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EDUCAÇÃO E LÍNGUA ESCRITA
Cunha e Silva Filho
Dois problemas momentosos almejo discutir
sumariamente aqui nesta página: a) o uso da língua portuguesa dito culto; b) a
educação do usuário da língua escrita. É apenas uma artigo, um repto, um
desagravo a uma pessoa querida, sem pretensão alguma de escrever um ensaio
linguístico, gramatical ou filológico.
Porém, pretendo tecer algumas considerações
de natureza ética e linguística quanto a práticas imoderadas e deselegantes de
usuários do Facebook ou de outras mídias de, vez por outra, particularizando
uma pessoa de méritos incontestes e de abalizado conhecimento de uso do
vernáculo comprovado em esmerada argumentação do seu discurso técnico-jurídico
e até literário e devidamente comprovado com a sua sólida formação acadêmica em
instituições de ponta no país.
Desnecessário nomear aqui o
elevado nível de competência entre os seus pares na área de atuação intelectual
e profissional. Não vou exibir tampouco os títulos e o rico curriculum da
pessoa atingida por ser desnecessário e por ser o autor um estudioso de
primeira linha.
A qualquer usuário do Facebook e
quejandos não cabe a leviana pretensão de arvorar-se em sair por aí
“corrigindo” a esmo textos alheios visto que, se assim proceder, dará um
exemplo de absoluta falta de educação e de desrespeito com o autor do texto,
principalmente sem ter a mínima intimidade ou privacidade com o autor do texto
criticado quanto a usos da língua escrita ou mesmo oral.
Palpitando às cegas sem ser autorizado e
sem a vênia do autor, em questões gramaticais envolvendo mais do que um mero
uso normativo ou culto do vernáculo é se expor ao ridículo e dar atestado de
ignorância extrema de uma boa educação exigida no relacionamento social. Melhor
seria afirmar mais categoricamente como um péssimo exemplo de grosseria com
alguém que não conhece. A querela do certo ou errado foi praticamente alijada
da visão avançada dos linguistas mais atualizados em nosso país. Já se foi o
tempo do certo do errado em assuntos de linguagem nos moldes do velhusco
gramático e filólogo luso Cândido de Figueiredo, entre outros, inclusive
brasileiros.
Tenho observado, no espaço do Facebook, que muita gente anda se
comportando com se fosse detentora do conhecimento da língua portuguesa e é,
nesse sentido, que o presente artigo tem a sua razão de ser e se torna
oportuno. Procurar catar solecismos e outros vícios de linguagem em usuários
virtuais não é o procedimento correto. Há outros modos de se corrigir alguém
sem constrangimento que cometa um deslize gramatical, uma erro de concordância
ou um uso controvertido do infinitivo flexionado ou inflexionado. – questão, de
resto, controvertida em muitos ângulos, porquanto não só está atrelada ao fato
meramente gramatical, mas à estilística fônica, por exemplo.
O conceito de erro gramatical, de certo ou
errado, mudou drasticamente após os desenvolvimentos da linguística no mundo e
no país. Após estudos apurados no campo da sociolinguística, nos conceitos de
níveis da fala, de registros linguísticos. Tudo passa a ter um novo enfoque a
me lembrar aquela observação do gramático Brian Kelly ainda pertinente aos
nossos tempos:[...] “Se as regras de gramática diferem do uso culto, então a
gramática tem que mudar, pois a gramática foi construída para a língua, e não a
língua para a gramática.(An advanced English course for foreign student.
London: Longmans, Green and C., 1940, p. 352.).[Tradução minha]
Por conseguinte, o vício errôneo de
enxergar erros gramaticais nos outros não é recomendável a uma pessoa instruída
e polida. Uma derradeira observação, não precisamos arrolar tantos autores mais
avançados na questões de correção gramatical e uso do português.
Recomendo um pelo menos, que
aborda tais questões com alta competência e atualidade: Marcos Bagno, Veja dele
o opúsculo Preconceitos linguísticos - o que é, como se faz. 52ª edição. São
Paulo: Edições Loyola, 1999.
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