Banda Wave Instrumental |
DIÁRIO
[A 2ª Live Lítero-Musical Oeirense]
Elmar Carvalho
03/08/2020
Na quarta ou na quinta-feira, por WhatsApp, o amigo Carlos Rubem, dinâmico presidente da Fundação Nogueira Tapety, me noticiou que na sexta-feira, dia 24, a partir das 17 horas, seria apresentada a Live Lítero-Musical Oeirense – 2ª edição. Me pediu não a deixasse de assistir. Assim, na hora marcada fiquei de prontidão, e assisti a um belo e verdadeiro sarau, em que se intercalavam sessões de músicas e de poemas, através da plataforma You Tube. A banda Wave Instrumental se apresentou de forma esplêndida, irrepreensível.
A live (ou sarau) foi apresentada
por Carlos Rubem, postado no alto do Mirante do Morro da Cruz. É um belo lugar,
de belo e sugestivo nome, de onde, em um raio de 360 graus, se contempla uma
belíssima paisagem bucólica e urbana de Oeiras. Já estive nesse belvedere, como
o chamou Carlos Rubem em sua empolgante e empolgada apresentação, em tempos
idos, onde se passou um fato engraçado, quase anedótico, que registrei numa de
minhas crônicas oeirenses. Na abertura, tive a subida honra de ter alguns
versos de meu Noturno de Oeiras recitados, com entusiasmo, pelo apresentador.
Como bem me lembrou Carlos, por
WhatsApp, naquela remota ocasião eu disse que ali era um excelente lugar para
realização de atividade cultural, e disse que ele bem se prestaria a ser uma
espécie de anfiteatro, em que seriam colocadas, em locais estratégicos, placas
com poemas sobre a bela velha capital. Carlos concordou, e disse que envidaria
esforços com esse objetivo. Por motivos alheios a sua vontade, essa galeria dos
poemas ainda não se concretizou, mas ele me disse que esse sonho continua vivo
em seu coração, e que um dia ainda há de se tornar realidade.
Tendo estado na velha urbe em
diferentes ocasiões e tendo nela exercido minha profissão, ainda que por um
curto período, por motivo de doença, pude constatar que Oeiras é mesmo uma
terra diferenciada. Considerando-se uma espécie de média, ainda não medida pela
estatística, nota-se que o oeirense em geral é educado, cortês, amante da
cultura, das artes em geral, sobretudo da poesia e da música, além de sua
acentuada e tradicional religiosidade católica, que assume por suas
peculiaridades quase um caráter cultural, que enseja, sem dúvida, um turismo
religioso, mormente nas grandes efemérides católicas. Certos atos solenes dessa
liturgia são quase uma espécie de encenação, quase por assim dizer, sem nenhuma
conotação pejorativa, um verdadeiro, sincero e reverente teatro da fé e da
religiosidade.
No sarau internético pude constatar
o quanto a velha cidade é musical e poética. A escolha do repertório foi muito
criteriosa, com a apresentação de músicas de diferentes épocas e estilo, mas
todas de alta qualidade, em que o bom-gosto predominou. Não ouvi nenhuma dessas
músicas horrorosas dos dias de hoje, em que impera a baixaria e o mau-gosto,
além dos duplos sentidos debochados e mesmo escatológicos.
Sobretudo, foram executadas lindas
melodias, que fazem parte do cancioneiro da melhor bossa nova, dos sambas
tradicionais e das pérolas da MPB. Foi apresentada uma linda polca, titulada
Invicta, composta pelo ilustre maestro Aurélio Melo, oeirense, que além de ser
uma exaltação à velhacap, também é uma rememoração do célebre episódio em que o
governo federal tentou mudar o nome de Oeiras, por causa de sua homônima
paraense, em cuja luta diversos intelectuais oeirense se insurgiram contra a
mudança, e lutaram pela permanência do velho e histórico nome. A campanha
terminou sendo vitoriosa, pelo que a antiga metrópole piauiense ficou com o
epíteto de Invicta.
Na live foram inseridos excelentes
audiovisuais de poemas, em que muitos poetas declamaram textos de sua própria
autoria; em que outros poemas foram recitados por outras pessoas, sobretudo,
óbvio, os de poetas já falecidos, entre os quais Gerson Campos, Nogueira Tapety, Gaudêncio Carvalho e Luiz Lopes Sobrinho. Foram belos e criativos poemas, muitos da contemporaneidade, outros da
tradição lírica, metrificados e rimados. Além da imagem de quem dizia o poema,
foram insertas imagens da paisagem oeirense e outras, conforme o conteúdo do
texto.
Também foram exibidas, na seção
denominada Eternamente Oeiras, fotografias que captaram flagrantes de figuras
emblemáticas, de solenidades comemorativas de efemérides históricas e
religiosas, em que apareciam os prédios históricos, os vetustos solares e
sobrados, prenhes de histórias e saudade, as igrejas, e as lindas praças e
jardins da velha cidade colonial, que ainda se conserva admiravelmente
preservada, apesar das dentadas das intempéries, das chuvas, do vento e do
tempo, e da incúria de uns poucos.
Por fim, coroando e arrematando a excelente live ou sarau lítero-musical, houve o apoteótico encerramento, como já é uma praxe, em que foi executado o belo e vibrante Hino de Oeiras, que nos faz vibrar as cordas mais sensíveis de nosso coração, cuja letra é do escritor e poeta José Expedito Rêgo e a música do maestro Dionísio Rosa Reis.
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