domingo, 22 de março de 2015

O ESSENCIAL FAZ A VIDA VALER A PENA

   
O ESSENCIAL FAZ  A VIDA VALER A PENA      
                                            
          Ferrer Freitas (*) 

Mário Raul de Moraes Andrade, amplamente conhecido  por Mário de Andrade, nasceu em  São Paulo, capital, em 9 de outubro de 1893, e lá faleceu em 25 de fevereiro de 1945, há 70 anos, portanto.  Foi poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta e um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação, em 1922, ano da realização da “Semana de Arte Moderna”,  de seu livro “Pauliceia Desvairada”, obra considerada um marco da literatura brasileira.  Merece ser registrado que a “Semana de 22”, como ainda é conhecido o movimento, contou  com a participação de expressivos nomes do “modernismo brasileiro”, além de Mário, a saber:  Oswald de Andrade, que não era seu irmão, como muitos pensam,  Menotti Del Pichia, Guilherme de Almeida, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral,  para citar os mais conhecidos.

Mas,  o que me fez lembrar de Mário de Andrade?  Para ser preciso, sem me perder em elucubrações literárias,  foi  a leitura recente de  texto   (não sei precisar se poesia ou prosa) dele, Mário,  a mim enviado  pelo mano Benedito Freitas,  poeta nas horas vagas, amplamente conhecido em Oeiras por “Armônio”    por conta  do nosso avô paterno, Benedito Amônico de Freitas,  conhecido de todos pela alcunha de Burane,  músico,  pintor e  tabelião  (foi titular  de cartório em Oeiras).   O texto, que me apraz reproduzi-lo abaixo, expressa austeridade  ímpar com o comportamento do  ser humano  que não atenta para  o passar  dos anos e permanece useiro e vezeiro em lidar com mediocridades.

“Contei meus  anos e descobri que tenho menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Então, já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero reuniões em que desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos cobiçando o lugar de quem eles admiram.
Já não tenho tempo para conversas inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas idosas, mas ainda imaturas.
Detesto pessoas que não debatem conteúdos, mas apenas rótulos!...
Quero viver ao lado de gente que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
Apenas o essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!”

É isso aí, “Armônio”!    

 (*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras   

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