Cunha
e Silva Filho
É incrível que o Rio, uma das
cidades mais lindas do mundo, esteja, logo após a farra do
carnaval, com uma greve de garis - estes abnegados limpadores
da cidade sem o trabalho dos quais a cidade para, perde o
brilho, choca a população e, aos olhos do
turista, provoca indignação, desrespeito a quem,
vindo de outras cidades ou de outros países, espera encontrar
um lugar bem conservado, com ruas limpas,
varridas, sem toneladas de lixo espalhadas por todos os
bairros. Que belo cartão de visita de uma cidade que se
prepara para receber os torcedores nacionais e
estrangeiros na Copa Mundial de Futebol!
A
culpa não é dos garis, é do prefeito que paga salários
miseráveis a quem, até de madrugada, vem recolher
lixos das ruas. Uma função altamente relevante
ao funcionamento da cidade, tanto quanto outros
abnegados, como os bombeiros. Os últimos governos têm
tratado mal seus bombeiros, seus garis e um dos piores
descasos de que são vítimas estes últimos, repito,
são, para mim, os vencimentos que
a prefeitura lhes dá.
O
bom governante, responsável, é aquele que fica
atento às condições de trabalho de seus funcionários,
de seus servidores em todos os setores da máquina
administrativa. Pagar o que pagam a esses homens
é abastardar-lhes a dignidade de funcionários, é
esquecer que têm famílias e precisam viver
com dignidade.
Esta censura faço a todos os níveis de governaça: municipal, estadual e federal. O Brasil provavelmente seja um dos países que pior remuneram alguns setores da máquina do Estado, ao passo que mantém, no Congresso, burocratas cm salários de marajás.
Esta censura faço a todos os níveis de governaça: municipal, estadual e federal. O Brasil provavelmente seja um dos países que pior remuneram alguns setores da máquina do Estado, ao passo que mantém, no Congresso, burocratas cm salários de marajás.
Ao
saber que A própria Justiça do Trabalho
considera a greve dos garis uma ação ilegal me parece
uma atitude de covardia para com os humildes
garis cariocas. Mas, os juízes do trabalho ganham
altos salários, não têm problemas de sobrevivência,
de aperturas financeiras, têm vida confortável e têm
poder. Os garis, não. Quem há de socorrê-los senão o
recurso extremo da paralisação a fim de chamar a atenção da
sociedade e principalmente da Prefeitura para os
aviltantes salários que lhe são pagos.
O
prefeito Eduardo Paiva está agindo autoritariamente,
demitindo sumariamente seus garis. É fácil para
ele que dispõe de regalias, viagens ao exterior,
ótimo salário e tantos outros benefícios do cargo. Não
é chamando de “delinquentes e vagabundos” a um grupo de
liderança grevista que o prefeito
vai conseguir indispor os cariocas contra os garis.
Não vá o prefeito Eduardo Paiva querer fazer carreira
política no estado do Rio de Janeiro maltratando e usando
agressões verbais incompatíveis ao seu cargo ao se dirigir
publicamente aos garis em greve. Um político trata
bem os seus servidores e os garis têm, ao longo dos
anos, provado o quanto são fundamentais e
vitais para a vida saudável do Rio de Janeiro. Os garis,
por conseguinte, merecem todo o nosso apreço.
Não
me venha o alcaide bon vivant dos
espaços londrinos, parisienses ou
nova-iorquinos, à custa do dinheiro público,
posar de grande moralista e bom administrador
que não é e está gastando rios de dinheiro
da prefeitura explodindo a Perimetral sem consultar a
população e, ainda por cima, provocando atualmente
transtornos sem precedente e caos no centro da cidade com
engarrafamentos diários, e confusões de linhas de
ônibus, atrasando os usuários de ônibus, de carros na
passagem pelo Centro do Rio e Janeiro em direção
`Zona Sul e vice-versa, ou, da mesma forma, em relação
ao subúrbio, Zona Oeste, Baixada Fluminense.
Resolva,
senhor alcaide, de imediato a situação dos garis
do Rio, reajustando-lhes os salários, não com
porcentagens de migalhas que não irão sair do lugar, mas com
um salário decenteque lhes permita viver
como cidadãos úteis que são à sociedade carioca. Faça
o mesmo com respeito a outras categorias, senhor
alcaide, se quiser mesmo, porque é ainda jovem, ser um
político digno da admiração do povo
carioca.
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