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Buriti dos Lopes
Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
A história da cidade de Buriti dos Lopes data de princípio do século XVIII, quando ali se estabeleceu nas margens do riacho Buriti, o português Francisco Lopes, fundando fazenda de criar que passou a denominar-se Buriti dos Lopes.
Com a sua morte foi sucedido na posse da terra e administração da fazenda pelo filho José Lopes da Cruz, que já não existia em 16 de novembro de 1762, quando o desembargador Francisco Marcelino de Gouveia elaborou minuciosa relação de todos os possuidores de terra do Piauí.
Esse José Lopes da Cruz, segundo senhor da fazenda, fora casado com dona Florência de Monserrate Castello Branco – irmã do tenente-coronel João do Rego Castello Branco, de cujo consórcio deixara nove filhos. Depois de viúva ela convolaria segundas núpcias com João Fernandes Rodrigues de Queiroz. Era filha de João Gomes do Rego Barros, capitão-mor de Parnaíba e de sua segunda esposa Maria de Monserrate Castello Branco, esta filha de D. Francisco da Cunha Castello Branco e Maria Eugênia de Mesquita, portugueses radicados em São Luiz do Maranhão(ela faleceu em naufrágio nas costas do Maranhão, durante a mudança). Esta fazenda embora pertencesse ao pai de José Lopes da Cruz, que a povoara, somente teve a data de sesmaria confirmada anos depois a pedido da nora e viúva, respectivamente.
Além da fazenda Buriti dos Lopes, José Lopes da Cruz bem administrou essa herança paterna, ampliou seu patrimônio e tornou-se um abastado fazendeiro e grande latifundiário, adquirindo outras fazendas, a saber: Espírito Santo de Baixo, comprada a Lourenço Ferreira Gomes e este a Manuel de Abreu de Mello; Pirangi, com data confirmada em 8 de maio de 1728, a requerimento da viúva; São Vicente, nas margens dos rios Longá e Parnaíba, com data confirmada pela segunda vez em 20 de junho de 1750, a requerimento de José Lopes da Cruz, tendo-lhe sido concedida pela primeira vez em 1728 e não fora registrada por descuido do beneficiário.
A fim de bem esclarecer a sucessão dos proprietários e administradores da fazenda, transcrevemos na íntegra as notas do aludido desembargador: “Os ditos herdeiros e filhos do mesmo José Lopes da Cruz, que são nove, possuem a fazenda chamada o Buriti dos Lopes, que tem meia légua de comprimento e légua e meia de largura, a qual lhes tocou por falecimento do dito seu pai, tendo sido antes de seu avô, que a tinha povoado. Desta fazenda, em que todos os ditos herdeiros conservam gados, cada um com sua divisa, sendo este o modo porque costumam haver muitos possuidores em uma só fazenda, há data confirmada a requerimento da dita Dona Florência”.
Mais tarde, na sucessão do pai, tornou-se benemérito do lugar um seu filho e homônimo, José Lopes da Cruz, o moço, que mandou construir a capela de Nossa Senhora dos Remédios, hoje igreja-matriz da cidade. Este filho foi promovido do posto de alferes para o de capitão da 7ª Companhia do Terço de Infantaria Auxiliar do Piauí, em 25 de abril de 1794, falecendo somente em 1846. Foi casado com sua prima Francisca Maria Lopes de Jesus, de quem houve onze filhos, inclusive um homônimo do pai e do avô e Luiz Demétrio Castello Branco, casado com a sobrinha Ângela de Monserrate, filha do terceiro José Lopes da Cruz, que também se destacaram como beneméritos do lugar.
A memória histórica de Buriti dos Lopes guarda o nome de Ângelo Antônio Lopes(1749 – 1839) como sucessor do pioneiro Francisco Lopes. Todavia, não é o que confirma a documentação história ora revelada. Este fazendeiro, que fora assassinado pelos Balaios em 1839, aos 90 anos de idade deve ser um dos nove filhos de José Lopes da Cruz, o velho. Portanto, neto do primeiro povoador do lugar e, assim, irmão do antecedente.
Na segunda metade do século XIX, Buriti dos Lopes já era um povoado promissor, sendo criado o distrito e a paróquia pela Resolução nº 533, de 13 de junho de 1864, esta última sob a invocação de Nossa senhora dos Remédios.
Foi elevado à categoria de vila e município pela resolução estadual n.º 15, de 2 de agosto de 1890, desmembrado de Parnaíba, com instalação oficial em 1º de dezembro do mesmo ano.
Todavia, pela lei estadual n.º 428, de 27 de junho de 1907 foi criada a comarca passando a vila de Buriti dos Lopes a denominar-se Baixo Longá. A comarca foi suprimida pela lei estadual n.º 595, de 1º de agosto de 1910, retomando a antiga denominação pela lei estadual n.º 641, de 13 de julho de 1911.
Foi o município de Buriti dos Lopes extinto pelo decreto estadual n.º 1279, de 26 de junho de 1931, sendo o seu território reanexado ao de Parnaíba. Felizmente, teve a sua autonomia restabelecida pelo decreto n.º 1478, de 4 de setembro de 1933. E pelo decreto estadual n.º 147, de 31 de dezembro de 1938 foi a vila elevada à categoria de cidade. É esta uma despretensiosa contribuição ao esclarecimento de sua história.
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