Fonte: Google |
Benjamim Santos, o retorno
Elmar Carvalho
Em minha recente estada em
Parnaíba, visitei o teatrólogo e escritor Benjamim Santos. Mantivemos uma longa
conversa em sua residência, na avenida Presidente Vargas. Falei-lhe de meus
projetos na área literária, inclusive de que estou escrevendo dois livros em
meu blog, este Diário Incontínuo e o Arte-Fatos Oníricos e Outros.
Benjamim é filho de Benedito dos
Santos Lima, que criou o Almanaque da Parnaíba e o editou por vários anos; este
anuário, ainda em atividade, foi depois publicado sob a responsabilidade do
empresário Ranulpho Torres Raposo, do seu neto Manuel Domingos Neto (uma
edição) e é atualmente a revista da Academia Parnaibana de Letras, que já lhe
publicou várias edições, com alguma alteração na linha editorial.
O dramaturgo esteve muitos anos
afastado do Piauí. Arrebatou prêmios, teve peças montadas por importantes
companhias, escreveu livros e peças teatrais. Produziu textos que foram
encenados em grandes apresentações ao ar livre, sob o patrocínio da Prefeitura
Municipal e da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Destacam-se, entre esses espetáculos, Paixão de Cristo, Auto de São
Sebastião e Auto de Corpus Christi, que foram montados, durante vários anos, no
encerramento das procissões.
Pode-se, portanto, dizer que foi,
viu, venceu e... voltou. Voltou para o bem do Piauí e de sua Parnaíba. Tenho
observado em várias pessoas e em mim mesmo, que a partir da maturidade
começamos a sentir a vontade de regressar aos pagos de nossa infância e adolescência;
um verdadeiro chamado de sereia a que muitos não conseguem resistir. É como se
fosse a nostalgia de nosso entardecer, misto de saudade e encantamento.
Benjamim retornou, e como se
quisesse recuperar o tempo, não digo perdido, muito pelo contrário, mas não
vivido em sua cidade, começou a desenvolver um trabalho árduo e louvável em
prol da cultura parnaibana. Sem dúvida, foi dinâmico secretário municipal da
Cultura, promovendo eventos populares, incentivando o folclore, apoiando os
folguedos, sobretudo os juninos, especialmente a dança do boi, uma verdadeira
ópera popular, com todos os seus adereços, música, encenação, enredo e
personagens; entre as obras físicas criadas em sua gestão, merecem menção
especial o Museu do Trem e o Jardim dos Poetas.
Como pessoa física continua
estimulando a literatura, os brinquedos populares e o teatro. E graças a seu
esforço pessoal e perseverança, criou o jornal O Bembém, cujo título é uma
homenagem a seu pai, um dos mais importantes periódicos culturais do Piauí, já
com mais de trinta edições, o que é uma tarefa de invulgar merecimento,
mormente pelas dificuldades que certamente encontra para manter a sua
regularidade mensal.
Nesse jornal vem escrevendo
excelentes matérias literárias e em defesa da cultura e de todas as
manifestações artísticas. De maneira especial, registro a bela série de textos
que elaborou sobre notáveis mulheres parnaibanas, que bem poderia ser publicada
como um pequeno grande livro. Em seus trabalhos, mesmo os de caráter apenas
jornalístico, tenho notado que é um perfeccionista, com o seu estilo límpido,
fluente, escorreito, e sempre primando pelo bom conteúdo.
Encerrando, repito: Benjamim foi,
viu, venceu e... Voltou para ficar e empreender o inestimável trabalho cultural
que vem desenvolvendo.
4 de agosto de 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário