sexta-feira, 19 de novembro de 2021

A CHALANA E O CANALHA

 

Fonte: Google

A CHALANA E O CANALHA

 

Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

 

Será que a chalana transporta canalhas? Ela leva turistas, românticos, pessoas de um lado para outro, notadamente, no Pantanal; mas, não se pode afastar a hipótese de que canalhas também se sirvam dela em seus deslocamentos diletantes ou encetando processos ou tratativas de negócios ou negociatas; afinal, esse espécime humano está em todo lugar.

                Antes de começar a escrever sobre os canalhas, lia sobre trios famosos na literatura, ficção, na música: os Três mosqueteiros, livro de Alexandre Dumas, o mesmo do Conde de Monte Cristo; os Três patetas, seriado de televisão; Trio Iraquitan, Trio ternura, Trio esperança, Trio mocotó, Tribalistas, Tamba trio, Os mutantes; Sá, Rodrix e Guarabira; Trio parada dura, Trinca de ases, Trio nordestino, todos tradicionais na música brasileira, do rock, sertanejo à bossa nova; tem até um trio que não é, necessariamente, um: o Trio elétrico – músicos que se apresentam em cima de veículos com milhares de Watts/RMS (potência sonora) à disposição. E os canalhas, será que existe Trios de Canalhas? Segundo o escritor e grande roteirista cinematográfico, George R. R. Martin, também a literatura e o cinema têm suas trincas de canalhas: Os Três Mosqueteiros, cuja canalhice já começa na formação do trio, pois, na verdade, são quatro, contando-se com D’Artagnan; o trio de pistoleiros do velho oeste, Billy The Kid, Jesse James e Doc Holliday, canalhas de boa cepa, dentre outros. No mundo das coisas, basta folhear os jornais, ligar a televisão ou acessar as redes sociais para dar de cara com canalhas agindo isoladamente, em duplas, trios ou bandos maiores. Do alto de um trio elétrico lotado de políticos, em São Paulo, chamaram de canalha um candidato ao palácio do Planalto que ousou criticar os discursos e as arengas dos simpatizantes da figura criticada.

               Não é difícil descobrir quem são os canalhas, pois a corja não faz questão de se esconder. Uns até se vangloriam de assim serem considerados e reconhecidos; isso lhes confere status, quase chegam a dar autógrafos ou se deixar fotografar com outros tipos tão idiotas quanto eles. Se vierem a ouvir, ver ou tomar conhecimento de figuras desprezíveis, sem caráter; dessas que não medem esforços nem economizam palavras para agredir, espezinhar, aviltar, colocar a honra e a dignidade de outros ao rés do chão, de forma desrespeitosa e, gratuitamente, saibam que estão sendo apresentados a um canalha nato.

                Mas, como combater os canalhas? Às vezes, tudo que se precisa fazer para livrar-se deles é não lhes dar atenção, tratá-los com o máximo de distanciamento possível, desprezá-los; se necessário, ou para evitar situações violentas, não ocupar os mesmos espaços que eles, porque, cínicos, irônicos e intratáveis como são, sempre dão um jeitinho de se aproximar daqueles a quem querem ou pretendem destratar; aproveitam as menores oportunidades, haja vista não se preocuparem com as nefastas consequências de seus atos, para destilar veneno e pestilência. Os canalhas se fortalecem com a atenção que toleirões dispensam a seus atos e ações; portanto, oferecer-lhes o silêncio, o desprezo, a desatenção, o afastamento, ante suas algaravias verborreicas ou atitudes levianas, parecem boas formas de lhes minar as energias e os enfraquecer.

                A quem ou ao que recorrer quando os canalhas insistirem em tentar tirar sua tranquilidade ou não se amedrontarem com tentativas pacíficas de rechaçá-los? Quanto aos do tipo falso corajoso, não raro, ameaças de retratação, de processá-los ou os denunciar por desacato, injúrias, difamações, são suficientes para calá-los; diante dos canalhas convictos, criminosos perigosos, às vezes, somente ameaças não resolvem, e urgente e necessário se faz, às vezes, agir com rigor, transformando ameaça velada em ação efetiva e prática, quem sabe, buscando guarida nas instituições policiais e/ou jurídicas.

                Na verdade, todo canalha, no fundo, é covarde, asqueroso indivíduo cuja principal missão existencial parece ser aspergir o mal por onde transita. Eles são onipresentes: estão tanto nas famílias pobres, quanto nas ricas; na vida pública, na iniciativa privada, nos governos, nos parlamentos, em nichos judiciários, nas igrejas; não têm cor, raça, credo nem uma profissão específica; aliás, esse tipo de sujeito pode exercer qualquer atividade ou função. Há canalhas que querem ver sua canalhice sendo tomada por opinião ou ponto de vista; são os, também, hipócritas: os piores. A súcia está entre nós desde sempre, como os ratos e as baratas. Quem conseguir descobrir ou criar uma forma eficiente e eficaz de exterminá-los vai livrar o mundo de uma das mais abjetas variantes do ser humano.

                Ah! “Chalana” é um anagrama – palavra formada por transposição de letras de outra palavra - de “canalha”; que azar o da romântica embarcação fluvial, cantada e decantada por tanta gente boa na música tupiniquim.       

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