Tota Pulcra
Celso Pinheiro (1887 – 1950)
Frágil aranha tênue de tecidos,
Ela se foi num breve sonho alado,
O vestido tecer de seu noivado
No tear azul dos céus enternecidos...
Nem dolências, nem mágoas, nem gemidos
No coração mimoso e sem pecado!
Unge-lhe a fronte o doce acetinado
Dos lírios puros, mádidos, doridos!...
As frias mãos cruzadas sobre o peito,
Dão-lhe o aspecto e o delicado jeito
Da Senhora terníssima das Dores!
Ai, como é linda a rútila quimera!
Lá vai no esquife azul da Primavera,
Conduzida por pássaros e flores!...
(Poesias, 2ª ed. Academia Piauiense de Letras, 2015)
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