No lançamento dos livros de Homero Castelo Branco, no sábado
passado, de que tive a honra de ser prefaciador e um dos apresentadores na
solenidade acadêmica, encontrei o amigo Carlos Rubem, que me apresentou a
escritora Sissi Carvalho, natural de Oeiras, mas radicada no Rio de Janeiro
(RJ) desde os anos 1980, onde exerce as funções de médica epidemiologista. Sua vocação
literária nasceu desde que ela era muito jovem, ainda em sua terra natal,
quando publicou seus primeiros poemas nos jornais A Luz e o Cometa. Sócia do
Instituto Histórico de Oeiras, desde a sua fundação. Foi colaboradora do Portal do Sertão da Fundação Nogueira Tapety.
Para minha satisfação ela me ofertou seu romance O amor
desfeito em pó, editado e lançado recentemente. Trata do difícil e, às vezes,
trágico relacionamento entre um dependente químico e a mãe. É uma primorosa edição,
mesmo caprichosa, formatada pelo grande artista plástico Antônio Amaral, que,
além do projeto gráfico, ainda lhe fez esmeradas ilustrações. Em Nota da Autora
e no capítulo inicial, podemos perceber que Sissi é de fato uma notável
escritora, uma verdadeira estilista, contudo, de frases curtas, concisas, em
que a precisão vocabular se reveste de legítima objetividade e clareza, sem a
necessidade de supérfluos adornos.
Da orelha, recolho as seguintes palavras de Sônia de Andrade
Barros, psicóloga e artista da dança: “A complexidade das relações, ora
explicitadas, ora omitidas, mas não menos presentes nesse relato, já nos alerta
para uma postura de não julgamento, mas de acolhimento do sofrimento dos
personagens envolvidos. A seara de certo e errado não nos aproxima de uma possível
e mais aprofundada leitura da realidade, embora estejamos sempre tentados a
frequentá-la.” De tudo isso me emerge a convicção de que Sissi construiu
personagens de verdade, de carne, sangue e ossos, e não simples simulacros ou
mesmo caricaturas, mas criaturas como nós, com virtudes e defeitos.
Como uma homenagem à autora e seu livro, transcrevo o
seguinte trecho do posfácio de Edmar Oliveira, psiquiatra de longa experiência,
além de notável romancista, memorialista e cronista: “Para finalizar, sugeriria
uma releitura do texto de Sissi. Descubram agora a leveza e o humor com que a
autora encara uma história de suor e lágrimas. Reveja as estratégias usadas
pela personagem mãe para lidar com a sua culpa e não se deixar abater pelo peso
do fardo que deve sempre levar ao topo da montanha.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário