Pomba dos
amores
Licurgo José Henrique de Paiva (1842 - 1887)
Por que te foste, pomba dos amores?
Por que nos
ermos me deixaste só?
Tiveste medo
de que eu te perdesse,
Ou que de um
tiro te arrojasse ao pó?
Pobre
pombinha! que no amor não cresces
Do caçador
perdido no teu lar!…
Que não
quisesses dar-lhe essa ventura
De na
solidão escutar!…
E foste
noutro bosque tão diverso,
Noutras
plagas gemer e suspirar;
Talvez que
nem te lembres mais da moita,
Onde à
sombra, de tarde, ias cantar.
Depois
daquele dia, assaz saudoso,
Em que
batendo as asas foste lá,
Por Deus!
mulher, que luto com a tristeza,
E cismo que
minh’alma é morta já.
Nem sei mais
quando é dia ou noite mesmo;
Pois tudo se
confunde em meu pesar;
Só sinto a
dor pungente da saudade,
Como um verme,
em meus seios se arrastar.
Por que te
foste, pomba dos amores,
Quando eu
mais quis ouvir-te gorjear?
Por que te
foste, em ermo abandonaste
O caçador
perdido no teu lar?
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