segunda-feira, 11 de maio de 2020

ESTARIA O CORONAVÍRUS FECHANDO O CERCO?

Fonte: Google/Uol


ESTARIA O CORONAVÍRUS FECHANDO O CERCO?

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

    

                Três ou quatro semanas atrás, diante das perspectivas alvissareiras, vindas até mesmo do Brasil, de onde se falava estarem no forno medicamentos secretos, ufanei-me ante a possibilidade de, enfim, poder comemorar, senão o fim, um tratamento paliativo ou inusitado para as moléstias causadas pelo maldito coronavírus.

                Dias depois, novas informações acrescentadas às muitas especulações circulantes, inerentes a possíveis inéditas complicações e descobertas referentes ao vírus e à virose, induziram-me a algumas deduções: uma adveio da leitura de um pensamento, segundo informava o texto, de Goethe: “para saber alguma coisa seria necessário saber tudo”; ou seja, quase nada sabemos a respeito do coronavírus, pois, mesmo sobre o pouco que imaginamos saber, temos dúvidas.... A segunda veio na forma de concordância ipsis litteris com a conclusão a que chegou doutor em doenças infecciosas e parasitológicas do Hospital das Clínicas, antes do primeiro caso da virose no Brasil: “não há um ser humano livre de adquirir essa infecção”...

                Estatisticamente, hoje, ele mata por pneumonia; eliminaria mais indivíduos portadores de sangue do tipo A; liquida muitos por insuficiência múltipla de órgãos; já se fala que causa úlceras e lesões digitais, trombose, logo, também haverá casos de mortalidade em decorrência de essa patologia; pode incrementar, nos infectados, os casos de acidente vascular-cerebral; desconfia-se de que o vírus poderia afetar os neurônios. Quais seriam as outras espécies de afecções que poderiam levar as vítimas à morte? Sabe-se lá. Estar-se-ia andando às tontas?

                Isolamento, uns acham que não é solução, pois matará de fome – antes que o vírus o faça – pobres, desempregados, abandonados socialmente. Fato é que, infelizmente, sempre foram mais sacrificados os menos abonados – social e, economicamente -, com ou sem coronavírus. Máscara? não basta. Distanciamento, que é isso? Qual, matematicamente, a distância a ser respeitada, de modo a evitar-se o contágio? Um metro e meio? Há controvérsia. Ninguém sabe, eis a verdade...

                Outro dia, análises feitas nas proximidades de recentes hospitais de campanha construídos, descobririam resquícios de coronavírus; somente exames mais apurados diriam se as populações e transeuntes que moram ou trafegam nas imediações daqueles temporários nosocômios correriam ou não risco de contrair o vírus.

Já se ouviu dizer que encontraram vestígios do coronavírus em sistemas de esgoto, logo rechaçada a possível periculosidade; nas quantidades e condições verificadas, concluíram que não causariam mal; cientistas também constataram a presença do patógeno em fezes, sêmen, urina de pessoas que não mais o apresentavam nos pulmões ou vias respiratórias…Seriam apenas novas cenas de terror, ou estaria o vírus – o atual dono do mundo -, de fato, fechando o cerco?

                Com o enovelamento cada vez maior de tudo que envolve e cerca o assassino microrganismo, será que aquele ex-ministro que quase virou, novamente, ministro – o que disse que quarentena é coisa de classe-média, que tem geladeira cheia e dinheiro no banco, o pobre está mais preocupado com a fome do que com o vírus -, e o liberalista empresário paranaense do ramo de restaurantes, que afirmou serem as poucas mortes causadas pela COVID-19 motivo insuficiente para parar-se o país, ainda pensam da mesma forma, não teriam se convencido de que o isolamento é, ainda, o melhor remédio contra o peste? O antolho churrasqueiro sulista e o insosso ex-ministro, certamente, não viram nem leram, ou, se o fizeram, deram-se olhos de cego, a oportuníssima e inteligente expressão - depois replicada por pessoas que não pensam como esses dois - dita pelo empresário americano, dono da segunda maior fortuna do universo, e que anda investindo milhões de seus dólares, também, em pesquisas de medicamentos e vacinas contra o coronavírus: “economia a gente ressuscita, mortes, não”...

                Com todo o povo nas ruas, exposto, liberadas todas as atividades mercantis, como querem indivíduos feito aqueles carniceiros acima citados, nem precisaria estar certo o médico-cientista do Hospital das Clínicas, o que veríamos talvez não fossem os negócios indo de venda em popa, lucros e empregos recuperados, mas, mantida essa falta de sincronismo entre o ininterrupto surgimento de novas letalidades para o coronavírus e a descoberta de drogas ou tratamentos efetivos, não o fim da virose, mas, provavelmente, ela matando um número infindável de pessoas, enquanto outras aguardam sua vez.

                Ah! Se estivessem blefando, atônitos, perdidos, ou apenas querendo justificar investimentos, empregos, a conquista de espaço nas mídias, esses que nos sufocam com informações e contrainformações sobre o mesmo tema. Por não se saber serem verdadeiras ou não, em vez de nos acalmar, angustiam e nos amedrontam; como naquela parábola da cobra e da lagartixa, em que o picado por esta morre de medo e não do veneno, por pensar ter sido a serpente, à qual viu, que o picara.       

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