HINO AO SETE DE ABRIL
Ovídio Saraiva (1787 – 1852)
Os bronzes da tirania
já no Brasil não rouquejam.
Os monstros que os escravizam
já entre nós não vicejam.
Da Pátria o
grito,
eis se
desata,
desde o
Amazonas
até o Prata.
Ferro e grilhões e forças
de antemão se pregaram;
mil planos de proscrição
as mãos dos monstros gizavam.
Da Pátria o
grito...
Amanheceu finalmente
a liberdade no Brasil;
Ah! não desça à sepultura
o dia sete de abril.
Da Pátria o
grito...
Este dia portentoso
dos dias seja primeiro,
chamemos rio de abril
o que é Rio de Janeiro.
Da Pátria o
grito...
Arranquem os nossos filhos,
nomes e ideias dos lusos,
monstros que sempre em traições
nos envolveram, confusos.
Da Pátria o
grito...
Ingratos à bizarria,
invejosos de talento,
nossas virtudes, nosso ouro
foi seu diário alimento.
Da Pátria o
grito...
Homens bárbaros, gerados
do sangue judaico e mouro,
desenganai-vos, a Pátria
já não é vosso tesouro.
Da Pátria o
grito...
Neste solo não viceja
o tronco da escravidão;
a quarta parte do mundo,
as três de melhor porção.
Da Pátria o
grito...
Avante, honrados patrícios,
não há momento a perder,
se já tendes muito feito,
idem mais resta a fazer.
Da Pátria o
grito...
Uma prudente regência,
um monarca brasileiro
nos prometiam, venturosos,
o porvir mais lisonjeiro.
Da Pátria o
grito...
E vós, donzelas brasileiras,
chegando de mães ao Estado
dai ao Brasil tão bons filhos
como vossas mães têm dado.
Da Pátria o
grito...
Novas gerações sustentem
do povo a soberania,
seja isso a divisa delas,
como foi de abril um dia.
Da Pátria o
grito,
eis se
desata,
desde o
Amazonas
até o Prata.
(*) Consta ser a letra de um primeiro Hino da Independência
do Brasil, com música de Francisco Manoel da Silva, em homenagem a Dom Pedro I.
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