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Queixas
José Henrique Licurgo de Paiva (1842 - 1887)
Não me queixo dos outros só
gozarem
Os prazeres do mundo encantador,
Nem maldigo a ninguém, de inveja
infame,
Por no baile inspirar a muito
amor.
Não me queixo da vida que outros
levam,
Nem de nunca num baile delirar;
Não me queixo! Talvez até dou
graças!
Gosto mesmo já pouco de bailar!
Só me queixo do fado que me
segue,
Negro fado, meu Deus! Que não tem
fim!
Que me arranca na vida as longas
penas
Da esperança gentil do serafim.
Não me queixo, meu Deus! Do mundo
inteiro
Ser feliz, quando eu sofro em
solidão!
Não me queixo! Só sinto é que,
tão moço,
Viva em gelo meu pobre coração!
Dá, Senhor, que esta vida não
perdure,
Que eu não morra no ermo a que me
impus;
Seja embora depois sacrificado,
Chore ao peso depois de imensa
cruz!
“Na escarpa de um morro bem deserto,
ResponderExcluirA paz da viração da gente ingrata,
De murtas povoado;
Eu quero que meu leito seja aberto
Descansem meu corpo democrata
Na vida abandonado.”
(L. de Paiva)
Licurgo, grande poeta piauiense, foi encontrado morto em uma estrada no antigo termo de Jerumenha.
Caro Acoram,
ResponderExcluirEm meu discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, tive a oportunidade de dizer sobre ele que é o patrono de minha cadeira de nº 10: "Licurgo José Henrique de Paiva, cuja carreira literária foi inicialmente tão auspiciosa, tão plena de esperança, foi depois gradativamente declinando até o seu trágico e melancólico crepúsculo, através de uma série de vicissitudes, em sua vida particular e profissional, sobretudo ocasionadas pela dipsomania, que frustrou todos os bons augúrios com que os astros lhe acenavam. Na derrocada final do sol negro da desgraça, terminou sendo enterrado numa sepultura por muitos considerada ignota, em lugar remoto do Piauí. (...) O acadêmico, advogado e valoroso pesquisador de nossa história Reginaldo Miranda, referindo-se à sepultura de Licurgo, conta-nos que o vate, do alpendre da casa-grande da fazenda Santo Antônio, em que se encontrava em busca de cura para a tuberculose que o consumia, apontando para um morro que havia em frente, pediu fosse sepultado no seu cume. O seu anfitrião lhe fez ver que não seria possível tal escalada fúnebre. Licurgo pediu então para ser enterrado à sombra de uma frondosa pitombeira que até pouco tempo existia."
Abraço,
Elmar
Licurgo José Henrique de Paiva escolhido como Patrono da Cadeira nº 10; cadeira que teve como seu 1º ocupante o eminente poeta Celso Pinheiro. Depois, sucessivamente, Monsenhor Antônio Monteiro de Sampaio, o 2º; Como 3º, o grandioso escritor e poeta H. Dobal. Hoje, a Cadeira é ocupada por um dos maiores poeta piauiense da atualidade, o ilustre beletrista Elmar Carvalho, autor do romance “Histórias de Évora” e dos livros de poesias “Rosa dos ventos gerais” e “Lira dos Cinquentanos”.
ResponderExcluirEssas foram minhas considerações finais de uma crônica que escrevi em homenagem a esse grande poeta piauiense, com o título LICURGO DE PAIVA, A DESVENTURA DE UM BRILHANTE POETA, que tive a honra de ser publicado aqui no seu blog e também em Folhas Avulsas.
Mestre Acoram,
ResponderExcluirSeu comentário acima me desvaneceu, como diriam os doutos e apedeutas (palavra divulgada pelo grande Carlos Said, em seus antológicos comentários na Rádio Pioneira de Teresina, nos áureos tempos do futebol piauiense). Valeu!