A CIDADE
Ivanildo di Deus
(professor e pesquisador da
história de Luzilândia)
Ao completar
126 anos que tornou-se emancipada politicamente do município de Barras,
Luzilândia, que já foi uma das mais economicamente importantes cidades do
Piauí, hoje maqueia-se, mais uma vez, para um evento festivo: um festival que
de longe traduz a verdadeira realidade sócio-econômica do município.
É assim, nos
postulados maquiavélicos: “se fazes um governo ruim, entretem, engana o povo
com festas para que sejam vendados seus olhos e ele não possa ver as mazelas,
as desgraças que a cidade esconde”.
Inexiste, no
âmbito do poder público municipal (diga-se “prefeitura”) alguma política
pública que vislumbre o desenvolvimento sócio-econômico e faça produzir riqueza
e renda para os munícipes e transforme novamente Luzilândia num dos municípios
piauienses mais destacados.
Num passado
não tão distante outros governantes municipais de visão desenvolvimentista,
como João José Filho,souberam lutar e empreender esforços para trazer aviação,
agências bancárias, fazer calçamentos, construir escolas e ensino superior,enfim,
trazer desenvolvimento e consequentemente, melhores condições de vida para os
luzilandenses.
Não é assim
hoje em Luzilândia e não é somente a crise econômica nacional e internacional
como se é alegado a priori; é, e deverasmente o é, a falta de visão
desenvolvimentista, a incompetência e o ingerenciamento das atuais gestoras
municipais que, ao longo de mais de uma década sequer ousaram construir um
metro de calçamento para melhorar a mobilidade e a vida daqueles munícipes
governados por elas, especialmente aqueles moradores nos bairros periféricos da
cidade.
Gilberto Gil,
renomado artista nacional e ex-ministro da Cultura do Governo Lula, canta
assim: “Nos barracos da cidade/Ninguém mais tem ilusão/Do poder da
autoridade/Em tomar a decisão”. Faltou decisão, ousadia, falta de visão e
compromisso com a coisa pública para construir/concluir obras com recursos
oriundos do Governo Federal (rodoviária, praça da juventude, climatização das
escolas, etc); faltou gestão para pagar o funcionalismo em dia, em especial
os(as) sofridos(as) professores(as) que entraram em greve devido a longos
quatro, seis meses, sem receberem pagamento... Por outro lado, obras alheias ao
interesse público são vistas construídas pelas gestoras e eventos festivos
caríssimos são realizados com recursos públicos, como shows musicais de
artistas famosos.
Não é
maqueando a cidade com eventos festivos e escondendo sua espúria realidade que
Luzilândia se desenvolverá sócio-economicamente; só o será com a elaboração e
realização de políticas públicas que lhe possibilitem isso e dignifique a vida
dos luzilandenses.
Sobre ainda os
postulados maquiavélicos, o cantor seresteiro Zezo vem e vai cantar para
Luzilândia assim: “É a cidade esburacada/O povo dizendo ai/Invento uma
micareta/E o sofrimento se esvai”. Deus ilumine-te, querida Luzilândia!
Cubra-te o céu com o seu manto azulado e que acendam-se as centelhas do fogaréu
por dias melhores!
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