domingo, 25 de agosto de 2019

Livro

Fonte: Google


LIVRO

Weliton Carvalho

                  a Anthony Leahyr

          Folhas que o outono guarda
          para as solidões dos invernos:

lareira que aquece os calafrios mais sombrios,
          confessor de pecado e santidade,

           onde as palavras se reconhecem plenas
           de amor, beleza e angústia, que tudo nele
                       se (re)inventa mistério

             e nada se decifra por completo,
                 porque tudo prenhe de vida
       – fina sinfonia que rege todo universo:

                  o mundo não basta em si,
                     é preciso reinventá-lo.
          (o mundo, simplesmente, transborda)

          Não seria o livro um modo de negar a morte?

Por agora e ainda converso com Shakespeare e Cervantes
   e os apresento aos meus filhos, que se encantam tanto.
   
Gutenberg inventou a máquina de sonhar em vigília
   e recolheu as folhas do outono para a primavera –
   quando no verão o livro plana à flor do vento lilás,

        porque o livro guarda o mundo em colorido,
           que os homens perdem a cada instante.   

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