Autor: Amaral. Acervo de Cineas Santos |
Autora: Elmara Cristina |
O goleiro e o Gato
Elmar Carvalho
Joguei futebol até os dezoito anos de idade, sobretudo na
posição de goleiro, mas também atuando, algumas vezes, na lateral e na ponta
direita. O trabalho e meus estudos me impediram de continuar praticando o
esporte bretão. Depois, só muito esporadicamente voltei a jogar, mormente após
ingressar na magistratura, no time de nossa associação – AMAPI, por um curto
período.
Praticamente havia esquecido essa minha faceta esportiva,
quando, muitos anos depois, o professor Zé Francisco Marques me disse que eu
havia sido um bom goleiro. Como eu lhe tenha dito que já pouco me lembrava de
minhas atuações goleirísticas, o Zé Francisco escreveu a crônica “Quem te
ensinou a voar?”, que muito me comoveu, na qual descreveu as minhas principais
características e uma de minhas defesas. Foi um ato de generosidade, mas o fato
é que esse texto se encontra publicado em meu livro “O Pé e a Bola”, assim como
na internet.
Portanto, foi motivo de agradável surpresa e regozijo, o
Gato, famoso e respeitado árbitro do futebol teresinense, na última comemoração
natalina da AMAPI, me haver dito que eu fora um bom goleiro. Ele me viu jogando
em algumas disputas do time amapiano. Como eu lhe tenha indagado se falava com
sinceridade, ele não só confirmou o que dissera, como ainda descreveu uma
“ponte” que fiz para defender um chute do adversário.
Olhou para o campo de futebol, que fica perto de nosso clube
social, e apontou para a trave em que eu praticara a defesa. Confesso que
fiquei extasiado, no momento em que ele acrescentou que até perguntou se eu
havia sido goleiro profissional. Alguns colegas magistrados presenciaram essa
conversa, embora possam não ter ouvido o seu conteúdo, em virtude do som
musical muito alto.
Eu tinha em torno de cinquenta anos, e foi nessa época que
deixei de jogar para sempre, com exceção de uma última partida, que fiz em
Regeneração, em que, segundo os presentes, atuei muito bem. Nessa derradeira
partida, modéstia às favas, fiz algumas ótimas defesas. Essa minha última
atuação como golquíper foi relatada na crônica “Despedida de goleiro”, que
também se encontra postada na internet.
Pelo que o amigo e grande árbitro Gato me relatou, a minha
defesa pode ser considerada, sem nenhuma falta de modéstia, como uma bela
“ponte”, mas não uma ponte qualquer, porém uma legítima e deslumbrante ponte
estaiada. Valeu, grande Gato! Muito obrigado.
Legal, meu caro. Na vida, também isso importa. E muito. A existência de testemunhas pelos feitos que deixamos realizados. Triste do homem que não pode olhar para trás e, ele mesmo, admirar os seus bem-feitos. Não se trata de orgulho no sentido tacanho do termo, mas um sentimento que nos estimula a prosseguir praticando as boas obras e combatendo o bom combate!
ResponderExcluirMeu caro Dom José Pedro,
ResponderExcluirAinda bem que você acreditou.
Mas você acreditou numa verdade, e não numa mentira (embora, às vezes, eu possa, empolgado, exagerar um pouquinho, o que não foi o caso).
Muito obrigado por suas boas palavras.
Abraço,
Elmar