MEUS TEMPOS DE EDITOR NA FCMC
Elmar Carvalho
Esta madrugada, sonhei com a minha gestão à frente da
presidência do Conselho Editorial da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, quando
fui o coordenador de Editoração dessa entidade. Aproveitei para dar uma olhada
em algumas das obras de que fui editor. Fui indicado pelo poeta e escritor
Francisco Miguel de Moura à dona Eugênia Ferraz, que era a presidente da FCMC,
acredito que por causa de minha atuação como presidente da União Brasileira de
Escritores do Piauí – UBE-PI.
Para escrever esta nota, não fui atrás de datas na Fundação,
de modo que não serei preciso quanto a isso. Assumi as funções editoriais no
ano de 1994, quando o prefeito era o professor Wall Ferraz, e as deixei no
final de 1997, quando tomei posse de minhas funções magistraturais perante o
Tribunal de Justiça do Piauí. Com a morte de Wall Ferraz, assumiu o cargo de
prefeito Francisco Gerardo, que foi sucedido por Firmino Filho.
No primeiro mandato deste, presidiu a FCMC a professora
Cecília Mendes, a cuja administração servi durante quase um ano. Tive a sorte
de exercer minhas funções durante um período em que a editoração foi prioridade
no órgão municipal de cultura. Para administrar com impessoalidade, logo que
assumi a presidência do Conselho elaborei os regulamentos de editoração e do
Conselho Editorial, que foram aprovados por este e pela presidente da Fundação,
que assinou as portarias respectivas, e também passei a fazer a distribuição de
obras para análise dos conselheiros através de rodízio, fazendo constar em ata
tanto a distribuição como a aprovação ou rejeição.
Foi, na época a que me refiro, sem a menor sombra de dúvida,
o mais importante e arrojado plano editorial do Estado do Piauí, bastando que
se diga que a cada quatro meses, regularmente, eram publicados a revista
Cadernos de Teresina e mais quatro a seis livros. Por isso, posso afirmar que
durante o meu período foram publicadas aproximadamente 60 (sessenta) obras.
Foram gestoras da FCMC, como já disse, as senhoras Eugênia
Ferraz e Cecília Mendes, das quais tive total apoio, sem nenhuma interferência
autoritária no Conselho, uma vez que ambas acatavam as decisões do colegiado.
Devo acrescentar que a FCMC tinha uma equipe “enxuta”, mas dedicada, motivada,
e que realmente vestia a camisa da cultura. Tive um bom relacionamento com
todos, e de todos guardo boas lembranças.
Fora as cerca de quinze revistas Cadernos de Teresina,
editadas no período em debate, foram publicados, aproximadamente, 45 livros,
todos aprovados pelo Conselho, e muitos deles da mais alta significação para a
cultura e a literatura do Piauí. De cabeça, sem consulta a anotações ou
registros burocráticos, cito alguns, como uma pálida demonstração do que
afirmo:
Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí, de
Cláudio Bastos, Os Literatos e a República: Clodoaldo Freitas, Higino Cunha e
as Tiranias do Tempo, de Teresinha Queiroz, Literatura Piauiense – escorço
histórico, de João Pinheiro, com posfácio de atualização de Francisco Miguel de
Moura, A Harpa do Caçador, de Teodoro Castelo Branco, Crônicas de Sempre, org.
de Adrião Neto, A Poesia Piauiense no Século XX, em parceria com a Imago, org.
de Assis Brasil, várias obras de Mons. Chaves, Escravos do Sertão, de Miridan
Brito Knox Falci, O Ofício da Palavra, de Elizabeth Oliveira, Mulheres Plurais,
de Pedro Vilarinho Castelo Branco, Balaios e Bem-te-vis – a guerrilha
sertaneja, de Claudete Maria Miranda Dias, Anos 70: Por que essa Lâmina nas
Palavras?, de José Pereira Bezerra etc. Na revista, foram publicadas memoráveis
entrevistas, como as em que foram entrevistados Mons. Chaves, Alcenor Candeira
Filho, Cineas Santos, Assis Brasil, Celso Barros Coelho, Raimundo Nonato
Monteiro de Santana e Pe. Raimundo José Airemoraes, cujos entrevistadores
éramos eu e o jornalista Domingos Bezerra Filho, além de textos de contistas,
cronistas, poetas e historiadores.
Além disso, foram editadas obras vencedoras de concursos
literários, inclusive volume de textos de literatura de cordel. Com o impacto
da morte de Wall Ferraz, que comoveu a população teresinense, idealizei o livro
Wall Ferraz – o homem e o estadista (coletânea de crônicas e artigos), que
também foi editado. Após esse infausto acontecimento, o Dicionário Histórico e
Geográfico do Piauí, que havia sido acolhido com entusiasmo pelo falecido
prefeito, recebeu o Prêmio Clio, concedido pela Academia Paulistana de
História, que fui receber na Paulicéia, por designação de dona Eugênia Ferraz.
Na minha gestão, foram conselheiros Francisco Hardi Filho,
João Bosco da Silva, José Airton Ferreira de Sousa, Marcelino Leal Barroso de
Carvalho, Silvana Maria Santana de Oliveira, Rubervam Maciel do Nascimento e
Francisco Miguel de Moura. Sugeri muitas capas ao artista plástico Radamés,
enquanto outras foram concepções de Áureo Tupinambá Júnior e Gabriel Arcanjo,
além de outros artistas.
Nas solenidades de lançamento da revista e dos livros,
usávamos da palavra o prefeito, um representante dos autores e eu,
representando a FCMC, em que comentava e analisava as obras. Aproveitando o
apoio da administração superior da Fundação, envidei todos os meus esforços
para que o plano editorial fosse bem-sucedido, e, sem cabotinismo, devo admitir
que assim foi.
26 de fevereiro de 2010
Parabéns pelo trabalho cultural e histórico para futuras gerações.
ResponderExcluirMuito interessante, meu prezado. Você já tem grande folha de serviços prestados à cultura piauiense. Um ótimo texto.
ResponderExcluirObrigado, caros amigos Inês e Araújo.
ResponderExcluirAbraço.
Parabéns pelo seu empenho hercúleo em prol de nosso cultura. O senhor é referência e estímulo para muitos!
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