quarta-feira, 8 de junho de 2022

PARNAÍBA – 311 ANOS DE EXISTÊNCIA


 

PARNAÍBA – 311 ANOS DE EXISTÊNCIA


Vicente de Paula Araújo Silva

Historiador e escritor


            Hoje, domingo, 05 de junho deste ano de 2022, a nossa cidade inicia a semana que registrará algumas celebrações alusivas à memória de 311 anos de sua historia, que teve início oficialmente em 11 de junho de 1711, quando foi autorizada pelo Bispado de São Luiz do Maranhão, a construção de uma igreja que abrigaria um altar com a imagem de Nossa Senhora de Mont Serrat. A partir dessa data, segundo o trâmite legal da época, a Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnaíba passou a existir, e dentro de um novo ordenamento político, em 1762, passou a ser Villa de São João da Parnahiba e posteriormente, em 1844, foi elevada a condição de cidade com o nome de Parnahiba, grafia atualizada no nosso tempo como Parnaíba.

           A trajetória histórica e comprobatória da criação da Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnaíba, está explicitada a seguir :

 

CAPELA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAÍBA

311 ANOS DE EXISTÊNCIA EM 11 DE JUNHO DE 2022

  

MARCO HISTÓRICO DA EXISTÊNCIA DA VILLA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAÍBA DESDE 11 DE JUNHO DE 1711

 

Imagem original de N. S do Mont Serrat em porcelana que,

vinda de Portugal,  encontra-se no altar da Igreja de Nossa

Senhora do Monte do Carmo, localizada na Praça

Irmão Dantas, em Piracuruca – Piauí.(Foto: Moraes Brito para o Jornal da Parnaíba)

 

Altar da Capela de N. S. do Mont Serrat, em Parnaíba, primeira padroeira de

Parnaíba, permanece com uma réplica da imagem esculpida pelo parnaibano Charles Santeiro

(Foto: Moraes Brito para o Jornal da Parnaíba)

 

      Após as ações de Leonardo de Sá, em 1699, nos vales dos rios Pirangí e Igaraçu, os gentios de corso entraram em luta com posseiros luso-brasileiros, na serra da Ibiapaba e vale do rio Aribê, que no Piauí recebe o nome de Piracuruca. Para resolver a situação, foi destacado o cabo de guerra João Pires de Brito, que, em 1701, participava como Sargento-Mor da tropa de Manuel Álvares de Morais Navarro, na guerra dos bárbaros na Paraíba e Rio Grande do Norte.

     Daí, o loco-tenente Fernão Carrilho, foi autorizado pelo governador do Maranhão D. Manoel Rolim de Moura a povoar e construir uma casa forte próxima ao Ceará, fato noticiado em 24/08/1702,  que provocou manifestação do Conselho Ultramarino, através de uma consulta a respeito desse evento, com data de 30 de janeiro de 1703, a favor da administração através da Capitania do Ceará[subalterna à Pernambuco], dando início ao avanço desta no litoral[Barra do Coreaú-Barra do Igaraçu] que pertencia ao Maranhão, portanto era área litorânea do atual Estado do Piauí.  Ver Doc. Maranhão: AHU_ACL_CU_009, Cx. 10, D.1055.

    Após a submissão dos nativos na já chamada Região da Parnahiba, os jesuítas da Ibiapaba, passaram a atuar com mais continuidade no norte do atual estado do Piaui. Foi quando, o Padre Domingos Ferreira Chaves, Prefeito das Missões do Ceará, solicitou em 11/03/1703, ao então Capitão-Mor do Ceará – Jorge Barros Leite - 40 índios para vir em missão à Parnahiba, conforme atesta o documento a seguir:

 


     

      Após 1703, com a chegada à região da Parnahiba, de João Gomes do Rego, preposto do Coronel Pedro Barbosa Leal, titular de terras nas margens dos rios Parnahiba, Igarassu e Pirangy, e a instalação de currais nas margens desses rios, incluindo o Longá, potencializaram a criação de gado pronto para abate e ou apto para venda nas praças de Pernambuco, Bahia e Pará. Os rebanhos eram tangidos para os seus pontos de vendas, pelas rotas de gado em caminhos longínquos e, durante os percursos em tempo duradouro, havia perdas de reses por extravios e mortes, ocasionando consideráveis prejuízos financeiros.

  Devido a essas dificuldades, João Gomes do Rego, preposto do empreendedor baiano Pedro Barbosa Leal, na administração de suas fazendas, iniciou timidamente a feitoria de salga da carne dos bois abatidos com o aproveitamento da courama, na beira do rio Igaraçu, no lugar que passou a ser conhecido como Arraial Novo.

 Dai, em 1608, foi iniciado o processo para a regularização de uma Villa, onde existia a feitoria, que, de acordo com as normas da época, teria na sua composição: o donatário Cel. Pedro Barbosa Leal, o Capitão-Mor João Gomes do Rego e um altar com a imagem de Nossa Senhora de Monte Serrathe, santa de devoção do proprietário do lugar.

 Seguindo os trâmites vigentes, a povoação teve três momentos distintos na sua criação, após a posse de Pedro Barbosa Leal:

1: Villa Nova – quando foi solicitada a patente de Capitão-Mor a João Gomes do Rego em 19/05/1708;

2: Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnahiba – data da solicitação e autorização para a construção da igreja em 11/06/1711;

3: Consolidação da Criação da Villa - confirmação de João Gomes do Rego, como Capitão-Mor em 16/11/1711.

 

A data de 11 de junho de 1711, quando foi autorizada a construção da Igreja de Nossa Senhora do Monserrathe, é uma das Datas Magnas da Memória da Existência da Parnaíba, através da Lei Municipal nº 2581, de 13 de agosto de 2010, sancionada pelo prefeito José Hamilton Castelo Branco, descendente de José Lopes da Cruz I e Florência do Monte Serrathe Castello Branco, esta um das filhas de João Gomes do Rego e Maria do Monte Serrate Castello Branco.

Já neste século, em 11 de junho de 2011, o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba – IHGGP, apoiado pela administração municipal da época, promoveu ampla programação alusiva aos 300 anos da memória da criação da Villa, que hoje é a cidade de Parnaíba.

    O documento (PT/TT/RGM/C/0007/48211. Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 7, f.541 v), publicados em primeira mão pelo pesquisador Reginaldo Miranda e os apresentados a seguir, mostram a parte legal dos fatos narrados:

LIVRO DE PROVISÕES DA SÉ EM SÃO LUÍS (MA)

                    


SOLICITAÇÃO DE JOÃO GOMES DO REGO PARA ERIGIR A IGREJA EM 1711

  


         Documento solicitando licença para erigir a Capela de Nossa Senhora de Monte Serrathe da Parnahiba, conservado no Bispado de São Luiz, Maranhão:

     O Coronel Pedro Barbosa Leal [...] senhor da Vila Nova da Parnahiba [...] bastante [...] geral administrador [...] Rego, que ele suplicante quer fundar na sua vila e bem assim [...] que ficava dentro dos termos [...] portanto [...] pede a V. Mercê [...] seu Governador do Bispado do Maranhão lhe faça [...] conceder [...] para poder erigir a dita igreja Paroquial para [...] nomear Pároco dela, como também dos Curados [...] receberem [...] concedemos licença ao suplicante para poder [...] Paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrathe [...] e dita Paróquia com todo o necessário de fábricas e o [...] para a dita igreja, na forma do Sagrado Concílio Tridentino. 

São Luiz,11 de junho de 1711. Barreiros

[Documento transcrito pelo Padre Cláudio Melo].

 

 

 

 

 AUTORIZAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DA IGREJA

 




        Diante o exposto, nesta semana, a comunidade parnaibana contando com o apoio de alguns órgãos ligados à cultura, estará participando de eventos, que culminarão no dia 11 [sábado], celebrando 311 anos de Memória da Existência da Parnaíba, a nossa invicta cidade, como gosta de dizer o nosso quase centenário Dr. Lauro Andrade Correia.

PHB, 05/06/2022 – Vic.

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