Jacob
Fortes
Enquanto
o povo, engolfado em seus afazeres, mantém distraídos os seus
olhares, os recursos públicos, impostos dos contribuintes, escorrem
por artérias beneficentíssimas com o propósito de estipendiar
planos de saúde de alto preço para políticos que, há tempos,
perderam os seus mandatos. Até quando exparlamentares serão
agraciados com beneficiamentos tão generosos? Quem pode estancar
essa hemorragia? De sangue é pleonasmo. Quem pode realizar uma
hemóstase sobre essa artéria aberta no erário por onde escorre e
se perde o suor dos trabalhadores brasileiros? A fonte não seca
porque há o contribuinte: que põe e os políticos dispõem. Esse
clamor, que ninguém escuta, é propiciatório à evocação da alma
de Demócrito Rocha; para que interceda por este país: “Ninguém o
escuta ninguém o escuta e o Gigante dobra a cabeça sobre o peito
enorme, curva os joelhos sobre o pó da terra....e nos últimos
arrancos vai morrendo e resistindo, morrendo e resistindo, resistindo
e morrendo.”
Não
permite Deus que falte a lanterna com que a imprensa alumia os
apagões, o lado da obscuridade necessário à prática das incúrias,
da cortesia com o chapéu alheio.
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