segunda-feira, 9 de novembro de 2020

AH! SE FALTA DE RESPEITO DOESSE

Fonte: Google


AH! SE FALTA DE RESPEITO DOESSE


Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

                

Vou falar sobre dois assuntos: a insuperável criatividade da bandidagem no que tange à aplicação de golpes financeiros, tanto em correntistas, quanto nos proprietários de cartões de crédito administrados por instituições financeiras. Por mais que alguém se julgue esperto, não seria estranho se, de repente, viesse a ser vítima de algum deles.

                O outro tema é a greve de cobradores e motoristas de transporte coletivo que, por aqui, recorrentemente, os sindicatos das categorias retomam ou permitem. Na nova, a que começou no final do mês de outubro -, a justificativa defendida pelo SINTETRO - Sindicato dos Trabalhados em Empresas de Transporte Rodoviário do Piauí, para sua deflagração é velha: patrões empresários não estariam efetuando pagamento de benefícios como o tíquete alimentação ou o plano de saúde dos empregados. O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina - SETUT, por sua vez, afirma que a motivação para a paralisação é pífia, já que o pagamento de tais benefícios não fazia parte dos itens negociados, coletivamente, lá atrás.  No meio desse imbróglio, além do desrespeito ao cidadão, outro fato saltou das notícias vazadas pela mídia: o SINTETRO, defensor do movimento paredista, teria sido penalizado pela justiça do trabalho, em uma multa diária de cem mil reais por desobediência à decisão de instância daquela corte, de que, pelo menos, setenta por cento dos serviços de transporte coletivo urbano, precisariam ser prestados. Ora, se a entidade sindical tem disponibilidade financeira para pagar tanto dinheiro a fim de bancar uma greve questionada, com risco de os filiados serem perdedores, haja vista os patrões anunciarem que os motivos que a justificariam não seriam fortes o bastante, do ponto de vista legal, para mantê-la, por que, enquanto discute a legalidade ou não do acordo, no qual dizia estarem incluídos os tais benefícios, não financia os mesmos aos filiados? Grana não parece ser o problema. Vencedor do perrengue, buscaria o ente sindical reaver, junto aos patrões, os valores adiantados, acrescidos dos gravames jurídico-financeiros. E vamos em frente, respeitando toda a gente.

                Retomando o assunto dos golpes aplicados por criminosos ao sistema bancário. É injustificável a parcimônia ou descaso com que as instituições bancárias e financeiras cuidam de um fato que, reiteradamente, se repete, vem à tona; tamanha é a falta de preocupação dessas organizações para com a segurança de seus sistemas, ditos inteligentes, cuja consequência mais imediata é o prejuízo que causam àqueles que, por ingenuidade, ou levados pela lábia ou retórica dos criminosos, veem-se vítimas dos crimes, cotidianamente, perpetrados. Esse processo de lavar as mãos das instituições financeiras em relação à sua responsabilidade para com os crimes cometidos chega a ser abusivo: elas sabem que eles ocorrem, que seus sistemas não resistem à inteligência e eficiência dos criminosos, mas nem por isso se sentem na obrigação de tomar providências para tentar minimizá-los. Aliás, para os bancos, é obrigação pessoal dos correntistas, investidores ou usuários de seus cartões de crédito, cuidarem da própria segurança; direito deles é informar ou orientar – nada de obrigação, pois se roubos ou furtos ocorrem é por culpa de quem os permite ou facilita que aconteçam -  sobre crimes, dos quais eles, tanto quanto os bandidos que os aplicam, conhecem o modo de operacionalizá-los.

                Chega a ser inexplicável como o proprietário de um cartão de crédito ou de débito, que, por jamais haver sido utilizado, por exemplo, a possibilidade de ter sido clonado seria remota ou nula – a não ser que a instituição financeira que o concedeu, e a única saber de sua existência, haja permitido o vazamento de seus dados para estranhos -, recebe em seu telefone residencial ligação de uma central qualquer, de um bandido que sabe seu nome, endereço, de que é detentor de cartão tal ou qual, que, a propósito, até então estivera na gaveta, empoeirado, alertando-o de que estaria sendo utilizado em uma compra falsa. A instituição financeira sabe que é esse crime corriqueiro, o que ela não explica, não diz nem publica, é como da existência de um cartão que forneceu a um cidadão qualquer, que jamais o utilizara na prática comercial ou bancária, vem a saber um golpista.

                O resto é consequência. Se o dono do cartão, que deveria saber que sua disponibilização a desconhecido poderia redundar em crimes que seu banco e outros meios de informação já lhe haviam informado estarem sendo executados, e, ainda assim, inadvertidamente, o faz, isso não deveria eximir de corresponsabilidade as instituições financeiras pela perpetração de tais crimes, pelo contrário, que viessem a ressarcir ou indenizar, espontânea e, voluntariamente, o cliente lesado por saques ou compras indevidamente feitas com os cartões roubados, em restando devidamente comprovado que, apenas o banco fornecedor do cartão e o próprio cliente, criminosamente, lesado, deveriam saber da existência do mesmo.

                Vá o cliente bancário avaliar mal seu gerente, que telefonemas da central de qualidade da instituição, dos mais distantes rincões do país, até que ele justifique ou reforme a nota data, vão ficar atazanando sua paciência. Ainda que dispondo o banco de vários telefones que o correntista informou em seus cadastros, mesmo em se tratando de compra estranha, como as únicas realizadas por ele depois de meses ou anos de inatividade do cartão, só quando a lesão ou prejuízo já se faz grave é que alguma das centrais da instituição financeira avisa-lhe sobre o cancelamento provisório da ferramenta. Mas ele que lute por seus direitos.

                Se a greve dos motoristas e cobradores do transporte coletivo vai ter vida longa, não sei; mas que os bandidos vão continuar explorando a boa-fé e roubando clientes incautos, porque sabem que seus bancos estão pouco ligando para a segurança deles, enquanto clientes, disso ninguém venha a ter dúvida. Infelizmente, falta de respeito não dói.

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