Ribamar e sua filha Samantha, na Argentina |
A saudade e a morte de Ribamar
Elmar Carvalho
Fui ao cemitério Recanto da Saudade, para participar da cerimônia
de sepultamento do juiz de Direito José Ribamar Oliveira Silva (19/03/1961 –
15/12/2022).
Sem desejar fazer trocadilho com o nome do campo santo, mas
Ribamar deixou saudade. Senti isso na tristeza e mesmo no choro de vários de
seus amigos e familiares, que lá se encontravam e participaram da cerimônia
religiosa e do sepultamento propriamente dito.
Antes da chegada do cortejo, conversei com o amigo Raimundo
Nonato de Carvalho Teixeira, servidor aposentado da Caixa Econômica Federal e
professor de Química, no ensino médio. Nonato é amigo de infância do Ribamar;
revelou-me que ambos eram “irmãos de leite”, pois um tomou do leite vertido
pela mãe do outro, reciprocamente. Esse leite materno parece ter reforçado e
consolidado a amizade, porquanto se mantiveram amigos durante todos esses
longos anos.
Disse-me o Nonato que o Ribamar tinha uma inteligência
prodigiosa, uma vez que aprendia com extrema facilidade, sem necessidade de
longas e exaustivas horas de estudo. Passou em importantes concursos. Aprendeu
inglês como autodidata, ou por conta própria, sem auxílio de professor.
Ao assumir seu cargo de juiz, permaneceu do jeito que sempre fora,
sempre humilde e sem empáfia. Seu comportamento e atitudes perante seus velhos
amigos permaneceu inalterável, sem nenhum tipo de presunção.
Conheci Ribamar quando assumi a Comarca de Ribeiro Gonçalves,
como seu titular, no ano 2000. Nessa época o ônibus da empresa Princesa do Sul
tinha sua agência defronte ao Fórum de Uruçuí, cujo juiz era o José Ribamar
Oliveira Silva.
No retorno a Teresina, vindo de Ribeiro Gonçalves, demorava
cerca de duas horas nessa agência, para prosseguir na viagem. Então, algumas
vezes, fui ao fórum onde sempre recebi uma afetiva acolhida do Ribamar, sempre
bem-humorado e risonho. Aliás, o seu filho Rodrigo, conversando com um amigo,
perto de onde eu me encontrava, ressaltou essa sua característica.
A Samantha, filha do Ribamar, pranteou muito a sua morte,
tendo chegado a sofrer um desmaio perto da cova, mas felizmente foi bem
amparada e reconfortada por suas parentas e amigas.
No final, quando me dirigia a meu carro, encontrei na
alameda, sob a sombra densa de uma copada mangueira, o advogado Antonio Liborio
Sancho Martins, que dirigia palavras de conforto e resignação à Samantha. Parei
perto, pois pretendia entregar um livro de minha autoria ao velho amigo Liborio,
que estava sem chapéu, não sei por que mistério, mas talvez em respeito à
solenidade da morte e a esse tipo de cerimônia.
Quando o nobre causídico encerrou suas palavras, eu disse à
filha do Ribamar: “Seu pai já está, neste momento, num lugar muito melhor do
que este nosso”. E creio mesmo isso seja verdade, porque acredito nas palavras
de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando ele disse, de forma peremptória, que na
casa de seu pai havia muitas moradas.
No caminho até meu carro, o Dr. Liborio me contou que o
Ribamar dizia não temer a morte. Creio que ele teve uma morte rápida, sem muito
ou nenhum sofrimento, e sem temor. E isso é uma grande graça, que poucos
alcançam.
Parabéns, poeta pelos seus belos escritos sobre o nosso querido José de Ribamar! Hoje, particularmente me sinto bastante triste com esta notícia. Também o conheci há muitos anos, quando éramos jovens estudantes…
ResponderExcluirNão pude identificar o amigo, mas posso dizer que fiquei feliz e honrado com seu comentário, ainda mais porque você e ele foram amigos nos tempos juvenis e como colegas de escola.
ResponderExcluirO José, Zé, Ribamar ou até Dr José Ribamar como muitos o conheciam foi um cara extremamente amigo. Hoje agradeci a Deus por tê-lo conhecido, pois não tecia esforços em ajudar ao próximo sem.nada em troca. Também creio que ele está a lado do Pai.
ResponderExcluirÉ verda Antônio sou cunhada e amiga desse ser inesquecível , que não media esforço para ajudar o próximo . tou muito triste pós moro em São Luis e não pude me despedir do meu cunhado que eu tanto estimava😔
ExcluirBelíssima homenagem, digna de um grande escritor. Sou sobrinho do Ribamar, estive no velório e percebi sua presença, admirado com sua postagem em seu blog, compartilhei com minha namorada e ela logo lembrou de sua Obra: Noturno de Oeiras e outras Evocações, que inclusive lhe foi usada por ela em algumas citações em sua tese de Mestrado em Literatura Piauiense.
ResponderExcluirBela homenagem ao Dr. José Ribamar, não o conheci, mas só pela foto dá para perceber que era uma pessoa risonha e humilde. Que descanse em paz e com certeza estar em um lugar melhor que o nosso.
ResponderExcluirConheci o Ribamar em 1987, em Bom Jesus, durante a eleição em que o Alberto Silva sagrou-se vencedor. Ele, promotor de justiça, eu, advogado. Depois passamos no mesmo concurso para a magistratura e nossos laços de amizade se estreitaram. Tinha uma gargalhada escancarada, eu diria! Grande amigo! Infelizmente partiu antes do esperado. Vc fez uma bela homenagem a esse bom amigo e colega, grande poeta!
ResponderExcluirÉdison Rogério
Parabéns, Elmar, por suas palavras ao nosso saudoso colega Ribamar! Ele era mesmo muito humilde e gostava muito de sorrir! Que ele esteja contemplando a face do Senhor Deus!
ResponderExcluirMuito obrigado a todos pelos comentários, que acrescentaram detalhes à minha crônica.
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