Antônio de Moura Fé
Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
Com fulcro em informações
documentais pode-se asseverar que foi Antônio de Moura Fé, o primeiro de sua
geração a fixar residência no Piauí, ainda na primeira metade do século XVIII.
Colonizador português,
estabeleceu-se com fazenda de criar na ribeira do Itaim, onde adquiriu por
compra a Francisco da Silva Ribeiro, que a povoou, a fazenda o Buraco, com
engenho e roça, medindo meia légua de comprimento e cem braças de largura. Essa
informação data de 16 de novembro de 1762, numa relação de possuidores de
terras elaborada pelo desembargador Francisco Marcelino de Gouveia. Porém, a
fazenda foi adquirida bem antes.
O pioneiro Antônio de Moura Fé
casou-se com Eugênia de Moraes Rego, descendente de outros pioneiros da
colonização e deixou grande descendência. Foi primogênito desse casal Maximiano
de Moura Fé, casado com Josefa Borges Leal; depois de casado permaneceu
residindo com a esposa na companhia dos pais, onde ainda moravam o enjeitado
Antônio, três escravos e duas escravas; em outra casa situada na mesma fazenda,
morava a segunda filha do casal, Maria de Moura Fé, casada com Mathias Borges
Leal, os filhos destes, Victor e Eugênia(homenagem à avô materna), assistidos
por um escravo e três escravas; numa segunda casa situada na mesma fazenda,
residia o terceiro filho do casal, Leonardo de Moura Fé, casado com Maria
Borges Leal, àquela época com um único filho, Antônio de Moura Fé (homenagem ao
avô paterno), ajudados por um escravo e duas escravas. São esses os pioneiros
da família Moura Fé, no Piauí. Leonardo e Maria teriam outros filhos, conforme
consta nos livros de batizados de Oeiras e na excelente reconstituição de sua
árvore genealógica, pela professora Iracilde Maria de Moura Fé Lima, que
descende de um seu irmão.
Interessante é que os três filhos do
casal Antônio/Eugênia casaram com três membros da família Borges Leal, de forma
que todo Moura Fé é também Borges Leal. Eram os três consortes filhos de
Antônia Vieira da Rocha e de seu marido, cujo nome não consegui encontrar. Ao
tempo em que foi finalizado o referido documento era já viúva, Antônia Vieira
da Rocha, residindo na fazenda Engano. Porém, em outra parte do mesmo documento
há referência ao falecido Francisco de Barros Rocha, que muito suspeitei ser
seu falecido consorte. E esta suspeita muito aumentou porque na mesma ribeira,
fazenda Sambaíba, residia Ponciana Vieira de Sousa, que penso ser sua irmã,
viúva de Victor de Barros Rocha, que penso ser irmão do aludido Francisco. E naquele
tempo era comum o entrelaçamento de famílias repetindo casamentos entre
diversos membros, sobretudo irmãos. Victor e Ponciana, tinham os filhos Victor,
André, Miguel e Manoel. Porém, a professora Iracilde Maria de Moura Fé Lima, em
seu interessante livro De Moura a Moura
Fé, diz que a esposa de Leonardo de Moura Fé era filha de Félix Borges
Leal, sem indicar a genitora. Em sendo assim seria este o esposo de Antônia
Vieira da Rocha.
Seja como for, Antônia Vieira da
Rocha possuía, além dos três indicados filhos(não encontrei registro disto,
assim acreditando em face do apelido familiar), mais os seguintes(neste caso,
há registros de quase todos): 1. Francisco Borges Leal, casado com Caetana
Vieira, residia com a mãe na fazenda Engano; 2. Manoel Borges Leal, idem; 3.
Félix Borges Leal(seria o segundo do nome), proprietário da fazenda Gravatá,
que foi povoada por seu falecido pai, diz o documento; 4. Leonor Borges Leal,
casada com João de Aragão; 5. Marcolino Borges, casado com Rosa Maria da
Conceição; 6. Adriano Borges, residente na fazenda Guaribas; e, 7. Hortêncio
Borges, residente na fazenda Guaribas.
Diante desses fatos, pode-se
concluir que Leonardo de Moura Fé não nasceu em Portugal, e sim na fazenda
Buraco, no termo de Oeiras; que Maximiano de Moura Fé não era seu filho e sim
irmão mais velho; que o pioneiro da família é Antônio de Moura Fé, o português
aqui chegado; por fim, que o marido de dona Antônia Vieira da Rocha, possa, de
fato, ser um primeiro Félix Borges Leal, vindo com o tio Antônio Borges Marim,
este provavelmente natural de Vila Marim, concelho de Vila Real, em Portugal.
Ficam essas notas como colaboração ao esclarecimento das origens dessa
importante família piauiense.
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