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MULHER NA LAGOA DO PORTINHO
Elmar Carvalho (1956)
Na tarde antiga
de sol e bruma
de luz e penumbra
as dunas mudaram
de cores e formas.
Os belos olhos esplendentes
–
pálidas cálidas opalas ou
esmeradas esmeriladas
esmeraldas –
da mulher bonita
de sinuosas dunas e viagens
furta-cores furtaram
outros tons e sobretons.
Ainda guardo a memória viva
daquela tarde morna e morta
e ainda vejo aqueles olhos
vivos
furtando furtivos cores e
atenção.
E os olhos e as formas
curvilíneas
permanecem intactos no
tempo
que em mim não passou.
E a mulher, acaso passou,
nos escombros das formas
transitórias da beleza?...
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