Fonte: Viagem na Itália/Google |
Carlos Henriques Araújo
Escritor, memorialista e cronista
Todos
somos juízes, juízes dos outros; nunca paramos para julgar nossas ações;
ninguém gosta de ser julgado, mas a todo instante estamos julgando os outros.
Por que é tão difícil ser feliz ou fazer alguém feliz, e tão fácil ficarmos
tristes e magoar os outros? Por que rimos da topada dos outros, e logo depois
sentimos pena pela queda? Por que é tão difícil dizer: eu te amo, mesmo quando
se ama? Por que ficamos calados, quando no fundo gostaríamos de ter dito tantas
coisas, mas só depois nos damos conta disso? Por que é tão difícil reconhecer
nossos erros mesmos sabendo que estamos errados?
É
mais fácil ser fiel, mas preferimos nos aventurar mesmo nos arriscando; não
valorizamos o amor que temos, quando o perdemos, ficamos a lamentar; enxergamos
um cisco no olho do outro e não percebemos uma trave no nosso; é difícil olhar
as pessoas sem estar analisando-as e julgando-as; se a vemos num carro novo,
pensamos logo: melhorou de vida ou o que é pior, está roubando; no fundo, não
estamos seguros se ficamos alegres ou com uma réstia de inveja; se a
encontramos indo a pé para o ponto do ônibus, achamos que está arruinada,
falida;
Fazemos que não a vemos para não lhe causar
vergonha, ou oferecemos uma carona só para humilhá-la; não paramos de julgar os
outros à luz dos preconceitos: se for desquitada, é fácil; se passou dos trinta
e não casou, é coroa; se costuma ir à igreja é carola; se é rico, bonito,
passou dos quarenta e ainda está solteiro, é bicha; se ficou rico em pouco
tempo, é porque roubou; se é casado e começa a sair sozinho, está com problema
no casamento ou se separando.
Por que não nos colocamos no lugar do outro para sermos julgados? Por que é tão difícil pedir perdão como também perdoar? Por que é tão fácil falar e tão difícil ouvir? Por que é tão difícil ajudar ao próximo mesmo quando temos de sobra? Por que nos indignamos e nada fazemos para mudar esta realidade, mesmo sabendo que agindo assim fazemos a diferença e estamos contribuindo para melhorar este mundo?
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