Encantos e lucubrações de Évora
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Hormônios da
sexualidade disparam, muito cedo, mal despontam as protuberâncias físicas do
erotismo. Qual jovem não viveu momentos de
intensa excitação? “Eram duas horas da madrugada quando Marcos Mendes de
Azevedo acordou com sede. Dirigiu-se à
cozinha, onde ficava a geladeira. No percurso, notou que o quarto das irmãs
estava com a porta entreaberta e com a lâmpada elétrica ligada... Viu, então,
expostas na rede, as roliças e rijas coxas de Neusa, a empregada, entreabertas.
Eram brancas, grossas, firmes, e deviam ser macias... dourada penugem as
recobria...deveriam ser suaves e agradáveis ao tato, principamente se tocadas
com as pontas dos dedos... em seguida, com o coração em disparada...olhar o que
estava acima das coxas...e viu o que procurava...” As reticências são minhas.
Nessa curta
passagem do primeiro capítulo do romance, HISTÓRIAS DE ÉVORA, do poeta,
contista, juiz aposentado, membro da Academia Piauiense de Letras, Elmar
Carvalho. HISTÓRIAS DE ÉVORA, romance de Elmar Carvalho, poeta, juiz
aposentado, membro da Academia Piauiense de Letras. Elmar, craque no português
enxuto, na sensibilidade poética e análise do caráter humano. Elmar seduz e
amarra o leitor até o fim.
Por que Évora?
O título fantasioso evoca a cidade
portuguesa de Évora, um nincho de antiquíssimas torres e fortalezas da
Antiguidade e Idade Média, ainda preservadas. que despertam a imaginação de artistas,
poetas e contistas, através de visões oníricas, espantalhos e bruxas. Elmar
mergulha nos fantasmas e vivências de sua mocidade e tempo de magistrado, em
várias cidades piauienses: “A minha Évora é uma cidade fictícia, uma mistura de
Parnaíba e Campo Maior dos anos 70 e 80, com pitadas de outras cidades, ligado
por laços sanguíneos e sentimentais”.
Ficcionista primoroso e prudente, substitui nomes reais pela fantasia.
Diferente de Assis Brasil, que romanceou sua terra natal, Parnaíba, e sofreu
rejeição da elite local. Hoje, o notável escritor responderia,
judicialmente, a cidadãos-personagens
envolvidos e ofendidos nas tramas de safadezas e prostituição, em BEIRA RIO,
BEIRA VIDA e a A FILHA DO MEIO QUILO, especialmente.
Quem conhece o
cidadão Elmar Carvalho há de vê-lo em dois personagens. Preservando a
privacidade do autor, deixo por conta dos leitores identificá-los.
O gênero
romance exige importantes elementos: cosmovisão do tempo cronológico, isto é, a
longa trama da vida de 8 a 80 anos, mais ou menos; riqueza de personagens, as
mais variadas, em idade, virtudes, defeitos, condições e convicções sociais e
filosóficas; variedade de dramas, todas as narrativas devem orbitar em torno de
um tema central; variedades de espaços geográficos; riqueza de diálogos. Enfim,
romance é a biografia da vida em forma de ficção: qualquer semelhança, mera
coincidência. HISTÓRIAS DE ÉVORA, não romance, mas novela, cuja ação se
desenrola em alguns meses. Termina a novela, as personagens continuam a vida,
casando-se, se separando-se, matando-se, sem a decrepitude das cãs e pele.
Aviso aos educadores tradicionais: HISTÓRIAS DE ÉVORA não é
indicada a crianças e adolescentes. Leiam os capítulos 1 e 3 e 13, por exemplo,
e tirem suas convicções.
TESTE: PARA DESCOBRIR A ATENÇÃO DOS LEITORES, COMETI,
PROPOSITADAMENTE, UMA FALHA GRAMATICAL GRAVE. TENTE DESCOBRI-LA. INTERAJA,
ENVIANDO-ME SUA RESPOSTA. GRATO.
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