Fabrício
Carvalho Amorim Leite
Após o
arrefecimento do conjunto de protestos que foram realizados no nosso
país há alguns dias, tendo como pedra de toque a revolta do povo
especialmente contra as deficientes políticas públicas aplicadas no
Brasil, é premente que nós, brasileiros, entendamos os fatores que
levaram a um sucateamento das ações governamentais a cargo do
Estado. O que, a nosso sentir, parte da quase total ausência do
controle social sobre as ações governamentais, e este controle pode
iniciar-se através da conscientização da nossa família.
Em primeiro
lugar, conceituamos controle social como a capacidade de a sociedade
intervir nas políticas públicas para garantir seus direitos.
Política pública é definida aqui como o conjunto de ações
desencadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal,
estadual e municipal, com vistas ao atendimento a determinados
setores da sociedade civil, em especial, os mais carentes.
Ou seja, o
controle social serve para organizar ou reorganizar a sociedade,
evitando o seu aniquilamento. Além disso, a sociedade, tal qual um
corpo vivo, é formada por milhares de células, e, por sua vez, a
família é a menor parte de um todo maior que é a sociedade.
Todavia,
perguntamos: qual é o cimento que une à sociedade? O filósofo do
iluminismo Jean - Jacques Rousseau, em sua obra Do Contrato
Social, ensinava que “O homem é livre, mas é preso pelas
convenções, pelas regras e normas, ou melhor, vive em uma
semiliberdade”. Logo, a exemplo do homem, a sociedade também é
conectada pelas convenções, pelas regras e normas.
Além
disso, Rousseau defendia que a inteligência
consiste em reverter toda a força que possui – do homem, ou da
sociedade – em normas e critérios, pois, através delas, além de
conseguir um maior raio de aplicação, conseguirás também a razão
em qualquer lugar que prevaleça a racionalidade, a razoabilidade e a
dignidade humana.
Com as
premissas acima, perguntamos ainda: - se somos parte de um todo que é
a sociedade, com a sua menor célula, que é a família, porque não
contribuirmos para o fortalecimento da argamassa mantedora destas
duas fundamentais instituições?
O paradoxo se
concretiza quando, ao invés de conscientizarmos nossa família da
crucial importância do controle social das políticas públicas, de
forma ignorante, pomos toda a culpa desta falha na sociedade, que é
a família em tamanho macro, ou, no governo, ente este dirigido pela
sociedade (!). É aplicação do velho adágio popular que diz que
para matarmos a peste na lavoura, basta matarmos a própria plantação
e, não, a praga em si.
Então, já
que os nossos futuros gestores (representantes) públicos, no calor
eleitoral, conclamam que se cada eleitor obtiver mais dois, a eleição
já está ganha para eles; propomos que se cada um de nós,
brasileiros, ao menos conscientizar da importância do controle
social, apenas dois familiares - irmãos, esposa, filho (a) s,
cunhada (o)s, sobrinho (a)s e outros – poderemos, assim,
concretamente, colaborarmos para uma sociedade mais justa e forte.
Para
concluir, recomendou Rousseau: “O que o homem perde pelo
contrato social é a liberdade social e um direito sem limites a tudo
que o tenta e pode atingi-lo, no entanto,ganha a liberdade civil e
a propriedade de tudo o que possui”. Nesta ocasião, ficando
como proposta, poderíamos começar nosso intento cientificando
nossos familiares da importância social do voto consciente e
acompanhamento do mandato dos seus governantes (representantes)
eleitos.
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