Fonte: Jornal da Parnaíba/Morais Brito |
Sobre o jazigo de João Paulo
Diniz
Vicente Miranda
Escritor e historiador
Nobre amigo Elmar, permita uma
breve reflexão sobre o passado de pessoas que contribuíram para a colonização
do norte, destacando nossa querida Parnaíba. Nesse sentido, venho reafirmar meu
entendimento de que a fé católica muito influiu nos costumes, inclusive na
vontade de erigir capelas que servissem tanto para a celebração do culto
religioso como, igualmente, para local de sepultura cristã, visto que cemitérios
eram destinados a escravos e mendigos.
Como prova desse sentimento, não
poderia deixar de destacar o registro do óbito de Manoel Ferreira Fidalgo,
português natural da freguesia da Vila da Ajuda, Bispado de Coimbra, que
faleceu em 27 de junho de 1813, in verbis:
Aos vinte e
sete dias do mês de junho de mil oitocentos e treze annos sepultousse em huma
catacumba nesta Matriz de Nossa Senhora das Graças da parte do evangelho o
Capitão Manoel Ferreyra Fidalgo natural da Freguesia da Villa da Ajuda, Bispado
de Coimbra filho legitimo de Manoel Ferreira Godinho e de Maria Carvalho, viuvo
por falecimento de Anna Joaquina da Silva Lopes, da idade de sescenta e seis
annos sem sacramentos por não chamarem envolto em habito de São Domingos. Fez
testamento. Foi acompanhado pela Irmandade de Nossa Senhora da Graça... O
Vigario Antônio José de Sampaio (Freguesia de Nossa Senhora das Graças, Livro
de Óbitos 4 )
Quanto a João Paulo Diniz, também
empreendedor de charqueadas na antiga Vila de São João da Parnaíba, já em 1774
o cura José Lopes Pereira falava no “Oratório de João Paulo Diniz” “nos
arrabaldes dessa Villa”. De fato, dentre outros muitos registros, em 14 de
outubro de 1776, aquele vigário registrou (liv. 1 fl. 15) o casamento de Thomaz
da Silva Carvalho, natural de Ilha Terceira, filho de João da Silva Carvalho e
Lourença da Assumpsão, com Raimunda Cândida dos Prazeres, natural de Campo
Maior, que viera para trabalhar nas charqueadas de João Paulo Diniz. O registro
diz precisamente que a cerimônia ocorreu “no oratório particular de João Paulo
Diniz, nos arrabaldes desta Villa de São João da Parnahyba”. Esse oratório
ainda existe próximo à subida da ponte que liga à Ilha Grande e, ao meu ver, é
local mais provável do jazigo do Mestre de Campo João Paulo Diniz, que era
casado com dona Rosa Joaquina Pereira.
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