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Tem que ser coisa boa a perder de vista
Pádua Marques*
Quando fui estudar em
Fortaleza, uma das coisas que, logo na viagem, assim de cara, mais me
impressionou foi a rodoviária. Ainda quase um menino, nunca havia saído daqui
até o Buriti dos Lopes, tinha pouco o que contar de minha terra. Eu e meus
colegas ficamos de boca aberta, de queixo caído com aquela beleza de
arquitetura, suas colunas, passarelas, amplos espaços de circulação, ônibus
chegando e saindo de tudo quanto era canto, guichês bem localizados e tudo o
mais.
Nada lembrava aquilo que
deixamos na capoeira da Parnaíba e que alguns sossegados achavam ser a cidade
mais desenvolvida do mundo. Uma agência de ônibus na esquina de uma rua, a Humberto
de Campos e que fazia o papel de rodoviária. A outra agência, dita do Marimbá,
com destino a Teresina, ficava nas proximidades da Álvaro Mendes. Tudo como uma
cidade pequena queria ser e que se acostumou ainda por muitos anos sendo.
Fortaleza nos
impressionou pelo tamanho, a quantidade de carros, edifícios de vários andares,
avenidas, supermercados imensos, praças e restaurantes de excelente aspecto, lojas
grandes e elegantes. Nem pareciam a nossa acanhada rua Marechal Deodoro com sua
Pernambucanas, Armazém Bandeirantes, O Ditador da Moda, Casa dos Esportes e
mais lá na praça da Graça, a Casa Cristino e a Rosemary. Isso era tudo e tudo o
que nós da Parnaíba tínhamos de melhor.
Depois de Fortaleza fui
estudar e trabalhar no Rio de Janeiro e lá acabei me acostumando com toda
aquela imensidão de coisas grandes. O Maracanã, o aterro do Flamengo, a Mesbla,
ponte Rio-Niteroi. Ficasse aqui contando nos dedos não haveria de ter dedo nas
mãos e nos pés que desse conta de tanta coisa grande que vi na vida e pelo
mundo onde andei. Fui me estabelecer em São Paulo e aí foi que a coisa ficou
num ponto que depois jamais me acostumei com mesquinharia.
E foi essa vontade que
tive de um dia se tivesse condições, eu faria pela Parnaíba se tornar grande, igual
o mundo que vi lá fora e que me deu ideia de desenvolvimento, de progresso. Uma
cidade cheia de bons e grandes edifícios, escolas, universidades, avenidas, terminais
de cargas, ônibus, estações de passageiros, bancos, teatros, estádios,
shoppings, enfim tudo aquilo que a gente sonha ser bom num lugar pra se viver e
principalmente onde corre dinheiro.
Nessa semana andei
sabendo que o prefeito Mão Santa, meu conterrâneo e colega de Academia
Parnaibana de Letras, sonha construir um dos empreendimentos mais
significativos de uma cidade que preste, um centro de convenções. Faz tempos
que eu venho falando isso desde que aqui cheguei. Quem procurar nos jornais
daquela época vai encontrar estas minhas cobranças com relação a um centro de
convenções pra Parnaíba.
Não se entende uma cidade
já do tamanho da Parnaíba, onde todo que é santo dia tem coisa acontecendo,
realizar eventos de qualquer ordem e tamanho tendo que usar auditórios do
tamanho de uma casca de ovo. Eventos que, se forem convidadas trezentas pessoas
e se chegar uns poucos a mais, vão certamente ficar lá fora ou em pé. Mas bom
que se diga de uma vez por todas: um centro de convenções, assim como outros
empreendimentos, é um equipamento próprio de iniciativa privada.
Não é coisa pra ser
gerenciada por prefeitura ou qualquer tipo de órgão de governo. Governo não
sabe dirigir nem ele próprio. Se sair esse centro de convenções, digo mais, que
se passe em seguida pra uma empresa privada com capacidade e experiência. Se
sair mesmo esse centro de convenções, que seja grande e coisa boa a perder de
vista! Porque de coisas pequenas já bastam algumas ideias que se materializaram
e perpetuaram na Parnaíba.
*Pádua
Marques é jornalista e membro da Academia Parnaibana de Letras.
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