GUARITA
Elmar Carvalho
No bairro
da Guarita
sem guarita
sem guarida
e sem nada
fiquei sentindo
o cheiro de podre
de seu mercado
marcado
de bancas
e pessoas
no trabalho
na luta/labuta
como formigas
em formigueiro.
Vi peixes
minguados
rodeados de
pessoas pobres
que esperavam
uma nova
multiplicação
de peixes
oh! como tardas,
ó revolução.
Vi tomates
vermelhos
brilhando
ao sol
refletidos
nos olhos
das pessoas
que espiavam com fome
que espiavam sem dinheiro.
Vi expostas
postas de
carne
sangradas sangrando
borrifando vermelho
em estranha
pintura
surrealista.
No bairro
da Guarita
na zona do meretrício
vi profissionais
como mendigas
porque a necessidade
é bem maior
que o ganho.
Na praça
da Guarita
num comício do povão
vi que o povo tem fome
mas o povo quer comer
vi que o povo
tem sede
mas o povo quer beber.
Na praça da
Guarita
sem guarita e sem guarida
a guarita
é o povo
na guarita do poder.
Pba. 19.01.81
Belo poema mestre!
ResponderExcluirUm retrato escrito da miséria de um povo a margem sociedade vítima da ausência dos nossos governantes.
ResponderExcluirMuito obrigado, caros amigos.
ResponderExcluirUm retrato fiel do bairro descrito com sensibilidade poetica
ResponderExcluirBom dia amigo, morei no bairro e comprava mantimentos no Mercado da Guarita na época desse belo poema, meus ancentrais aportaram em um "pau de arara" na praça ao lado desse mercado nos anos 50 oriundos da Serra Grande.
ResponderExcluirEntão, caro Everardo, você conheceu bem esse bairro na época a que me refiro, o seu lado mais humilde. Valeu!
ResponderExcluirO pior é que tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.
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