Fonte: Google/Uol |
ESTARIA O CORONAVÍRUS FECHANDO O
CERCO?
Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Três
ou quatro semanas atrás, diante das perspectivas alvissareiras, vindas até
mesmo do Brasil, de onde se falava estarem no forno medicamentos secretos,
ufanei-me ante a possibilidade de, enfim, poder comemorar, senão o fim, um
tratamento paliativo ou inusitado para as moléstias causadas pelo maldito coronavírus.
Dias
depois, novas informações acrescentadas às muitas especulações circulantes,
inerentes a possíveis inéditas complicações e descobertas referentes ao vírus e
à virose, induziram-me a algumas deduções: uma adveio da leitura de um
pensamento, segundo informava o texto, de Goethe: “para saber alguma coisa
seria necessário saber tudo”; ou seja, quase nada sabemos a respeito do
coronavírus, pois, mesmo sobre o pouco que imaginamos saber, temos dúvidas....
A segunda veio na forma de concordância ipsis litteris com a conclusão a que
chegou doutor em doenças infecciosas e parasitológicas do Hospital das
Clínicas, antes do primeiro caso da virose no Brasil: “não há um ser humano
livre de adquirir essa infecção”...
Estatisticamente,
hoje, ele mata por pneumonia; eliminaria mais indivíduos portadores de sangue
do tipo A; liquida muitos por insuficiência múltipla de órgãos; já se fala que
causa úlceras e lesões digitais, trombose, logo, também haverá casos de
mortalidade em decorrência de essa patologia; pode incrementar, nos infectados,
os casos de acidente vascular-cerebral; desconfia-se de que o vírus poderia
afetar os neurônios. Quais seriam as outras espécies de afecções que poderiam
levar as vítimas à morte? Sabe-se lá. Estar-se-ia andando às tontas?
Isolamento,
uns acham que não é solução, pois matará de fome – antes que o vírus o faça –
pobres, desempregados, abandonados socialmente. Fato é que, infelizmente,
sempre foram mais sacrificados os menos abonados – social e, economicamente -,
com ou sem coronavírus. Máscara? não basta. Distanciamento, que é isso? Qual,
matematicamente, a distância a ser respeitada, de modo a evitar-se o contágio?
Um metro e meio? Há controvérsia. Ninguém sabe, eis a verdade...
Outro
dia, análises feitas nas proximidades de recentes hospitais de campanha
construídos, descobririam resquícios de coronavírus; somente exames mais
apurados diriam se as populações e transeuntes que moram ou trafegam nas
imediações daqueles temporários nosocômios correriam ou não risco de contrair o
vírus.
Já se ouviu dizer que encontraram
vestígios do coronavírus em sistemas de esgoto, logo rechaçada a possível
periculosidade; nas quantidades e condições verificadas, concluíram que não
causariam mal; cientistas também constataram a presença do patógeno em fezes,
sêmen, urina de pessoas que não mais o apresentavam nos pulmões ou vias
respiratórias…Seriam apenas novas cenas de terror, ou estaria o vírus – o atual
dono do mundo -, de fato, fechando o cerco?
Com
o enovelamento cada vez maior de tudo que envolve e cerca o assassino
microrganismo, será que aquele ex-ministro que quase virou, novamente, ministro
– o que disse que quarentena é coisa de classe-média, que tem geladeira cheia e
dinheiro no banco, o pobre está mais preocupado com a fome do que com o vírus
-, e o liberalista empresário paranaense do ramo de restaurantes, que afirmou
serem as poucas mortes causadas pela COVID-19 motivo insuficiente para parar-se
o país, ainda pensam da mesma forma, não teriam se convencido de que o
isolamento é, ainda, o melhor remédio contra o peste? O antolho churrasqueiro
sulista e o insosso ex-ministro, certamente, não viram nem leram, ou, se o
fizeram, deram-se olhos de cego, a oportuníssima e inteligente expressão -
depois replicada por pessoas que não pensam como esses dois - dita pelo
empresário americano, dono da segunda maior fortuna do universo, e que anda
investindo milhões de seus dólares, também, em pesquisas de medicamentos e
vacinas contra o coronavírus: “economia a gente ressuscita, mortes, não”...
Com
todo o povo nas ruas, exposto, liberadas todas as atividades mercantis, como
querem indivíduos feito aqueles carniceiros acima citados, nem precisaria estar
certo o médico-cientista do Hospital das Clínicas, o que veríamos talvez não
fossem os negócios indo de venda em popa, lucros e empregos recuperados, mas,
mantida essa falta de sincronismo entre o ininterrupto surgimento de novas
letalidades para o coronavírus e a descoberta de drogas ou tratamentos
efetivos, não o fim da virose, mas, provavelmente, ela matando um número
infindável de pessoas, enquanto outras aguardam sua vez.
Ah!
Se estivessem blefando, atônitos, perdidos, ou apenas querendo justificar
investimentos, empregos, a conquista de espaço nas mídias, esses que nos
sufocam com informações e contrainformações sobre o mesmo tema. Por não se
saber serem verdadeiras ou não, em vez de nos acalmar, angustiam e nos
amedrontam; como naquela parábola da cobra e da lagartixa, em que o picado por
esta morre de medo e não do veneno, por pensar ter sido a serpente, à qual viu,
que o picara.
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