Meu caro mestre Elmar,
Foi quase de uma sentada só, de um único folego que li seu
livro Histórias de Évora. Acredito que
seu primeiro romance, visto que de sua lavra conheço ensaios, contos e poesias.
Foi sem dúvida uma bela estreia, merecendo todas as congratulações pela iniciativa
e mais ainda pela criatividade.
Como você mesmo confessa a obra contém certas histórias
vividas pelo autor, por amigos e outras concebidas pela imaginação criadora,
todas elas adaptadas ao contexto pretendido.
Confesso que Histórias de Évora me levaram à juventude vivida
em minha Floriano, nada diferente da sua cidade fictícia, iguais às nossas do interior.
Recordei várias passagens vividas por mim e amigos daquela época, alguns dos
quais perdi o contato ao longo da vida, mas que agora vieram à mente com o
gosto da saudade.
Relembrei a retreta dominical na praça Sebastião Martins,
sempre sob a batuta do Mestre Eugênio. As salas de aulas do Educandário Santa
Joana D’Arc e do Ginásio Santa Teresinha e assim muitos professores a quem devo
os primeiros passos de minha formação. Foi fácil voltar à memória o Bar São
Pedro, a Sertã, o Flutuante, que ainda sobrevive. Seu livro também me fez
recordar o Bumba meu Boi que Né Preto comandava no mês de julho e terminava
sempre nas margens do rio Parnaíba, onde o boi ia beber água. Foi ótimo relembrar
os carnavais com os blocos Os Piratas, Os Malandros, o Bota pra Quebrar, Os
Pilantras, onde todos se divertiam sadiamente visitando casas familiares
previamente selecionadas para ali cantar, tocar, comer e beber por conta da
gentileza dos anfitriões. Foi muito bom voltar à memória a nossa “Zona
Planetária” onde pontuavam o Maracangalha, a Eva, a Pretinha, todos fazendo
parte do complexo Pau num Cessa.
Creia-me meu caro poeta, Histórias de Évora foi uma leitura gostosa
em muitos sentidos, mas confesso o saudosismo, aquele que nos traz de volta a
vivências agradáveis, foi o sentido maior.
Parabéns, meu caro mestre. Estou ansioso pela próxima obra
que com certeza já está na forma.
Seu sempre admirador
Cristóvão Augusto de Araújo Costa
(*) Carta internética (e-mail) enviada pelo autor, após a
leitura de Histórias de Évora, romance de Elmar Carvalho. Cristóvão Augusto é
servidor público federal aposentado e é um dos editores da Coleção
Florianenses, importante periódico publicado pela Fundação Floriano Clube.
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