REGINALDO MIRANDA
Clodoaldo Severo Conrado de Freitas, nasceu em 07 de setembro de 1855, na cidade de Oeiras, filho do coronel e combatente na Guerra do Paraguai, Belisário José da Silva Conrado, e da professora Antônia Rosa Dias de Freitas.
Cursou as primeiras letras entre a vila de Jaicós e a cidade de Oeiras. Em 1871, seguiu para o Seminário das Mercês, onde estudou por três anos. Sem vocação para a vida sacerdotal, abandona o Seminário em 1874, ingressando no Liceu Maranhense. Retornando ao Piauí depois de um ano, matricula-se no Liceu Piauiense, onde, em novembro de 1875, conclui os estudos preparatórios para o curso jurídico. Em princípio de 1876, está no Recife, matriculando-se na tradicional Faculdade de Direito, onde se bacharelou no ano de 1880. Nessa fase, tornou-se adepto fervoroso do Positivismo, estudando, de preferência literatura e filosofia positiva nas obras de Emílio Littré.
Concluído o curso jurídico retornou ao Piauí em princípio de 1881, filiando-se ao Partido Liberal, onde sua família militava com destaque e onde também passou a destacar-se na trincheira de luta partidária e nas hostes da imprensa, sendo uma atividade complemento da outra. De imediato, assumiu a Promotoria Pública de Teresina e no ano seguinte foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos do Termo de Valença, de onde foi posteriormente transferido para Teresina para completar o quadriênio. Todavia, tem a sua carreira cerceada com a queda do Partido Liberal, passando à advocacia e à redação de A Imprensa, em oposição à nova situação política. Posteriormente, passa sucessivamente à redação d’A Imprensa e de O Estado.
Em 1888, foi nomeado Juiz Municipal do Termo de Santa Filomena, relutando em assumir o cargo, que considerou a princípio uma “sentença de exílio” vinda de seus opositores. Todavia, com a proclamação da República, retorna a Teresina em janeiro de 1890, ocasião em que é homenageado por sua atuação como republicano histórico. Logo, passa a fazer parte da equipe de governo de Taumaturgo de Azevedo, na condição de Procurador Fiscal do Tesouro do Estado. Todavia, com a queda desse governador, o acompanha ao Rio de Janeiro, onde permanece por algum tempo. Nesse interregno, exerceu os cargos de Juiz de Direito de Campos(RJ) e de várias comarcas do interior de Minas Gerais, nas quais teve passagem efêmera. De regresso ao Piauí, e ainda na década de 1890, além das frustrações políticas, inclusive relacionadas a mandatos eletivos, foi duas vezes Procurador Geral do Estado do Piauí e Chefe de Polícia, funções que ocupou também de forma eventual.
Clodoaldo Freitas foi político em tempo integral, embora malogrado em suas disputas partidárias.
Candidato bem avaliado nas eleições de 1897 e de 1903 teve seu nome depurado no Congresso Nacional. Desgostoso, mudou-se para Belém do Pará, onde já se encontrava em julho de 1903, lecionando na Faculdade Livre de Direito daquele Estado. Permaneceu no Pará até meados de 1905, retornando a Teresina para exercer a advocacia militante e colaborar no jornal Pátria.
Com a situação financeira quase sempre instável, no início de 1906, muda-se para o Maranhão, colaborando nos governos de Benedito Leite e Colares Moreira(1909 – 1910) e nos jornais A Notícia e Diário do Maranhão. No Maranhão, também ocupou cargos públicos de forma efêmera, como o de Procurador Geral do Estado(1907) e Diretor da Imprensa Oficial, em outro regresso(1914). Foi um período de intenso engajamento literário, tendo, inclusive, participado da fundação da Academia Maranhense de Letras, sendo titular da Cadeira n.º 9. Porém, retorna a Teresina no final de 1910, passando a colaborar no governo de Antonino Freire.
Novamente, de 1914 a 1916, Clodoaldo Freitas esteve em Belém do Pará, trabalhando no magistério superior e militando nas trincheiras do Partido Republicano Conservador, por cuja legenda foi eleito deputado estadual.
Finalmente, em 1916, Clodoaldo Freitas retorna ao Piauí, sendo nomeado desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, por ato do governador Miguel Rosa. Encerrava-se, assim, a sua vida errante, não mais deixando o Estado. Em dezembro de 1917, participa da fundação da Academia Piauiense de Letras, de que foi ele o primeiro presidente, permanecendo no período de 1917 a 1919. Foi ainda membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense, que presidiu por alguns anos, e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.
Clodoaldo Freitas foi um escritor bastante produtivo, publicando extensa bibliografia, destacando-se as seguintes obras: Os fatores do coelhado; História do Piauí(sinopse); Vultos piauienses; O Piauí, canto sertanejo; Em roda dos fatos; Contos a Teresa; História de Teresina(póstuma); Memórias de um velho; Celuta; Memórias de padre; O Bequimão; e, Coisas da vida.
Concluindo, pode-se dizer que Clodoaldo Freitas, embora malogrado na política, liderou toda uma geração literária, a que fundou a Academia Piauiense de Letras. Faleceu na cidade de Teresina, em trinta de junho de 1924, deixando viúva a dona Corina Freitas e alguns filhos. A ele, em nome da Academia Piauiense de Letras, rendemos as nossas justas homenagens.
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