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A CHALANA E O CANALHA
Antônio Francisco Sousa –
Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Será que a
chalana transporta canalhas? Ela leva turistas, românticos, pessoas de um lado
para outro, notadamente, no Pantanal; mas, não se pode afastar a hipótese de
que canalhas também se sirvam dela em seus deslocamentos diletantes ou
encetando processos ou tratativas de negócios ou negociatas; afinal, esse
espécime humano está em todo lugar.
Antes
de começar a escrever sobre os canalhas, lia sobre trios famosos na literatura,
ficção, na música: os Três mosqueteiros, livro de Alexandre Dumas, o mesmo do
Conde de Monte Cristo; os Três patetas, seriado de televisão; Trio Iraquitan,
Trio ternura, Trio esperança, Trio mocotó, Tribalistas, Tamba trio, Os
mutantes; Sá, Rodrix e Guarabira; Trio parada dura, Trinca de ases, Trio
nordestino, todos tradicionais na música brasileira, do rock, sertanejo à bossa
nova; tem até um trio que não é, necessariamente, um: o Trio elétrico – músicos
que se apresentam em cima de veículos com milhares de Watts/RMS (potência
sonora) à disposição. E os canalhas, será que existe Trios de Canalhas? Segundo
o escritor e grande roteirista cinematográfico, George R. R. Martin, também a
literatura e o cinema têm suas trincas de canalhas: Os Três Mosqueteiros, cuja canalhice
já começa na formação do trio, pois, na verdade, são quatro, contando-se com
D’Artagnan; o trio de pistoleiros do velho oeste, Billy The Kid, Jesse James e
Doc Holliday, canalhas de boa cepa, dentre outros. No mundo das coisas, basta
folhear os jornais, ligar a televisão ou acessar as redes sociais para dar de
cara com canalhas agindo isoladamente, em duplas, trios ou bandos maiores. Do
alto de um trio elétrico lotado de políticos, em São Paulo, chamaram de canalha
um candidato ao palácio do Planalto que ousou criticar os discursos e as
arengas dos simpatizantes da figura criticada.
Não é difícil descobrir quem são
os canalhas, pois a corja não faz questão de se esconder. Uns até se vangloriam
de assim serem considerados e reconhecidos; isso lhes confere status, quase
chegam a dar autógrafos ou se deixar fotografar com outros tipos tão idiotas
quanto eles. Se vierem a ouvir, ver ou tomar conhecimento de figuras
desprezíveis, sem caráter; dessas que não medem esforços nem economizam
palavras para agredir, espezinhar, aviltar, colocar a honra e a dignidade de
outros ao rés do chão, de forma desrespeitosa e, gratuitamente, saibam que
estão sendo apresentados a um canalha nato.
Mas,
como combater os canalhas? Às vezes, tudo que se precisa fazer para livrar-se
deles é não lhes dar atenção, tratá-los com o máximo de distanciamento
possível, desprezá-los; se necessário, ou para evitar situações violentas, não
ocupar os mesmos espaços que eles, porque, cínicos, irônicos e intratáveis como
são, sempre dão um jeitinho de se aproximar daqueles a quem querem ou pretendem
destratar; aproveitam as menores oportunidades, haja vista não se preocuparem
com as nefastas consequências de seus atos, para destilar veneno e pestilência.
Os canalhas se fortalecem com a atenção que toleirões dispensam a seus atos e
ações; portanto, oferecer-lhes o silêncio, o desprezo, a desatenção, o
afastamento, ante suas algaravias verborreicas ou atitudes levianas, parecem
boas formas de lhes minar as energias e os enfraquecer.
A
quem ou ao que recorrer quando os canalhas insistirem em tentar tirar sua
tranquilidade ou não se amedrontarem com tentativas pacíficas de rechaçá-los?
Quanto aos do tipo falso corajoso, não raro, ameaças de retratação, de
processá-los ou os denunciar por desacato, injúrias, difamações, são
suficientes para calá-los; diante dos canalhas convictos, criminosos perigosos,
às vezes, somente ameaças não resolvem, e urgente e necessário se faz, às
vezes, agir com rigor, transformando ameaça velada em ação efetiva e prática,
quem sabe, buscando guarida nas instituições policiais e/ou jurídicas.
Na
verdade, todo canalha, no fundo, é covarde, asqueroso indivíduo cuja principal
missão existencial parece ser aspergir o mal por onde transita. Eles são
onipresentes: estão tanto nas famílias pobres, quanto nas ricas; na vida
pública, na iniciativa privada, nos governos, nos parlamentos, em nichos
judiciários, nas igrejas; não têm cor, raça, credo nem uma profissão
específica; aliás, esse tipo de sujeito pode exercer qualquer atividade ou
função. Há canalhas que querem ver sua canalhice sendo tomada por opinião ou
ponto de vista; são os, também, hipócritas: os piores. A súcia está entre nós
desde sempre, como os ratos e as baratas. Quem conseguir descobrir ou criar uma
forma eficiente e eficaz de exterminá-los vai livrar o mundo de uma das mais
abjetas variantes do ser humano.
Ah! “Chalana” é um anagrama – palavra formada por transposição de letras de outra palavra - de “canalha”; que azar o da romântica embarcação fluvial, cantada e decantada por tanta gente boa na música tupiniquim.
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