sábado, 9 de fevereiro de 2013

Carnaval do espírito, um raro prazer



José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

Uma galera está pronta para um carnaval meio maluco do que se assiste nas avenidas, clubes, bares e praias. Comunidades agendam o carnaval do espírito, num aprazível encontro com a natureza exuberante, em acampamentos ou quadras esportivas. Barato, prazeroso, saudável, sem violência, sem ressaca, sem prejuízo à saúde, sem inconsequências nem arrependimentos. Substituirá o rei momo pelo rei dos reis; as bebidas e alucinógenos pelo delírio celestial; músicas de duvidoso gosto por cânticos e louvores, apresentações artísticas e esportivas. O rebolado erótico e irreverente pelas palmas, abraços e confraternização. O porre pelo êxtase e presença do espírito de Deus.

Experimentei um carnaval chato e meloso, ainda na minha adolescência de seminário. Padres obrigavam-nos a rigoroso silêncio, para rezar terço, repetir orações para conversão do mundo, lá fora, aos porres e bacanais. Eu não via graça cultuar a Deus sem conhecê-lo, bitolado a pieguices e palestras chatas. Fora do seminário, professor do Diocesano, padres jesuítas promoveram um Encontro de Jovens com Cristo no sítio da congregação, na Socopo, durante o carnaval, com estudantes e professores. Levei minha futura esposa.

Encantadora experiência com a presença de Deus, nunca vivenciada no seminário. Ambiente festivo e descontraído, testemunhos de gente comum, como eu. Porém foi a oração espontânea de um jovem, na voz gravada de padre Zezinho, frente a frente com Jesus, que me encantou. Jamais eu experimentara a oração pessoal. Só recitava decorebas e repetecos. Pela vez primeira, senti o batismo no Espírito, quando o mundo interior se transforma, ao ponto de substituir certas futilidades profanas que sociedade estabelece como paradigma de felicidade.

Carnaval com Cristo, experiência fantástica, que nem um sambódromo pode proporcionar. Na despedida da Socopo, a vontade de repetir mais carnavais, agachado a uma galera que não tem vergonha de exibir seus ideais cristãos.

Encontros de jovens de qualquer igreja ou espiritualidade cristã têm virado a cabeça de muitos jovens, transformando-os em cidadãos do bem, empreendedores responsáveis, líderes carismáticos e pais de família decente.

Não há globeleza que preencha o espírito de encantos como a experiência de uma folia com Deus.

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