terça-feira, 22 de maio de 2018

Tem que ser coisa boa a perder de vista

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Fonte: Google


Tem que ser coisa boa a perder de vista

Pádua Marques*

Quando fui estudar em Fortaleza, uma das coisas que, logo na viagem, assim de cara, mais me impressionou foi a rodoviária. Ainda quase um menino, nunca havia saído daqui até o Buriti dos Lopes, tinha pouco o que contar de minha terra. Eu e meus colegas ficamos de boca aberta, de queixo caído com aquela beleza de arquitetura, suas colunas, passarelas, amplos espaços de circulação, ônibus chegando e saindo de tudo quanto era canto, guichês bem localizados e tudo o mais.

Nada lembrava aquilo que deixamos na capoeira da Parnaíba e que alguns sossegados achavam ser a cidade mais desenvolvida do mundo. Uma agência de ônibus na esquina de uma rua, a Humberto de Campos e que fazia o papel de rodoviária. A outra agência, dita do Marimbá, com destino a Teresina, ficava nas proximidades da Álvaro Mendes. Tudo como uma cidade pequena queria ser e que se acostumou ainda por muitos anos sendo.

Fortaleza nos impressionou pelo tamanho, a quantidade de carros, edifícios de vários andares, avenidas, supermercados imensos, praças e restaurantes de excelente aspecto, lojas grandes e elegantes. Nem pareciam a nossa acanhada rua Marechal Deodoro com sua Pernambucanas, Armazém Bandeirantes, O Ditador da Moda, Casa dos Esportes e mais lá na praça da Graça, a Casa Cristino e a Rosemary. Isso era tudo e tudo o que nós da Parnaíba tínhamos de melhor.

Depois de Fortaleza fui estudar e trabalhar no Rio de Janeiro e lá acabei me acostumando com toda aquela imensidão de coisas grandes. O Maracanã, o aterro do Flamengo, a Mesbla, ponte Rio-Niteroi. Ficasse aqui contando nos dedos não haveria de ter dedo nas mãos e nos pés que desse conta de tanta coisa grande que vi na vida e pelo mundo onde andei. Fui me estabelecer em São Paulo e aí foi que a coisa ficou num ponto que depois jamais me acostumei com mesquinharia.

E foi essa vontade que tive de um dia se tivesse condições, eu faria pela Parnaíba se tornar grande, igual o mundo que vi lá fora e que me deu ideia de desenvolvimento, de progresso. Uma cidade cheia de bons e grandes edifícios, escolas, universidades, avenidas, terminais de cargas, ônibus, estações de passageiros, bancos, teatros, estádios, shoppings, enfim tudo aquilo que a gente sonha ser bom num lugar pra se viver e principalmente onde corre dinheiro.

Nessa semana andei sabendo que o prefeito Mão Santa, meu conterrâneo e colega de Academia Parnaibana de Letras, sonha construir um dos empreendimentos mais significativos de uma cidade que preste, um centro de convenções. Faz tempos que eu venho falando isso desde que aqui cheguei. Quem procurar nos jornais daquela época vai encontrar estas minhas cobranças com relação a um centro de convenções pra Parnaíba.

Não se entende uma cidade já do tamanho da Parnaíba, onde todo que é santo dia tem coisa acontecendo, realizar eventos de qualquer ordem e tamanho tendo que usar auditórios do tamanho de uma casca de ovo. Eventos que, se forem convidadas trezentas pessoas e se chegar uns poucos a mais, vão certamente ficar lá fora ou em pé. Mas bom que se diga de uma vez por todas: um centro de convenções, assim como outros empreendimentos, é um equipamento próprio de iniciativa privada.

Não é coisa pra ser gerenciada por prefeitura ou qualquer tipo de órgão de governo. Governo não sabe dirigir nem ele próprio. Se sair esse centro de convenções, digo mais, que se passe em seguida pra uma empresa privada com capacidade e experiência. Se sair mesmo esse centro de convenções, que seja grande e coisa boa a perder de vista! Porque de coisas pequenas já bastam algumas ideias que se materializaram e perpetuaram na Parnaíba. 

*Pádua Marques é jornalista e membro da Academia Parnaibana de Letras.

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