Yashin, eleito o melhor goleiro do mundo |
QUASE QUASÍMODO
Elmar Carvalho
Acabei de assistir ao jogo da
Seleção Brasileira contra a da Coreia do Norte. Jogo morno, sem lances
emocionantes e sem nenhuma jogada excepcional. O Brasil venceu pelo magro
placar de 2 a 1, com gols de Maicon e Elano. O grande goleiro Júlio César,
atualmente considerado o melhor do mundo, que vinha há várias partidas sem ser
vazado, praticamente não teve trabalho. Quase que o seu trabalho consistiu
apenas em tentar impedir o gol que sofreu.
Terminei por me lembrar dos meus
tempos de golquíper, sobretudo dos tempos em fui jogar algumas partidas no
campo do Rabo da Gata, que ficava perto do pontilhão da estrada de ferro, no
bairro que depois passou a se chamar Paulo VI. Os filhos do falecido Luís
Pinto, dentista prático e funcionário dos Correios, organizavam um time com o
pessoal das imediações da chamada “rua da pista”, no trecho próximo de onde
moram o senhor Brito e o doutor Zé Laurindo, e acertavam os jogos com o time da
região do outro lado do açude, como se dizia.
Numa dessas vezes, o Otaviano
insistiu para que eu não fosse, no intuito de que eu atuasse no campinho do
Leopoldo Pacheco, como de costume. Mas eu me sentia honrado com a confiança que
o Luís Pinto Filho, o seu irmão Deus Luís, que, brincando, chamava de diabo
Luís, e os seus companheiros depositavam em mim, como goleiro, e aceitei o
convite; até porque eu já tivera algumas atuações muito boas no campo do Rabo
da Gata, a fazer umas voadas acrobáticas e cinematográficas.
No auge da empolgação de meus
dezessete anos, quando eu vi o atacante Garrafinha se aproximar com a bola
dominada para me fuzilar com um “tirambaço”, já que ele era habilidoso, não
vacilei e corri velozmente para me arremessar a seus pés e bloquear o chute.
Esse atleta, ou por certa maldade ou por imprudência ou porque já não houvesse
mais tempo de se desviar, chutou fortemente e me atingiu o rosto em cheio.
Creio que cheguei a ter um leve
desmaio. Vi, enevoados, os jogadores curvados sobre mim, preocupados com a
gravidade do acidente ou incidente pebolístico. Foi a mais grave contusão de
minha vida. Isso me tornou mais prudente e mais precavido, para não mais me
arriscar desnecessariamente.
No dia seguinte, quando o
Otaviano foi me chamar para o jogo no Leopoldo Pacheco, tomou um grande susto
quando abri a janela de meu quarto, e ele viu o meu olho direito com um coágulo
sanguíneo e a área próxima inchada e com um grande hematoma. Dizia ele que eu
parecia o Quasímodo, ou seja, o Corcunda de Notre Dame, ou outro protagonista
de um filme de terror.
15 de junho de 2010
Sinto que o amigo guarda uma certa frustração por não ter sido um golquíper de merecida fama. Essas coisas acontecem. Creio que foi melhor mesmo vc se destacar no mundo das letras!!!
ResponderExcluirMas, eita 2010 que rendeu, hein?!
A selecão brasileira perdeu um grande "quiper", porem o Tjpi ganhou um juuz exemplar e a literatura um implacavel e incansavel defensor
ResponderExcluirObrigado, caros amigos, por suas palavras bondosas. O futebol foi só uma atividade boa, lúdico, mas efêmera.
ResponderExcluirQuanto à produtividade literária de 2010, é que iniciei meu livro Diário Incontínuo, que durou mais de cinco anos.
O campo do Rabo da Gata merece uma história a parte. Kkkkkk
ResponderExcluirJá que o atleta era "Garrafinha", não foi humano: era para ele lhe fazer uma visita e encher a garrafa com o sangue coagulado e tirar-lhe o incômodo de Quasímodo!
ResponderExcluirWilton Porto
Era um bom atacante e não dominou o ímpeto de querer fazer um gol.
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