, iniciou os primeiros encontros de jovens com Cristo, reunindo estudantes daquele educandário na Socopo. Hoje, outras paróquias e instituições evangélicas concentram centenas de adolescentes e jovens, especialmente em finais de semana, carnaval e feriados prolongados. Em tempo de tanta violência, corrupção e moralidade à deriva, estamos a um passo de profundas mudanças.
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