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Oeiras
J. Ribamar Matos (1946 – 1974)
Do fundo do meu tempo encarcerado
emerge intacta a vida inconsequente
do menino de rua – impenitente
ladrão de umbus de Santa do
Condado;
o Sobrado, com grande catavento,
Lembrava estórias de lhe meter
medo:
– estórias de fantasmas, cujo
enredo
deixava-o todo num estremecimento;
as ruas tortuosas, muito escuras,
com seus imensos casarões vetustos
e o cemitério, onde a tremer de
sustos,
via almas brancas pelas
sepulturas;
e a torre solitária da Matriz
erguida para o céu (como se fosse
a presença de Deus, serena e
doce,
na alma do povo simples e feliz);
e o Mocha de água turvas que,
perplexo
testemunhou primeira vadiagem
do molecote impúbere, selvagem,
mal despertando pro prazer do
sexo;
Igrejas do Rosário e Conceição,
poço do Silva, praça do Mercado,
ruas do Fogo e do Hospital,
Condado,
Canela, Barro Alto, Boqueirão,
tudo emerge do fundo da memória
do menino que a vida endureceu...
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(Oeiras, meu torrão de amor e
glória,
saúda-te o menino que sou eu!)
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